Obstáculos dos Médiuns

A mediunidade é uma faculdade que permite a interação entre o mundo material e o mundo espiritual. Allan Kardec, ao longo de seus estudos, observou que a mediunidade se expressa de formas diversas e com efeitos distintos, o que nos leva a entender que não existe uma única maneira de estabelecer comunicação com os espíritos. Como ele mesmo afirma, “a mediunidade é uma faculdade multiforme”, o que implica na variedade de manifestações e experiências que ela pode gerar.

Colaboração de Ceres Marcon

“A mediunidade é uma faculdade multiforme; apresenta uma infinidade de nuances em seus meios e em seus efeitos. Quem quer que seja apto a receber ou transmitir as comunicações dos Espíritos é, por isso mesmo, um médium, seja qual for o meio empregado ou o grau de desenvolvimento da faculdade – desde a simples influência oculta até a produção dos mais insólitos fenômenos.”

Allan Kardec, Revista Espírita fevereiro de 1859

Dentro das inúmeras manifestações mediúnicas, uma das mais conhecidas e utilizadas é a psicografia. Nesse tipo de mediunidade, o médium atua como um canal para a comunicação escrita com o plano espiritual, sendo uma das formas mais comuns de manifestação no campo do Espiritismo. Ao abordarmos a psicografia, podemos observar que os médiuns podem ser classificados de acordo com o grau de controle sobre o processo, e essas classificações influenciam diretamente nos obstáculos que eles enfrentam ao longo do desenvolvimento dessa faculdade.

Existem três tipos principais de médiuns psicógrafos:

  • Médiuns intuitivos: São aqueles que recebem a inspiração dos espíritos, mas escrevem de forma consciente, com algum controle sobre o que está sendo dito. A comunicação é mais indireta, com o médium recebendo intuições ou orientações, mas ainda mantendo o controle sobre a escrita.
  • Médiuns mecânicos: Esses médiuns tornam-se canais automáticos para a comunicação dos espíritos. Durante o processo de psicografia, eles não têm controle consciente sobre o que está sendo escrito, o que caracteriza uma manifestação de natureza mais espontânea e intensa.
  • Médiuns semimecânicos: Representam um meio-termo entre os tipos anteriores. Embora haja uma certa influência do espírito sobre a escrita, o médium ainda mantém algum grau de controle e consciência sobre o processo.

No entanto, como Kardec nos alerta, mesmo sendo uma faculdade natural, a mediunidade não é isenta de dificuldades. Ele nos diz:

“Embora não seja a faculdade um privilégio exclusivo, é certo que encontra refratários, pelo menos no sentido que se lhe dá. Também é certo que não deixa de apresentar escolhos aos que a possuem, pode ser alterada e até perder-se e, muitas vezes ser uma fonte de graves desilusões.”

Allan Kardec, Revista Espírita fevereiro de 1859

Essas palavras de Kardec nos lembram que a mediunidade, apesar de sua natureza acessível a muitas pessoas, não é algo simples. Ela pode encontrar resistência, tanto interna quanto externa, e o médium pode enfrentar obstáculos de diversas ordens — desde a dificuldade em manter o controle sobre as comunicações até o risco de ser influenciado por entidades enganadoras ou mal-intencionadas.

Em sua análise, Kardec nos alerta para a complexidade das causas que envolvem a mediunidade e como, muitas vezes, ela pode se manifestar em indivíduos cujas características morais não são necessariamente exemplares. Ele afirma:

“O dom da mediunidade depende de causas ainda imperfeitamente conhecidas e nas quais parece que o físico tem uma grande parte. À primeira vista pareceria que um dom tão precioso não devesse ser partilhado senão por almas de escol. Ora, a experiência prova o contrário, pois encontramos mediunidade potente em criaturas cuja moral deixa muito a desejar, enquanto outras, estimáveis sob todos os aspectos não a possuem”.

Allan Kardec, Revista Espírita fevereiro de 1859

Percebemos, pelo trecho acima, que, ao contrário do que se poderia supor, essa faculdade mediunica não é um privilégio exclusivo de pessoas de grande virtude moral. A mediunidade não depende unicamente da pureza ou do caráter moral do indivíduo, mas envolve uma combinação de fatores, incluindo aspectos físicos e espirituais ainda não totalmente compreendidos. Essa complexidade pode resultar, inclusive, em manifestações poderosas em indivíduos cujas condições morais não são as ideais, enquanto outros, que poderiam ser considerados mais equilibrados, não a possuem.

Além disso, Kardec ainda nos alerta:

“(…) a boa qualidade do médium não está apenas na facilidade das comunicações, mas unicamente na sua aptidão para só receber as boas. Ora, é nisto que as suas condições morais são onipotentes; e é nisso também que ele encontra os maiores escolhos.” 

Allan Kardec, Revista Espírita fevereiro de 1859

Essa afirmação é fundamental para entender que, para um médium, a qualidade das comunicações espirituais está relacionada à quantidade ou à facilidade que ele recebe mensagens, além da sua capacidade de discernir e filtrar as influências espirituais. O médium precisa estar preparado para rejeitar as influências dos espíritos imperfeitos e aceitar apenas as mensagens provenientes de espíritos elevados e confiáveis.

No entanto, Kardec enfatiza as condições morais do médium são de suma importância. A moralidade do médium não apenas influencia o tipo de comunicação que ele é capaz de receber, mas também atua como um verdadeiro “filtro” para impedir que ele se deixe enganar ou influenciar por espíritos inferior ou enganador. Por isso, os maiores obstáculos para o médium não são apenas as dificuldades técnicas ou físicas, mas as questões morais, que exigem constante vigilância e aprimoramento.

Nesse sentido, os médiuns precisam estar em constante processo de autoconhecimento e reforma íntima. A mediunidade é, por sua própria natureza, uma oportunidade de crescimento, mas também exige grande responsabilidade. O médium não pode ser um simples canal passivo, mas deve buscar constantemente a elevação moral, a ética e a espiritualidade, assim suas faculdades mediúnicas serão bem direcionadas e trarão benefícios para si mesmo e para os outros.

Portanto, os obstáculos morais que os médiuns enfrentam muitas vezes estão ligados a uma tendência de se deixar levar pelo ego, pela vaidade ou pela ansiedade de “mostrar” suas capacidades. A humildade, a disciplina e o desprendimento são qualidades essenciais para garantir que o médium não se desvie do caminho do bem e da verdade, minimizando, assim, os riscos de desilusões ou de comunicações prejudiciais.




A Evolução Intelecto Moral

A DE explica na evolução do homem no mundo. Muitos filósofos e a ciência atual preconizam que o homem nasceu egoísta, que o egoismo esta na natureza. Então, isso inverte a verdade. O Simples e ignorante age segundo o instinto e o instinto é harmônico. Mas ele faz o bem e o mal?

O Artigo A Evolução intelecto Moral é Continuação do artigo O Mal nas Civilizações

Na realidade, na evolução da humanidade, a primeira fase é dos simples, que agem naturalmente pela harmonia, agindo pelo instinto. Mas o simples e ignorante age. Depois, com a chegada dos exilados, eles divulgarão a mentalidade falsa, que inverte a verdadeira ideia ensinada pelos precursores de Jesus.

A compreensão do mal e a escolha do bem

Por acerto e erro, o espírito se inicia no conhecimento do bem e do mal.
Quando o espírito no início da evolução eventualmente age segundo os interesses de sua personalidade, comete uma falta. Toda falta está associada ao sofrimento moral, pois está na consciência de todos a lei divina, indicando que o ato contraria o bem. A falta é quando o individuo sabe que é errado, a consciência diz que está errado. Mas se o individuo não sabe que está errado, ele não terá sofrimento moral.

O sofrimento moral está associado a quanto o individuo conhece. Se se conhece muito há muito mais sofrimento moral do que quem pouco sabe. O sofrimento moral não é em cada falta, pois o individuo ja sabe que dará errado na próxima, então seu sofrimento se torna constante. O egoísta tem o sofrimento constante. Ele está o tempo todo sabendo que está fazendo errado, ele só consegue mudando o hábito, talvez mais difícil do que superar a falta. Pelo exercício da razão e esforço de sua vontade, o espírito decide agir diferente e se mantém no caminho do bem. Na autonomia moral, a compreensão do erro permite escolher a verdade.

As imperfeições e o sofrimento moral

O sofrimento moral é inerente às imperfeições, e o espírito, almejando a felicidade, repensa e escolhe o bem.
Quando o indivíduo insiste em agir pelo interesse pessoal visando as sensações imediatas, a falta torna-se hábito, criando a condição de apego. Nesse desvio, o indivíduo faz uso da razão e da vontade para deter os bens, abusar dos simples.
Quando o apego é mais forte que o esforço de retornar ao bem, torna-se um hábito adquirido, o egoísmo. O sofrimento moral
associado à falta, segundo a lei natural, em virtude do mal hábito, fica constante e vai durar até que a imperfeição seja superada.

Quando o espírito no início da evolução eventualmente age segundo os interesses de suapersonalidade, comete uma falta. Toda falta está associada ao sofrimento moral, pois está na consciência de todos a lei divina, indicando que o ato contraria o bem. A falta é quando o individuo sabe que é errado, a consciência diz que está errado. Mas se o individuo não sabe que está errado, ele não terá sofrimento moral.

Se se conhece muito há muito mais sofrimento moral do que quem pouco sabe. O sofrimento moral não é em cada falta, pois o individuo já sabe que dará errado na próxima, então seu sofrimento se torna constante. O egoísta tem o sofrimento constante. Ele está o tempo todo sabendo que está fazendo errado, ele só consegue mudando o hábito, talvez mais difícil do que superar a falta.

A falsa ideia

O egoísta, quando lhe pesa a consciência, deve superar suas imperfeições. Mas quando o apego domina, ele cria a falsa ideia para aplacar a luz de sua consciência. Isso ocorre pois quem age por egoísmo sofre moralmente, sente-se culpado, sabe que erra, e sua meta é superá-lo. Mas quando o horizonte da recuperação se afasta, o espírito sente-se derrotado e a meta difícil. Para suportar a dor e a baixa autoestima, justifica-se pelo orgulho. Invertendo a verdade, diz a si mesmo: sou superior, mereço privilégios; os outros são inferiores, devem me servir. Surge assim a falsa ideia. Quanto mais o orgulhoso acredita nessa mentira e a impõe aos simples, mas pela violência vai defender seus falsos direitos.

A falsa ideia no mundo espiritual

Iludido pela falsa ideia que adotou para reger seus atos, o orgulhoso coloca uma venda em seus olhos, e, quando chega à espiritualidade, não vê a felicidade do bem. Então vagueia e sofre, pela inércia da alma.
Por mais ativo que seja no mundo corpóreo, espiritualmente, o espírito imperfeito (egoísta e orgulhoso) coloca-se inativo, desliga-se dos semelhantes e superiores que estão no caminho do bem, pois age por seus interesses, e não por todos.
Para aplacar o sofrimento moral insuportável, o espírito cria antipatia para com os semelhantes e superiores que estão no caminho do bem, combate e deturpa a verdade ou lei divina, criando ou defendendo a falsa ideia para contornar sua razão e consciência.

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.




O Mal nas Civilizações

O Mal das Civilizações é continuação do artigo O Duplo Conceito do Bem e do Mal

O mal nas civilizações tem início na crença em falsas ideias, naqueles que agem motivados pelo egoísmo e pelo orgulho, priorizando seus próprios interesses. Quando muitos indivíduos adotam essa mentalidade, ela se transforma em um mal-estar coletivo. A visão equivocada da falsa ideia permeia as relações sociais. Esse problema se agrava quando líderes, religiões, filosofias e ciências propagam essa mentalidade falsa, influenciando e moldando toda a cultura.

“A primeira está toda inteira nestas palavras do Cristo: ‘Fazei aos outros o que quereríeis que vos fizessem.’ Numa palavra, aplica-se sem exceção a todas as relações sociais. Haveremos de convir que, se todos os membros de uma sociedade agissem de conformidade com esse princípio, haveria menos decepções na vida. Desde que dois homens estejam juntos, contraem, por isto mesmo, deveres recíprocos; se quiserem viver em paz, serão obrigados a se fazerem mútuas concessões. Esses deveres aumentam com o número dos indivíduos; as aglomerações formam um todo coletivo que também tem suas obrigações respectivas. Tendes, pois, além das relações de indivíduo a indivíduo, as de cidade a cidade, de país a país. Essas relações podem ter dois móveis que são a negação um do outro: o egoísmo e a caridade, pois que há também egoísmo nacional.”

Allan Kardec, Viagem espírita, 1862

Tem egoísmo na ciência, na religião. em todos os lugares existe a falsa ideia.

“Com o egoísmo, prevalece o interesse pessoal, cada um vive para si, vendo no semelhante apenas um antagonista, um rival que pode concorrer conosco, que podemos explorar ou que pode nos explorar; aquele que fará o possível para chegar antes de nós: a vitória é do mais esperto e a sociedade – coisa triste de dizer, muitas vezes consagra essa vitória, o que faz com que ela se divida em duas classes principais: os exploradores e os explorados. Disso resulta um antagonismo perpétuo, que faz da vida um tormento, um verdadeiro inferno.
Substituí o egoísmo pela caridade e tudo se modificará; ninguém procurará fazer o mal ao seu vizinho; os ódios e os ciúmes se extinguirão por falta de combustível, e os homens viverão em paz, ajudando-se mutuamente em vez de se dilacerarem. Se a caridade substituir o egoísmo, todas as instituições sociais serão fundadas sobre o princípio da solidariedade [cooperação] e da reciprocidade [apoio mútuo]; o forte protegerá o fraco, em vez de o explorar.”

Idem

Se o individuo considera o outro fraco, ele vai explorá-lo.

Se o indivíduo o considera o outro forte, ele se torna seu adversário a ser combatido. A mudança está no que o indivíduo escolhe fazer.

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.




O Duplo Conceito do Bem e do Mal

Este artigo O Duplo Conceito do Bem e do Mal é continuação do artigo A Verdade que Liberta

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O duplo conceito do bem e o mal é uma ideia falsa: fazer o que é certo considera-se agir no bem, enquanto errar é visto como agir no mal. Consequentemente, cada falha cometida pela pessoa acompanha uma auto condenação, como se cometesse um ato maligno. Na realidade, é natural cometer erros ao realizarmos qualquer atividade que ainda não dominamos em nossas vidas; isso não é maldade, mas simplesmente um erro.

Assim, através dessa mentalidade falsa, a pessoa acredita que é melhor evitar os erros. Mas como pode evitar erros? “Faça o que estou mandando” é o falam tanto os líderes religiosos quanto os acadêmicos, que exigem obediência cega. Na academia, frequentemente se ouve: “Faça o que estou dizendo.” “Você é incapaz, eu sei o que é melhor!” “Aprenda comigo e repita minhas palavras!” (HETERONOMIA). Porém, decorar e impor não leva ao aprendizado, pois cada indivíduo tem sua própria maneira de aprender, de compreender; uns mais rápidos, outros menos; as habilidades diferem de indivíduo para indivíduo; quem disse haver apenas uma maneira certa?

O verdadeiro progresso reside em cada um compreender as razões pelas quais as coisas não funcionam. Logo, é impossível alcançar algo sem tentar. Infelizmente, nós nos condicionamos a temer o erro como um pecado, paralisando as pessoas, impedindo-as de tentar e, consequentemente, de evoluir. Essa noção é absurda; é uma falsa ideia!

Allan Kardec estabeleceu que o Espiritismo é uma Ciência Filosófica, uma classificação na Academia do século XIX. Naquela época, as Ciências dividiam-se entre Ciências Naturais e Ciências Filosóficas, estas últimas incluía os espiritualistas. Nessa época, discutia-se todas essas ideias filosóficas. Surpreendentemente, ao revisitar os textos acadêmicos daquele século, descobrimos o espiritualismo científico, que, junto ao Espiritismo, tem o potencial de construir um novo mundo.

No livro “O Céu e o Inferno”, o Espiritismo explica que o duplo conceito do bem e do mal não estão personificados em Deus e no Diabo, nem se resumem à exclusiva divisão entre os salvos e os condenados. Todavia, essa falsa dicotomia desvia a humanidade do caminho correto.

Não há uma batalha entre o bem e o mal; qualquer afirmação contrária é enganosa, pois o Mal é uma ilusão que se dissipa quando compreendido(AUTONOMIA). A compreensão é a ferramenta do Bem.

Toda a criação existe em função da lei divina, os ministros de Deus organizam os mundos, a vida e as humanidades segundo o caminho do bem. Mas o espírito humano precisa agir no bem pela compreensão da verdade, de forma livre e desinteressada, ou seja, precisa superar a falsa ideia por seu esforço, conquistando a fé sustentada pela razão: a fé racional!

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Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em O Mal nas Civilizações




A Verdade que Liberta

Continuação do artigo O Domínio pela Mentira e Violência

Jesus veio nos trazer a verdade que nos liberta! Ele mencionou o diabo na Bíblia, mas será que ele acreditava na existência literal do diabo? A palavra “Diabo” está escrita na Bíblia, mas seu significado vai além do literal.

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Na verdade, tudo se resume à interpretação. Deus e Diabo são representações do Bem e do Mal, respectivamente. No entanto, encarar o Diabo como puramente malévolo é uma concepção equivocada. O Diabo não é uma entidade; ele reside naqueles que abraçam essa falsa ideia. A Mal não tem forma, não é uma entidade real. Ninguém é inerentemente mal. Existe alguém verdadeiramente maligno neste mundo? Não, porque o mal é uma concepção falsa que sustenta um hábito. Quando alguém muda sua mentalidade, ela deixa de agir no mal, mas superar o hábito é um processo demorado. No entanto, nunca se supera se a mentalidade não mudar.

O que realmente transformará o mundo é a educação genuína – não aquela que apenas perpetua ideias falsas, que decora ensinamentos, mas sim aquela que compreendida, que liberta. As armas do bem são a compreensão e a explicação. Como posso fazer você entender que o futuro do mundo está na cooperação? Simplesmente explicando e cooperando incessantemente, sem se preocupar com os resultados.

Estamos introduzindo um novo hábito no mundo. Ao vencermos a falsa ideia do mal, veremos uma renovação global, oferecendo novas oportunidades para todos. Não há Espírito que não vá, mais cedo ou mais tarde, optar pelo caminho do bem. No entanto, o bem não é imposto; cada um deve alcançá-lo com seu próprio esforço.

O verdadeiro entendimento nos libertará dessa falsa dicotomia entre bem e mal, levando-nos a uma vida de cooperação e harmonia. A passagem a seguir de Jesus é reveladora:

42 Disse-lhes Jesus: “Se Deus fosse vosso pai, amar-me-íeis. Eu vim de Deus e vou [para Deus]. Pois não vim por mim mesmo, mas foi Ele que me enviou. “


Bíblia – Volume I: Novo testamento – Os quatro evangelhos – Evangelho de João (pp. 470-471). Companhia das Letras. Edição do Kindle. Trad. Frederico Lourenço

Jesus disse que foi enviado por Deus e não por meios próprios. Ele veio para ensinar a Lei da Deus.

43 Por que razão não percebeis o meu discurso? Porque não conseguis ouvir a minha palavra.

Idem

A ciência avança principalmente pela mudança de paradigma, isto é, a mudança de ideias. ((Paradigma procede do grego “paradigma”, que significa “exemplo” ou “modelo”. Inicialmente, era aplicado na gramática (para definir o seu uso num determinado contexto) e na retórica (para se referir a uma parábola ou a uma fábula). A partir da década de 60, começou a ser empregue para definir um modelo ou um padrão em qualquer disciplina científica ou contexto epistemológico. fonte: clique aqui)) . Temos que compreender como é a nova ideia. Assim, depois que ela faz sentido, nós a testamos e quando verificamos sua coerência, nós a adotamos. A chave é compartilhar a nova ideia.
Mas isso não significa que todos se tornarão superiores, esse não é a ideia do mundo. As crianças não precisam estudar na escola apenas para obter as melhores notas, gerando competição entre elas. Cada uma deve buscar aprender mais do que sabia antes, pois somos todos espíritos em estágios diferentes de evolução. Há espíritos muito inteligentes no nosso mundo porque já passaram mais tempo experimentando os mundo. No entanto, os inteligentes não são superiores aos simples, pois em outras existências já foram simples como eles. Eles vieram para nosso mundo porque se sentiram mais preparados lá. Os espíritos inteligentes não são malévolos ou demoníacos; no entanto, devem cultivar a simplicidade para servir e contribuir, não para serem servidos. Este é o grande lema do mundo.

Para avançarmos em direção à felicidade neste mundo, precisamos ajudar a remover as vendas dos olhos daqueles que estão cegos pela falsa ideia. No entanto, eles não aceitarão facilmente agir por todos. Assim, alguns partem para outro mundo, onde podem progredir ajudar os outros muitos a progredirem tecnologicamente mais rapidamente e ter uma nova oportunidade de repensar suas escolhas. Não é um castigo ou punição ser enviado para outro mundo; é simplesmente uma consequência de uma escolha que não os permitiu evoluir. Se eles reconsiderarem suas atitudes no outro mundo, renovados, poderão retornar aqui.

Isso ocorreu em nosso mundo; os simples estavam na Terra quando chegaram os exilados. Eles receberam uma segunda chance ao virem para cá, mas agora precisam contribuir de forma útil para o avanço deste mundo. Infelizmente, muitos caíram na falsa ideia de que devem ser servidos, criando assim todas as ideias equivocadas que permeiam o mundo. Mas, sempre que tentamos explicar a verdade, por ser uma ideia falsa, eles resistem.

Esta é a última oportunidade tanto para mudar de mentalidade quanto para participar plenamente deste mundo. Aqueles que se recusam a cooperar não compreenderão a verdade através da força, da memorização de ordens ou da obediência cega. Somente através de esforço pessoal é que alguém poderá compreender.

44 Vós sois [filhos] do diabo, vosso pai; e quereis pôr em prática as vontades do vosso pai. Ele é homicida desde o princípio e não esteve nem está na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere a mentira, profere-a a partir dos seus; pois é mentiroso e é pai [da mentira]. 45 Eu porque digo a verdade não acreditais em mim. 46 Quem de vós me condena a respeito do erro? Se eu falo a verdade, por que razão não acreditais em mim? 47 Quem é de Deus ouve as palavras de Deus. É por isto que vós não me ouvis: porque não sois de Deus”.

Idem

Esta parte do Evangelho de João está apontando que o “diabo” está na falsa ideia de superioridade e pureza. Ao nos considerarmos puros e superiores, tendemos a julgar e condenar os outros que consideramos simples e inferiores. No entanto, o ato de julgar é, em si mesmo, uma falsa ideia: quando apontamos o erro em outra pessoa, na verdade estamos cometendo um equívoco, pois estamos julgando a pessoa em vez de seu comportamento específico. Isso equivale a considerar a pessoa como “o mal” e condená-la injustamente. Ninguém tem o direito de agir assim. Nem mesmo os espíritos benevolentes condenam os outros dessa maneira.

O mal se revela na distorção da lei divina, quando buscamos satisfazer nossos interesses pessoais à custa da submissão dos mais simples, sacrificando sua tranquilidade e felicidade. No entanto, devemos rejeitar a noção de superioridade devido ao nosso conhecimento.

Nesse contexto, nossa responsabilidade se torna ainda mais crucial! Aqueles que possuem conhecimento têm o dever não apenas de ajudar os menos instruídos, mas também de servir.

Devemos dedicar nossos esforços a disseminar o conhecimento e garantir que muitos o compreendam. O futuro do mundo está na cooperação, não na competição. Qualquer novo valor deve ser compartilhado globalmente para que todos possam se beneficiar.

48 Os judeus responderam e disseram-lhe: “Não dizemos bem que és samaritano e tens um demônio?”. 49 Respondeu-lhes Jesus: “Eu não tenho demônio, mas honro o meu Pai e vós me desonrais. 50 Eu não procuro a minha glória. Existe aquele que procura e julga. 51 Amém amém vos digo: se alguém observar a minha palavra, não verá a morte até a eternidade”.

Ibidem

Nesta parte, está expressado: “Você está contaminado pelo mal! E tem um diabo!” Se alguém já julga o outro um diabo, parece não haver solução. Quem é egoísta e arrogante rotula os outros como inferiores, sempre vendo o mal nos outros. Os fanáticos religiosos veem os diferentes como inferiores. Os materialistas julgam aqueles que pensam de forma diferente como inferiores. O cerne do problema é quando um indivíduo acredita ser superior e é teimoso em não mudar de ideia, mesmo quando confrontado com a verdade. A verdade o confronta, questionando sua autoimagem elevada.

Agora, se alguém se considera superior, só reconhecerá seu erro quando chegar a essa conclusão por conta própria. Muitas vezes, essa pessoa, no fundo, não acredita realmente em sua superioridade, por isso sente a necessidade de afirmá-la tão veementemente.

O único fator que nos torna iguais é nossa individualidade. Somos Espíritos únicos, cada um com diferentes experiências para desenvolver e compreender. No entanto, ter mais conhecimento não nos torna superiores aos outros. O que verdadeiramente define a evolução de um Espírito não é sua inteligência ou experiência, mas sua capacidade de compreender a lei de Deus. O objetivo do Espírito é dar o melhor de si mesmo.

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em O Duplo Conceito do Bem e do Mal




O Domínio pela Mentira e Violência

Aquele que erra conscientemente usa da violência e da mentira para dominar e agir em benefício próprio.

Continuação do artigo A Verdade sobre o Mal e o Castigo.

Para alcançar o domínio sobre os outros, muitas vezes emprega-se a estratégia de fazer com que eles acreditem que o erro ou a falha reside em não obedecer, merecendo, por isso, punição. Ao mesmo tempo, é propagada a ilusão de que obedecer trará recompensas. Essa é a armadilha da maldade, conhecida como heteronomia. Aqueles que se submetem são então controlados por meio de condicionamentos, e é aí que reside a verdadeira violência do mal.

A maldade age por meio da violência e da mentira. Ela proclama: “Você deve obedecer! Se não obedecer, receberá punição!” Em seguida, ela afirma: “Essa é a única maneira de lidar com aqueles que se recusam a obedecer.” Isso é uma inversão de valores.

O mal se manifesta na falsa ideia que distorce a lei divina, buscando a satisfação dos interesses e da alegria pessoal às custas da submissão dos mais simples, sacrificando sua tranquilidade e felicidade. No entanto, não devemos nos deixar enganar pelo pensamento de que somos superiores por termos conhecimento. E sabe o erro daquele que sabe? A indiferença! Ter valores e não usar os valores para o bem.

Nesse sentido, o nosso dever que já sabe se intensifica! A responsabilidade daqueles que possuem conhecimento vai além de simplesmente ajudar os menos instruídos; eles devem também servir. Reflita: O dever de quem sabe é servir aos mais simples!

Não devemos pensar em tirar proveito de nosso conhecimento, mas sim em cooperar. Devemos empregar nossos esforços para disseminar este conhecimento e fazer com que muitos o compreendam. O futuro do mundo reside na cooperação, não na competição.

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em A Verdade que Liberta




A Verdade sobre o Mal e o Castigo

O que é o mal e o castigo Verdadeiramente?

Continuação do artigo Obediência Passiva e Fé Cega — Os dois Princípios da Falsa Ideia

O mal não é errar, depois pedir perdão e ser obediente ao bem.

Deus castiga? Não! O que é o castigo?

Esse conceito não é totalmente diferente do que aprendemos? O castigo é algo que acontece no mundo? Não, o castigo é o sofrimento moral da pessoa e, se ela não mudar, não encontrará a felicidade.

Nenhuma pessoa egoísta é feliz, pois ela sabe, intimamente, que não está fazendo o bem. Mas por que alguém seria egoísta, sabendo que está errado, sofrendo por isso e ainda assim continuando na mesma conduta egoísta?

Por meio do Espiritismo, desvendamos as raízes do egoísmo e do orgulho. O Espiritismo não confronta pessoas ou ideias; ele enfrenta o egoísmo e o orgulho como conceitos que prejudicam o progresso espiritual.

O Espírito culpado sofre primeiro na vida espiritual em razão do grau de suas imperfeições, sendo-lhe então concedida a vida corporal como meio de reparação. É por isso que o Espírito nela reencontra, ou as pessoas que ofendeu, ou situações semelhantes àquelas em que praticou o mal, ou ainda situações opostas às que viveu, por exemplo, enfrentando a miséria se foi um rico mau, ou uma condição humilhante se foi orgulhoso. Não se trata de um duplo castigo, mas o mesmo a que se dá sequência na Terra, como complemento, com vistas a facilitar seu adiantamento para um trabalho efetivo. Do próprio Espírito depende fazê-lo proveitoso. Não lhe vale mais voltar à Terra, com a possibilidade de ganhar o Céu, do que ser condenado sem remissão ao deixá-la? Essa liberdade que lhe é concedida é uma prova da sabedoria, da bondade e da justiça de Deus, que deseja que o homem deva tudo aos próprios esforços, sendo assim o artífice de seu futuro. Se é infeliz, se o é por um tempo maior ou menor, que não se queixe senão a si mesmo – o caminho do progresso lhe está sempre aberto.

Allan Kardec. O Céu e o Inferno: Ou a justiça divina segundo o Espiritismo, editora Feal (p. 78). Edição do Kindle.

No entanto, é crucial entender completamente o que o egoísmo implica para poder combatê-lo efetivamente. Reconhecer os próprios erros e sentir a consciência pesada é o primeiro passo para a mudança. Caso contrário, o indivíduo continuará a sofrer.

A falsa ideia de que Deus é o causador do nosso sofrimento está equivocada. Na verdade, somos juízes e prisioneiros de nós mesmos e nossos próprios pensamentos. O Espiritismo nos ensina isso. Sabendo disso, você optará por permanecer preso ou se libertar? Ser escravo ou livre? A escolha é sua.

Ninguém é obrigado a agir para o bem. A liberdade é fundamental para o agir no bem. Deus não coloca ninguém para vigiar ninguém. Quando você fizer o bem, você o fará com todo o seu esforço. No momento em que você age com o pensamento íntegro, os outros espíritos se aproximam para fazer o mesmo: a rede de bondade é criada.

Se você está agindo com segundas intenções, os outros espíritos percebem e você se isola por escolha própria. Esse é o mecanismo!

Alguém realmente está nos vigiando no mundo espiritual? Não! Há algum lugar circunscrito para ser castigado? Não! Isso é falso! Emmanuel menciona o umbral? Sim, ele menciona, mas são espíritos iludidos que lá se reúnem. Os espíritos bons veem os maus espíritos como doentes a serem curados e não como adversários a serem combatidos. A luta entre bem e mal é uma falsa ideia!

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em O Domínio pela Mentira e Violência




Obediência Passiva e Fé Cega — Os dois Princípios da Falsa Ideia

Continuação do artigo A Mentalidade Verdadeira e a Falsa Ideia.

Várias vezes em suas obras, Kardec cita A obediência passiva e a fé cega. Agora reflitamos por qual motivo eles são os princípios da Falsa Ideia.

Os falsos profetas, para conquistar pela obediência passiva, precisavam impedir que as massas aprendessem pelo próprio esforço sem a experiência de erro e acerto para aprender. Eles, os profetas falsos, condenavam o erro, como se o erro fosse a causa do mal do mundo.

Porém, todos sabemos que só é possível aprender quando se tenta. Da tentativa, produz-se erro e acerto. A partir daí, avaliamos e percebemos a melhor maneira de agir. E Deus não condena o erro, pois o erro faz parte do aprender. Pense bem: muito diferente errar inconscientemente do que persistir no erro conscientemente.

“Para elevar-se, deve o homem ser provado. Impedir sua ação e pôr um entrave em seu livre-arbítrio seria ir contra Deus e neste caso as provas tornar-se-iam inúteis, porque os Espíritos não cometeriam faltas. O Espírito foi criado simples e ignorante. Para chegar às esferas felizes, é necessário que ele progrida e que se eleve em conhecimento e sabedoria, e é somente na adversidade que ele adquire um coração elevado e melhor compreende a grandeza de Deus.”

Allan Kardec. Revista Espírita — Jornal de Estudos Psicológicos — 1858 – Novembro

Ao mesmo tempo, quando alguém faz algo, seja no trabalho ou no cotidiano, tem que saber o que está fazendo e quais são os resultados do que está fazendo. Então, esse alguém pode estar fazendo o mal sem saber ou mesmo participando do mal sem consciência do mal. Portanto, o ideal seria nunca realizar uma atividade sem entender.

A falsa ideia, através dos dois princípios de obediência passiva e fé cega, leva a crer que o erro é o mal. Consequentemente, o erro gera medo. Será melhor obedecer sem entender e ter fé?

Desde tempos remotos, os sacerdotes que determinam o comportamento das pessoas, pois eles mesmos afirmam que Deus os escolheu para determinar Sua Lei. Os sacerdotes criaram o falso ensinamento de que o acerto está em obedecer a Deus para receber as recompensas divinas e se salvar. Eles propagam também que o erro representa o agir inspirado pelo diabo, que atenta o homem para se apossar dele. Kardec mostra este entendimento em A Genese:

A religião era, nesse tempo, um freio poderoso para governar. Os povos se curvavam voluntariamente diante dos poderes invisíveis, em nome dos quais eram subjugados e cujos governantes diziam possuir seu domínio, quando não se faziam passar por equivalentes a esses poderes. Para dar mais força à religião, era necessário apresentá-la como absoluta, infalível e imutável, sem os quais ela teria perdido a ascendência sobre esses seres quase primitivos, apenas iniciados para a racionalidade. Ela não poderia ser discutida, assim como as ordens de um soberano. Disso resultou o princípio da fé cega e da obediência passiva, que tinha, na origem, sua razão de ser e sua utilidade. A veneração aos livros sagrados, quase sempre considerados como tendo descido do céu, ou inspirados pela divindade, proibiam qualquer exame65.

Allan Kardec. A GÊNESE – Os milagres e as Predições Segundo o Espiritismo (Portuguese Edition) . cap IV, item 2. Edição do Kindle.((A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo: https://amzn.to/3RM91hF ))

Quem desobedece ou não se arrepende, será entregue ao diabo, sofrendo castigos, vicissitudes, dores. Por meio dessa ideia falsa, os sacerdotes condicionaram as massas a acreditar sem raciocinar — Fé Cega — alegando que a razão não compreende a vontade divina. Obedecendo sem compreender — Obediência Passiva.

Em qualquer área de atuação acontece a fé cega e a obediência passiva: ciência, filosofia, religião, no trabalho, no lar, nos relacionamentos. Na idade média, usava-se o dogma religioso para balizar as ações. Hoje se usa o dogma materialista. Dessa forma, é como se fosse a idade média da ciência!

Se a pessoa acredita que o seu trabalho não é nem pode ser espiritualizado, é excluído do meio. A exclusão é o mesmo instrumento que a igreja fazia, com condenação, excomunhão, perseguição, etc. Está certo que a condenação da igreja levava a morte, mas hoje a exclusão pela sociedade é praticamente morrer, ficando marginalizado. Existem os graduados no ensino superior( ou mesmo no ensino técnico) que tendem a acreditar no materialismo; os outros são os excluídos. E acontece a luta do superior contra inferior. O Espiritualismo é o diabo da ciência! E o Materialismo é o deus da ciência!

Por fim, atualmente, pela falsa ideia, os que pensam diferente, sejam de outros países ou outras religiões, são inimigos, são controlados pelo diabo, e devem ser combatidos e destruídos. Os que obedecem são protegidos pelo deus bom. Assim, criam o exclusivismo e a guerra. É um exclusivismo MATERIALISTA!

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em A Verdade sobre o Mal e o Castigo




A Mentalidade Verdadeira e a Falsa Ideia

Continuação do artigo O Espiritismo: A Ideia de Jesus. Vamos entender melhor as diferenças entre a verdadeira mentalidade e a falsa ideia?

Ao longo do tempo, a mentalidade verdadeira e falsa ideia enraizaram-se nas tradições do mundo de várias maneiras. As religiões sempre embutiram em seus ensinamentos a competição, a disputa, a lei do mais forte.

Mudar de mentalidade
Foto Pixabay: Mohamed_hassan

A tradição do cristianismo considera que Jesus foi anunciado por João Batista prenunciado pelo arrependimento: “arrependei-vos, pois ficou próximo o reino dos céus”. Com esse pensamento, tínhamos que nos arrepender dos pecados, do erro cometido. Essa educação nos deixa cheio de culpas, pois se errei, eu preciso de perdão para ser salvo.

As religiões utilizaram-se dessa ideia para dizer que somente o perdão de Deus salva aquele que erra, e o que desobedece, eternamente castigado, entregue ao diabo. Este pensamento não se implantou somente pelas religiões: no trabalho, se errar é despedido, na família, se errar é preterido, e assim acontece em inúmeras situações. Na vida toda, não se pode errar! As pessoas usam de fingimento, de esconder, de camuflar os erros, de falsidade, pois se lembre: errar é Pecado. Isso desencadeia várias consequências, entre elas que as pessoas não são como verdadeiramente são, nem se sentem incluídas, perdidas, sem rumo.

Por isso temos que entender a mensagem do Espiritismo de pertencimento, de fazer parte, de colaboração. Temos de buscar esse entendimento. Temos de deixar de lado a ideia de que o mais forte salvará o simples, o ignorante, que os fortes e destacados são maiores e melhores.

Para fazer valer a verdade, tem que fazer o Bem! Mas é necessário reformar a forma de fazer esses ensinamentos, mudando como e o que se ensina para as crianças, com mudanças estruturais nas escolas. A competição não pode ser o estímulo para o aprendizado. Ensinam-se as falsas ideias quando se diz a criança que a luta serve para destacar, ser superior, ser o melhor que o outro, estar “entre os superiores”, para não ser renegado pela sociedade. Essa mentalidade é falsa!

No entanto, os mais recentes trabalhos de tradução dos evangelhos, esclarecem que o verbo grego metanoéô, ligado ao substantivo metánoia, tem o sentido de “mudar de mentalidade”. Frederico Lourenço explica: “No cerne da palavra está o vocábulo nous (“mente”): daí o fato de a essência da ideia estar ancorada na mudança mental (de que o arrependimento é sintoma)” (Novo Testamento).

O versículo 14 do cap. 1, de Marcos, fica assim:

14 Depois de João [Batista] ter sido traído, Jesus foi para a Galileia proclamar a boa-nova de Deus, 15 dizendo: “Completou-se o tempo e ficou próximo o reino de Deus. Mudai de mentalidade e acreditai na boa-nova”.

Marcos: 1,14-15

Com essa simples passagem da Bíblia, transformamos completamente o entendimento do sentido de Arrepender-se: há necessidade de mudar de mentalidade para superar uma mentalidade falsa! Não é arrepender do erro, mas mudar a forma de entendimento, Mudar de Mentalidade.

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo. Clique aqui para conhecê-la.

Continua em Obediência Passiva e a Fé cega – Os dois Princípios da Falsa Ideia




O Espiritismo: A Ideia de Jesus

Continuação do artigo Profecia do Espírito da Verdade. O Espiritismo desenvolve a Ideia de Jesus.

Espiritismo desenvolveu o ensinamento de Jesus
Ego Sum Via Veritas et Vita (Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida) pixabay – didgeman

Por um tempo, desprezaram a mensagem de Kardec trazendo ideias falsas para dentro de sua doutrina. Suas obras conclusivas tiveram suas melhores ideias adulteradas. Uma divulgação persistente dos falsos princípios por refratários (( “22. Ao lado dos materialistas propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos de nome, não são menos refratários ao Espiritismo: são os incrédulos de má vontade. Esses não querem crer, porque isso lhes perturbaria o gozo dos prazeres. Temem encontrar a condenação de sua ambição, de seu egoísmo e das vaidades humanas com que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir. Lamentá-los é tudo o que se pode fazer. ” A. Kardec, O livros dos Mediuns, Noções Preliminares, cap. III Método )), implantou a mentira entre muitos espíritas, causando divisão.

No entanto, numa sequência crescente, os documentos, fatos e ideias originais de Allan Kardec retornaram à luz. Suas obras foram recuperadas, como as obras O Céu e o Inferno de 1865 e A Genese de 1868 em suas traduções de suas versões originais. Os conteúdos apresentados são de extrema importancia, pois são ideias muito mais aprofundadas por Kardec.

Os novos tempos já se anunciam, as ideias reformadoras se espalham pelo mundo. É interessante notar como pelo estudo iluminado pela dedicação sincera e desinteressada, a mensagem espírita, que é a de Jesus, vai chegar a todos. E o
Espiritismo será a alavanca da revolução moral, que vai regenerar a humanidade, abrindo caminho para o mundo feliz.

O mal no mundo representa a mentalidade falsa, que divide o mundo visando justificar o orgulho e egoísmo dos que se consideram superiores e privilegiados. Desta forma, eles conseguem dominar e, ainda pior, abusar das massas. Eles a consideram inferiores e impuras.
O bem, a boa nova ou mentalidade verdadeira visa despertar o dever pela razão e liberdade, elegendo a solidariedade pela cooperação e apoio mútuo, visando a felicidade de toda a humanidade, em todos os seus níveis. Pela orientação e direção dos bons espíritos, que são ministros de Deus. Todos percorrem o caminho do bem que leva a Deus.
O Espiritismo, enfim, explica e desenvolve a ideia de Jesus, mentalidade verdadeira ou boa nova. Como todas as revelações, enfrenta a oposição dos orgulhosos e egoístas que defendem a mentalidade falsa.

Qual é a ideia da mentalidade falsa? Difundir falsamente que temos 2 Deuses no mundo, Deus e o Diabo; espalhar a ideia que o mundo espiritual está divido em 2 partes, céu e inferno; que as pessoas são dividas em puras e impuras, superiores e inferiores, etc. Esta é a FALSA IDEIA.

Para que nós consigamos superar a falsa ideia, não podemos usar as “mesmas armas” da falsa ideia. Ela usa da imposição, da violência, da divisão, da mentira, dos escolhidos que entendem dos ensinamentos como superioridade intelectual inexistente: diz que se não entendeu é inferior, só superior compreende

A VERDADEIRA IDEIA depende do esforço de cada um! Cada um de nós precisa entender a ideia verdadeira!!

Basta voce ser indiferente que voce ajude a manter Falsa Ideia.!

Há um artigo muito interessante de 1859 que vamos destacar alguns pontos referente a essa ideia de Jesus descrita também pelo Espiritismo:

“Assim, pois, o Espiritismo se fundamenta em princípios gerais independentes de toda questão dogmática. É verdade que ele tem consequências morais, como todas as ciências filosóficas. Essas consequências são compatíveis com o Cristianismo, porque o Cristianismo é, de todas as doutrinas, a mais esclarecida, a mais pura, razão por que, de todas as seitas religiosas do mundo, são as cristãs as mais aptas a compreender o Espiritismo em sua verdadeira essência.

A. Kardec, Revista Espirita, 1859 – Refutação de um artigo de “L ‘Univers” (( https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/893/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1859/4547/maio/refutacao-de-um-artigo-de-l-univers ))

O Espiritismo não é, pois, uma religião. (…) o Espiritismo ocupa-se da observação dos fatos e não das particularidades desta ou daquela crença; da pesquisa das causas; da explicação que os fatos podem dar dos fenômenos conhecidos, tanto na ordem moral quanto na ordem física, e não impõe nenhum culto aos seus partidários, do mesmo modo que a Astronomia não impõe o culto aos astros, nem a Pirotecnia o culto ao fogo. (…)

Hoje, graças às luzes do Cristianismo, podemos julgá-lo com mais segurança. Ele nos põe em guarda contra os sistemas errados, frutos da ignorância. E a própria religião pode haurir nele a prova palpável de muitas verdades contestadas por certas opiniões. Eis porque, contrariando a maior parte das ciências filosóficas, um dos seus efeitos é reconduzir às ideias religiosas aqueles que se tresmalharam num cepticismo exagerado.

Idem

Este artigo foi elaborado a partir de palestra proferida por Paulo Henrique de Figueiredo, clique aqui para mais detalhes Continua em A Mentalidade Verdadeira e a Falsa Ideia