O Renascimento do Espiritismo

Vivemos a grande escuridão, novamente. Após o Espiritismo raiar na face da Terra como grandiosa luz que poderia nos lançar ao mais acelerado processo de renovação espiritual e moral humana, se espalhando com a velocidade de um raio, sofreu enorme revés e, então, passou a ser lentamente esquecido em suas proposta e verdadeira face originais. Vieram, então, as guerras, o grande desenvolvimento industrial, as enormes facilidades materiais, os enormes lucros e, por trás de grandes sorrisos falsos, de bonitas máscaras sociais, alegres e divertidas, se multiplicam as enormes dores e angústias que, não raro, encontram saída na desistência da vida e no suicídio direto ou indireto.

A humanidade clama. Há choro e ranger de dentes. Eis que, então, o inimaginável acontece e uma doença de facílima transmissão, embora de taxas de mortalidade relativamente baixas, se alastra por toda a superfície do planeta, levando entes queridos, vizinhos e conhecidos, pobres e ricos, em questão de poucas semanas – quase sempre, em menos de 20 dias. A humanidade se mostra, uma vez mais, ferida e vulnerável. O Espírito foi esquecido. A moral foi colocada de lado, como artigo de politicagem. Deus se tornou artigo de fé cega, quase sempre incompreendido e, embora presente em muitas línguas, vazias no coração.

As partidas de pessoas próximas abalam as famílias e os indivíduos. Um grande movimento se acelera: a busca por reaproximação com o espiritual, a busca por consolação, a busca por respostas. E eis que justamente nessa mesma época, começam a se avolumar, aos nossos olhos, grandiosos estudos e preciosas obras, por mãos dedicadas de irmãos entregues ao trabalho da Verdade, trazendo a nós a verdadeira face do Espiritismo e sua história, e grande e preciosa parte, até então incompreendida ou, então, desconhecida.

Vivemos, hoje, processo muito parecido com aquele vivido nos meados do século XIX, nos trazendo uma oportunidade mais uma vez extremamente grandiosa. Vejo e acredito que, como antes, vivemos grande chamamento de volta à espiritualidade. Multiplicam-se por todas as partes os fenômenos mediúnicos, inclusive os físicos, com vistas a chamar a nossa atenção. Como antes, passou a humanidade por gravíssima fase materialista, dando margem às grandes chagas do egoísmo e do orgulho, além de espaço à proliferação de todos os vícios e imperfeições, físicas e morais.

Nos foi dado a conhecer que o Espiritismo sofreu com diversas manipulações e desvios, às vezes criminosos, se não aos olhos da justiça humana, mas ao menos perante a justiça Divina. Letra e Movimento foram adulterados. O Espiritismo, após a morte de Kardec, perde a força gigantesca que vinha desenvolvendo e, com as guerras, encontra, no Brasil, guarida, para ficar em estágio semi-gestacional, no meio religioso, por mais de um século…

Irmãos, como dizia, vivemos momento importantíssimo e singular. O Espiritismo nasceu em momento favorável e necessário, quando a humanidade buscava respostas filosóficas para fazer frente ao negacionismo materialista que, por sua vez, nasceu para enfrentar o dogmatismo ferrenho das velhas religiões. Hoje, o Espiritismo renasce, em sua real exuberância, no momento certo, para atender aos clamores daqueles tantos que buscam respostas ao mesmo materialismo pujante e ferrenho que esfriou as almas durante o último século e colocou o homem no caminho do ganho e do lucro, das paixões efêmeras e do culto ao corpo.

A enorme diferença é que, hoje, encontramos o trabalho já iniciado. Não necessitamos desenvolver o raciocínio do zero, analisando fenômenos físicos, conversando com Espíritos através de pancadas. Basta, a nós, estudar a fundo, com muita sabedoria e dedicação, o Espiritismo e as obras complementares que nos ajudem a melhor compreendê-lo, situando-o de forma contextualizada no momento histórico em que nasceu para, então, trazer aos nossos dias o exato entendimento, que até hoje não tivemos, em maioria, sobre o que realmente é o Espiritismo!

Mas isso não será possível enquanto não agirmos conforme o exemplo daquele que Deus nos deu como exemplo nesse particular. Não falo do nosso exemplo máximo, Jesus, mas, sim, do nosso grande e humilde mestre, afável e caridoso, pesquisador dedicado à humanidade, Allan Kardec. Não, enquanto não seguirmos o seu exemplo, repito, a recuperação do Espiritismo não será possível. Kardec não foi perfeito, como nenhum de nós somos, mas uma coisa muito importante ele exemplificou: a total ausência de personalismo, vaidade e orgulho, bem como a busca por analisar fatos, provas e opiniões, de todos os lados e de todas as fontes, sem, antes, forma ideia previamente concebida. Enquanto nosso personalismo, nossa vaidade, nosso orgulho, nossos preconceitos, enfim, falarem mais alto, não sairemos do mesmo lugar. Não é isso, infelizmente, que tem feito as pessoas que, tomando frágeis argumentos a favor de suas ideias pessoais, continuam renegando os fatos históricos e que, por isso, se afastam do desenrolar do entendimento claro e profundo a respeito do Espiritismo, como já tratei neste artigo.

Espíritas, olhem ao redor: o trabalho nos chama, arduamente! O mundo de regeneração não virá sozinho! A regeneração precisa partir de nós, mas ela não se dará enquanto nos mantivermos parados, sentados, esperando a vida e aquilo que achamos serem castigos, passarem. Precisamos compreender que as dificuldades da vida, que julgamos castigos intransponíveis, são, na verdade, oportunidades valiosas de aprendizado e de correção de nossas imperfeições que nos levam a errar. Precisamos compreender que, assim como Deus não nos impõe castigos, mas, sim, oportunidades difíceis – mas totalmente suportáveis, desde que nós mesmos não aumentemos suas dificuldades – para aprendizado e elevação, também precisamos nós, com o auxílio da Doutrina Espírita, aprendermos a colocar em prática em nossas vidas e, sobretudo, com nossas crianças, a mesma moral: somos imperfeitos e castigar o erro nascido da imperfeição apenas causa retração e, muitas vezes, aumento da imperfeição e do erro. É isso que o Espiritismo vem nos mostrar: ninguém se torna anjo num estalar de dedos e, também, ninguém perde o que já conquistou. Não há anjos caídos, da mesma forma que não há escolhidos por Deus. Todos nós chegaremos à perfeição, sem exceções, mas a velocidade com que lá chegaremos depende, única e exclusivamente, de nós.

Assim, irmãos, mais do que nunca, vale aquela tão importante exortação: “Espíritasamaivos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”. Precisamos deixar de lado as cisões. Precisamos deixar de lado os preconceitos. Precisamos, como Kardec, ouvir todas as opiniões, de todas as fontes, mas apenas como Kardec, entendendo muito bem seu trabalho, seu exemplo e seu método, poderemos nos unir, nos amar e nos instruir. E, sobretudo, precisamos produzir, em nosso bem e em favor do próximo, pois o tempo urge e, após um ano e meio de centros espíritas fechados, muitos sem nenhuma produção, sequer entre seus membros mais próximos, precisamos recuperar o Espiritismo que não é vivido em templos fechados, mas, sim, em nossa intimidade familiar e, daí, para o mundo afora!

Mais uma vez, fica aqui a exortação, o pedido, para que vós, irmãos, leiam também as obras tão importantes e necessárias ao nosso entendimento:

  • O Legado de Allan Kardec, por Simoni Privato
  • Nem céu nem inferno, por Paulo Henrique de Figueiredo e Lucas Sampaio
  • Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo, por Paulo Henrique de Figueiredo
  • Muita Luz, por Berthe Fropo



A adulteração em A Gênese e o “CSI do Espiritismo”

Para quem acompanha nosso trabalho e já se inteirou das informações desta iniciativa, sabe que ela nasceu, principalmente, por uma grande agitação pessoal causada após a leitura das obras “O Legado de Allan Kardec”, de Simoni Privato, e “Nem céu nem inferno: As leis da alma segundo o Espiritismo”, por Lucas Sampaio e Paulo Henrique de Figueiredo. Após ter contato com essas obras, que, reitero e defendo, são extremamente bem fundamentadas na evidência dos fatos históricos, aliadas à irretorquível racionalidade de seus autores e demais envolvidos, fica claramente evidente que o Espiritismo sofreu grande revés, após a morte de Allan Kardec, com a adulteração na letra, em A Gênese e em O Céu e o Inferno, e no movimento espírita. Não é o que pensa Carlos Seth, do CSI do Espiritismo, mas já falaremos sobre isso.

Na letra, duas obras do professor Rivail (Allan Kardec) sofreram adulterações, após sua morte, inserindo-se nela conteúdos que causam entendimentos diferentes daqueles que o Codificador e os Espíritos Superiores anteriormente refletiram nessas obras.

No movimento espírita a adulteração foi no sentido de que, conforme planos de Kardec, esse deveria deixar de ser centralizado em uma pessoa ou grupo, espalhando-se sobre incontáveis grupos, solidários entre si, continuando os estudos nos mesmos moldes de lógica, razão, concordância universal e, sobretudo, caridade e fraternidade. Após sua morte, o movimento, sob a nomenclatura da Sociedade Espírita Parisiense, fundada por Kardec, e às custas de suas notórias imagem e contribuição prévias, passou a ser regido conforme as vontades particulares e os interesses pessoais. Tornou-se, a referida Sociedade, o templo repleto de vendilhões.

Antes de continuar, contudo, eu peço: não acredite apenas em mim. Leia você também as referidas obras, além da obra “Muita Luz”, de Berthe Fropo, facilmente encontrada em PDF, na Internet.

Creio que como Espíritas devemos buscar o exemplo probo e justo do grande mestre, professor Rivail, que nunca dava afirmativa ou negativa sobre qualquer assunto sem, antes, dele se inteirar completamente. E aqui, não podemos fazer diferente, se realmente queremos ser leais à Doutrina Espírita que, para espalhar luz, carece de ser confirmada e compreendida por toda a parte.

Pois, bem! Regido por esse impulso, cheguei até uma página no Facebook chamada “CSI do Espiritismo“, onde, dentre alguns artigos, um há bastante especial, de Carlos Seth, do dia 04/11/2020, tratando a respeito de uma carta manuscrita, com a letra inconfundível de Allan Kardec, que daria a entender que, “sem sombra de dúvidas”, a obra “A Gênese” não teria sido adulterada em sua 5.ª edição, mas, sim, produzida pelo próprio Allan Kardec.

Quero adiantar que acho estranho um artigo de uma página supostamente espírita e que, pelo próprio nome, dá a entender o grande compromisso com a investigação, se basear apenas em um dos lados da história, não indo a fundo na citação e na análise das afirmações contrárias, como é o caso daquelas apresentadas largamente pela autora Simoni Privato na obra anteriormente citada e, depois, por Paulo e Lucas na obra “Nem céu nem inferno”.

É muito estranho, na verdade. Parece haver uma pressa, uma ansiedade mesmo, muito grande, em encontrar sequer uma fonte que dê embasamento, embora enviesado, à tese de que toda essa enorme quantidade de informações que apontam para adulterações não passariam, na verdade, de engano, ou que os autores tiveram mero descuido na análise peremptória de todo esse material.

É totalmente diferente do que fazia e do que recomendava Allan Kardec, que, por inúmeras vezes, apresentava e discutia as ideias contrárias, mesmo aquelas que poderiam, em um primeiro golpe de vista, conquistar simpatias contrárias ao Espiritismo. Ele, porém, não estava preocupado com isso. Sua preocupação era a verdade, haurida na verificação da lógica dos fatos e da razão.

De minha parte, não pretendo cometer o mesmo engano e, por isso, reproduzo abaixo alguns trechos desse artigo, que pode ser conferido na íntegra através deste link.

O artigo da página CSI do Espiritismo e minhas considerações

Vou destacar os trechos mais importantes do artigo citado, fazendo minhas considerações logo abaixo de cada trecho.

É informado por Allan Kardec (vide parte em negrito na tabela contendo a transcrição/tradução do manuscrito) que a tradução devia ser feita a partir da nova edição da obra (A Gênese), que estava naquele momento – em setembro de 1868 – sendo reimpressa e que esta continha correções e acréscimos importantes.

Isso não prova que se tratava de uma nova edição, mas, sim, da reimpressão, muito provavelmente da mesma edição – a 4a, em estágio de finalização naquele momento. Ora, não podemos supor que Kardec, metódico e sempre extremamente cuidadoso com tudo, haveria submetido uma nova edição para impressão sem que se houvesse realizado o depósito legal junto à Biblioteca Nacional, o que ainda era exigido por lei e que foi estritamente cumprido para todas as novas edições de todas as obras por ele produzidas.

Temos, ainda, aqui, algo muito substancial: em “O Legado de Allan Kardec”, de Simoni Privato, a autora faz uma profunda explicação sobre como funcionavam as impressões naquele tempo. De forma resumida, enquanto a edição de uma obra não estivesse concluída, isto é, ainda houvessem correções a serem realizadas, elas eram feitas sobre tipos móveis, com a impressão de poucos exemplares. Após a finalização das correções e dos ajustes, os tipos móveis eram utlizados para a fundição de matrizes, que funcionavam como moldes para a produção de tipos fixos, em metal, para a produção em larga escala.

Acontece que existe uma declaração, do Sr. Rouge, tipógrafo das seis primeiras edições de A Gênese, afirmando que as matrizes da obra foram realizadas ao final de 1868 e cobradas do Sr Rivail (Kardec), ou seja, pouco após a citada carta em que ele fala em reimpressão da obra, por conter erros e acréscimos. Ou seja: a edição estava em fase final de elaboração, tendo sido concluída logo após!

Notamos que seria claramente possível a reimpressão de novas edições sem alterações. O contrário  (a realização de alterações) demandaria a submissão de novo registro na Biblioteca Nacional Francesa, sem o qual o autor estaria agindo ilegalmente e poderia enfrentar reações do próprio governo, então sob o Segundo Império, de Napoleão III.

A obra referida (A Gênese) teve 3 edições feitas com Kardec em vida. A 1ª edição da obra veio à luz, em Paris, no dia 6 de janeirode 1868, seguindo-se, nesse mesmo ano, a publicação da 2ª e da 3ª edições, absolutamente idênticas,
meras reimpressões da 1ª edição (é por isso que há apenas dois depósitos legais da obra: a primeira edição e a 4ª edição).

A 4ª edição, embora contendo na capa e na folha de rosto o ano de 1868, só foi publicada no primeiro semestre de 1869, já desencarnado o Codificador, mas guardando as mesmas características das três primeiras edições, com as quais não se diferencia em ponto algum, ou seja, produzida sobre as matrizes encomendadas pelo próprio Kardec ao final de 1868.

No manuscrito consta a informação de que as folhas impressas da nova edição (A Gênese) seriam enviadas por Allan Kardec (ao destinatário da carta para a tradução), além de dizer que existia cerca de metade delas (referência às folhas impressas com o conteúdo da nova edição) já prontas, comprovando que o mestre havia concluído o texto alterado da nova edição.

Eu não compreendo Francês, muito menos entendo a letra de Kardec. Tenho que considerar o que o autor do texto está dizendo e, aqui, me pergunto: afinal, se tratava de uma REIMPRESSÃO ou de uma NOVA EDIÇÃO? Contudo, ao buscar nos textos transcritos do francês (disponíveis aqui) não há, até onde vi, a palavra “édition” relacionada à obra A Gênese, tampouco à obra “O Céu e o Inferno”.

NOTA: após leitura cuidadosa, notei que, sim, a palavra “édition” – “nouvelle édition – nova edição – existe na carta original. Ainda assim, nesse momento, isso não prova que a suposta 5a edição, de 1869, seja integralmente das mãos de Kardec.

Considerando que as “provas impressas” já estavam sendo feitas pela tipografia em setembro de 1868, e se elas seriam enviadas para a tradução em alemão, podemos afirmar que temos um reforço substancial à hipótese da Declaração de Impressão de 04/02/1869 se referir à 5ª edição “revista, corrigida e aumentada”. Além disso, se as matrizes de impressão estavam praticamente prontas em setembro de 1868 – visto que a gráfica já estava imprimindo as folhas – a tentativa de quaisquer interferências no conteúdo da obra após o falecimento de Kardec, e antes da publicação da 5ª edição de 1869 – grifo meu – (abril, maio ou junho), seria bastante improvável. Como justificar qualquer alteração para o tipógrafo? Quem assumiria este custo de fazer uma nova diagramação de todo o livro e da confecção de novas matrizes? Por que? Que provas existem sobre esta hipótese?

A quinta edição somente foi publicada oficialmente em 1872. Existe, até o momento, UM exemplar de uma suposta quinta edição, de 1869, mas que se mostra evidentemente clandestina, como se pode observar aqui: https://espirito.org.br/artigos/sobre-5a-edicao-clandestina-genese-de-1869/

No manuscrito da carta de 25/09/1868 temos, também, a importante informação de que o livro “O Céu e o Inferno” iria, igualmente, ser reimpresso com correções (vide parte em negrito na tabela contendo a transcrição/tradução do manuscrito)

Mesmo caso. Reimpressão não é nova edição.

Ela é a fonte primária que comprova((Argumento falacioso, visto que parte da análise de apenas um lado dos fatos, e de forma enviesada.)) que Allan Kardec efetuou alterações no livro A Gênese, com correções e acréscimos importantes. Além de indicar que o mestre já havia iniciado o processo de reimpressão da nova edição da 5ª edição, já em setembro de 1868((Iniciar é diferente de finalizar. Naquela época, principalmente, o processo envolvia a impressão de exemplares para análise e correção. Apenas ao final disso, com a edição finalizada, fundia-se a matriz para a impressão em massa – o que nunca aconteceu, conforme relata Privato)). O manuscrito da carta confirma que pelo menos metade das folhas de impressão dos textos da edição revisada já estariam prontas naquela data((Isso apenas dá suporte à tese de que a nova edição estava em andamento, em pleno processo de revisão e correção, mas não finalizada.)).

Considerações finais

Apenas ao final do artigo citado, aparentemente como uma forma de “descansar” a consciência, há uma muito breve citação ao nome de Simoni Privato, com um agradecimento por seu trabalho fraternal (?), não havendo qualquer citação anterior, seja de sua obra, como bibliografia, a fim de buscar comparar as evidências por ela apontadas.

A página em questão, CSI do Espiritismo, vêm sendo largamente indicada como “fonte confiável”, como a última palavra a respeito dessas investigações, por diversas outras entidades, individuais ou representativas, como é o caso da FEB, em seu artigo “A propósito da suposta adulteração do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec”. Acontece, porém, que não está havendo o necessário estudo metodológico e concordante, submetido à razão, sequer sobre esses FATOS:

  1. Constitui adulteração e, por isso mesmo, se torna ilegal, qualquer alteração em obra, realizada postumamente, que não seja para a atualização gramatical necessária. Kardec não estava vivo para dizer se queria aquela obra publicada daquela forma, ainda que ela tenha sido produzida por sua própria mão.
  2. Pelo simples fato de que não há depósito legal, por Allan Kardec, da 5a edição de A Gênese, nem da 4a edição de O Céu e o Inferno, cujas alterações, aliás, compreendem a eliminação do prefácio da obra, o que sequer faz sentido à razão, deveríamos nos manter, por segurança, com a 4a Edição de A Gênese e a 3a Edição de O Céu e o Inferno.
  3. A Sociedade Espírita de Paris, comandada por Leymarie, se distanciou totalmente dos propósitos de Kardec, deixando-se, esse infeliz senhor, sucumbir pela tentação da vaidade e do dinheiro. Chegou ao ponto de expulsar, de um dos apartamentos destinados por Allan Kardec a fins de caridade, um casal de idosos, por simples atraso nos pagamentos do aluguel, quando o mesmo e a Sociedade contavam com grandes somas de posses e dinheiro. Além disso, colocou de lado os planos para a continuidade do movimento espírita, com a multiplicação dos grupos de estudos e das “investigações” espíritas, regidas sob a metodologia necessária – ora, como poderiam aplicar tal medotologia aqueles que se veriam desmentidos por ela, não é mesmo?
  4. Uma das provas mais utilizadas para afirmar que a 5a edição foi de autoria integral do próprio Kardec, a tal 5a edição de 1869, apresenta em sua capa, como endereço de impressão, o novo endereço da sede da Sociedade Espírita Parisiense: “Librairie Spirite et des Sciences Psychologiques”, em “7, rue de Lille”.

Sabemos que Kardec morreu antes do estabelecimento da Sociedade no novo endereço, o que comprova que tal edição somente foi impressa após sua morte. Leia mais clicando aqui.

Algo muito grave, também, é que, indiretamente, está se imputando ao sr. Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) um crime grave: o de ter realizado uma nova edição, com alterações, sem a ter submetido legalmente, através do depósito legal necessário, como sempre o fez, afirmando-o, também, irresponsável. Ora, quem em sã consciência estudou Kardec um pouco mais aprofundadamente, facilmente verificará que uma coisa que ele jamais deixou de fazer foi agir séria e legalmente, tomando todos os cuidados para assegurar um futuro seguro para a Doutrina Espírita.

Aliás, de posse dos manuscritos de Kardec, disponibilizados pelo CDOR, da FEAL, foi possível identificar que:

Algumas cartas manuscritas demonstram que, em fevereiro de 1868, Kardec estava interessado em acrescentar trechos em A Gênese, pois era de seu costume, depois de um tempo do lançamento, revisar suas obras. Para isso, pediu conselhos aos espíritos para organizar esse trabalho.

Alguns amigos espirituais deram orientações para uma revisão da obra, com a expressa indicação para não alterar em nada as questões doutrinárias, como se percebe pelos seguintes trechos desta comunicação:

Minha opinião é que não há absolutamente nada de doutrina a ser retirado; tudo aí é útil e satisfatório sob todos os aspectos” e

É necessário deixar intactas todas as teorias que aparecem pela primeira vez aos olhos do público”.

No caso, além da demonstração jurídica da adulteração de A Gênese, também esta comunicação reforça o fato em razão das alterações doutrinárias identificadas na obra, com a supressão de diversos trechos em que Kardec critica a moral heterônoma do fanatismo religioso, dentre outras manipulações.

Ainda nesta comunicação, o espírito sugeriu também que ele trabalhasse sem pressa e sem dedicar muito tempo:

Sobretudo, não se apresse demais. (…) Comece a trabalhar imediatamente, mas não de forma exagerada. Não se apresse”.

https://espirito.org.br/autonomia/ncni-conselhos-sobre-a-genese/

Chega a ser um absurdo. Essas cartas acima citada estão disponíveis, no mínimo, desde 2020, e os confrades do “CSI do Espiritismo” nem tocam nesse assunto!

Esses fatos, somados a inúmeros outros, que, hoje, podem ser facilmente colhidos e verificados pelo trabalho dos autores citados, deveriam acender um grande, um enorme sinal de alerta nas instituições espíritas brasileiras, provocando a busca por uma profunda análise do passado, sem vieses (porque não basta tomar apenas um lado da história – aquele que mais agrada a determinadas opiniões) mas, sobretudo, pela recuperação dos projetos de continuidade e do modelo exemplar de Allan Kardec, esses sim esquecidos pelo tempo e, obviamente, por conta das adulterações no Movimento.

Essa sim, sem sofismas, é a verdadeira forma de prestar homenagem a esse homem, professor Hippolyte Leon Denizard Rivail, que, junto à sua esposa, Amélie Gabrielle Boudet, dedicaram seus tempo, felicidade, tranquilidade e saúde em nome da causa da caridade e da difusão da doutrina consoladora pela Europa e pelo mundo.




Primeira Reunião do Grupo de Estudos O Legado de Allan Kardec

– Agradecimentos iniciais aos participantes.

Descrição de como surgiu a iniciativa deste Projeto::

“O divisor de águas foi uma mensagem de Paulo de Tarso ( sobre a questão  Mãe: trabalha, espera, perdoa). Depois veio toda a  trajetória para Reforma Íntima intuída. Depois foi aparecendo a literatura sobre pedagogia do amor, postagem da Revista Espirita e caiu na minha frente o livro Nem Céu nem Inferno ( Paulo Henrique de Figueiredo  e Lucas Sampaio ). Depois, caiu outro livro: O legado de Allan Kardec ( Simoni Privato Goidanich). E foi surgindo a inspiração em um determinado sábado de agosto… Quando abri os olhos eu tinha montado este site TODO! Nascia O Grupo de Estudos  O legado de Allan Kardec”  https://geolegadodeallankardec.com.br/

Relato de Paulo Degering

 Resumidamente: No livro Nem Céu Nem Inferno os autores iniciam com a questão da adulteração que houve no livro O  Céu e O Inferno (Allan Kardec) e conta um pouco do que aconteceu. Eles dão provas de todo o desvio do conteúdo do livro de Kardec que teve. Nesse livro, eles citam o livro da O legado de Allan Kardec (Simoni Privato Goidanich)

Simoni Privato identificou a alteração na obra A Gênese ( Allan Kardec). Mostrou o que aconteceu no momento, muito bem fundamentado. Leiam o livro que faz parte das nossas recomendações.

A grande questão não é a adulteração.  A grande questão é o desvio que o movimento sofreu. Se tivesse sido do jeito que Kardec planejou, e continuados de forma metodológica, os espiritas estariam diferentes do que estão hoje. Deu entrada  para assuntos que não condiziam com a mediunidade. Por exemplo, na época, um senhor, em contato com um médium, recebeu mensagens de um Espírito Superior falso. Com tática, Kardec alertou que era falso. Ele não deu ouvidos, ele se fascinou. Na sequencia, Kardec desencarnou, esse médium se aproximou de Leymarie, e assim entrou na Sociedade Espírita e a sociedade caiu.

Se Leymarie tivesse  adotado a metodologia de concordância universal de Kardec, ele conseguiria verificar.

Leon Denis, Gabriel  Delanne, etc, não tomaram a frente com a energia necessária. Ficaram perdidos com o desencarne de Allan Kardec, a viúva de Kardec ficou frágil.

Depois de Kardec, alguns continuaram o movimento como Ernesto Bozzano. Ele prosseguiu em A crise da Morte. Ele buscou a mesma metodologia de Kardec. Isso foi se perdendo com o tempo, pois não tinha a mesma força.

– Temos que reiniciar o movimento, é importante estudar muito, mas temos que atualizar. Muitos falam que está ultrapassado, discordamos quanto ao fundamento: não está ultrapassado, mas desatualizado.

Pensamos que Kardec fez um grande trabalho na época dele, em apenas 11 anos, mas muita coisa merece uma atualização. Na época dele a prática mais comum era a psicografia. Hoje não é tanto. Para entender psicofonia tivemos que procurar outros meios como o autor Leon Denis para entender.

– Citamos o termo Karma O termo Karma não faz parte do Espiritismo.

– Citamos Perispírito: Tem várias camadas ou não? Como é isso? De onde vem a palavra Perispírito?  De onde veio?  O primeiro quem fez menção sobre falou foi Paulo de Tarso na Bíblia,. Ele usou o termo Corpo Espiritual que fazia a comunicação entre o corpo e Espírito. Depois, Paracelso (sec XVI) criou o nome Corpo Astral. Não se podia falar nada sobre Ocultismo naquela época por causa da Inquisição, então o termo virou Esotérico (que é ensinado a um grupo restrito e fechado).  Acontece que o termo Corpo Astral não é Esotérico, pois ele simplesmente quer dizer Corpo dos Astros, ou seja, fora da Terra. Depois,  Kardec não quis usar nenhum desses termos que remetiam ao Esoterismo ou a Bíblia e criou a palavra Perispírito, quer dizer, em volta do Espírito(Peri=em volta), mais técnico, sem misticismo. Depois André Luís veio com o termo Psicossoma, (junção de Psico=mente, Soma=corpo). Todos são a mesma coisa em outras palavras.

– As Obras de Chico Xavier trouxeram  muitos ensinamentos na obra de André Luís. Tem muita gente que fala que não pode ser aceita como Obra Espírita, pois não teve metodologia. É importante que busquemos a razão, mas a concordância pode ser atemporal. Tem muito ensinamento nessas obras. Por exemplo, as “Colônias Espirituais” que não foram mencionadas por Kardec, mas na obra de Bozzano fala disso, que as coisas pequenas podem ser moldadas. Por que uma colônia não poderia?  Quanto aos conhecimentos médicos citados nos livros ainda não se teve oportunidade de estender esse estudo. Tivemos que esperar. Outro exemplo:  a glândula que André Luís falou lá atrás, que agora com estudos comprovaram que é a Apatita o Cristal da Pineal. E mais: Ler André Luís é muito gostoso, pois ele fala do processo mediúnico, como se fosse uma chama, uma flor da glândula, o processo desencarnatório, quando ele vê a emanação do Perispirito depois do desligamento do corpo, que ele nem consegue desanexar direito com a questão que é do Espírito. Então, temos muito campo para avançar.

– Situação da Pandemia e Reuniões Espíritas. Há muitas complicações em fazer reunião mediúnicas virtualmente. Compreensão geral de que a Mediunidade está no dia-a-dia e não somente na reunião espírita. Tem gente que nem pensa que é mediunidade. E tem gente que confunde doenças com mediunidade e levam vida desregrada sofrendo influencia de maus Espíritos.

“Estamos vivendo um momento muito importante. Faz parte o aflorar da mediunidade em todo mundo. Parece que é o momento. As pessoas estão falando muito em ver coisas, sentem coisas, etc. Aumentaram muito o número de médiuns que não sabiam antes que eram médiuns. Estão olhando mais para dentro. O estudo ajuda a entender.  O estudo ajuda a se entender.  Com estudo podemos ajudar os outros a encontrarem saídas.”

por Paulo Degering

O estudo acalma. Nós nos tornamos mais conscientes do outro. Nós refletimos mais como reagimos. Sempre com vigilância.

Tem tanta gente que buscando o caminho certo pode fazer parte de um novo amanhã. A mediunidade serve para corrigir a gente e para levar luz para o mundo. Então temos um campo enorme de possibilidades.  Isso é para o futuro.

A sensitividade é a base de tudo: vem aquele sentimento, causa um incomodo e ela se  contamina energeticamente. Ou alguém chega da rua e você sente uma inquietação… Isso  está mostrando  que você não está equilibrado. Quando você sente alguém contaminado,  não justifica chegar perto desse  alguém e se contaminar. Não funciona assim. A contaminação não acontece tão facilmente assim.

– Relato de exemplo de que estudo melhora a educação mediúnica: “No começo, eu estava com a mediunidade toda aflorada, descontrolada, com Espíritos em casa, na rua, etc. Comecei a estudar, a dedicar, hoje em dia tudo isso passou. Parece que nem tenho mais mediunidade. Aprendemos ou pela dor ou pelo amor. Eu entrei pela dor. Que bom pois estou aqui com vocês. Fui obrigado a perder medo, pois não tenho mais medo dos Espíritos.”

por Joel Moura

– Temos que tirar o misticismo do sobrenatural quanto aos Espíritos. Eles estão a nossa volta. São iguais a nós, pensam e sentem como nós. Só estão sem corpo.  Tem dificuldades como todo ser humano tem. São fenômenos totalmente Naturais.

– Existem os Espíritos que querem fazer o mal. O que fazer? Fazer uma prece, o que seja, e olhar para dentro de mim. O que eu fiz, por qual motivo está acontecendo.

– Questão que mediunidade é seria, Kardec não tinha uma base. Ele fez a codificação, Ele  que estudou os efeitos, sofreu dificuldades por não conhecer nada. Hoje temos isso. Eu discordo de lugares que tem que estudar muito tempo para começar a fazer algo. Se a pessoa tem mediunidade ela tem que compreender o que está passando, buscar reforma intima, e assuma com seriedade. Kardec sempre procurava respostas nos médiuns.

– Paulo de Tarso antes de começar qualquer coisa, ele passou anos no deserto para começar a evangelizar. Ele teve uma historia muito bonita. Ele é a prova maior que a questão não é pecado. Quando você erra e tem culpa tem que levantar e pronto. E continuar se acredita nisso. Saulo era cruel, Paulo era o bem feitor. O cristianismo usou muito Paulo por ser convincente. Utilizaram-no para ele espalhar o evangelho, e ai que ele acordou. A espiritualidade foi muito inteligente em escolher ele.

– Nós vamos nos reunir semanalmente. O grupo se reunirá com periodicidade definida, às 19:30 de todas as quintas-feiras. Utilizaremos os diversos meios possíveis, buscando a realização de encontros on-line, gravados, a fim de disponibilizar o conteúdo desses estudos através de meios como o Youtube. Transcrições ou criação de artigos sobre esses conteúdos serão bem-vindas e serão disponibilizadas no acervo do grupo.  Uma vez por semana, tratando primeiramente da Revista Espirita de Allan Kardec. Para ficar claro:

No nosso site tem todas as informações de como tudo vai acontecer. Também tem a iniciativa para que outras pessoas criem seus grupos e talvez um dia se retornamos os estudos mediúnicos com os grupos confederativos como chamamos aqui . Talvez abrir outros grupos se tiver muita procura. Para nós nos basearmos, não estamos com tudo pronto, mas vamos ponderar e estruturar tudo. Para fazer um ponto inicial.

Parabéns a iniciativa.

Estamos todos juntos aqui. De verdade. Para vocês que chegaram e quem quer que venha: as pessoas certas vão chegando. Às vezes com dificuldades, mas com coesão e confiança sempre vamos conseguir ultrapassar os problemas.  O site está lindo e organizado, prático, muito bom.