Sobre “o caso A Gênese”

Este artigo foi inspirado pelo artigo “O caso A Gênese“, apresentado no Portal Luz Espírita. Nesse artigo, bastante extenso, são apresentados diversos detalhes, passo a passo, que levam afinal o autor, Ery Lopes, e os colaboradores — Adair Ribeiro, Adriano Calsone, Carlos Luiz, Carlos Seth Bastos, Jorge Hessen e Wanderlei dos Santos — a assumir que, não, a Gênese não foi adulterada e que podemos fiar confiança total de que a 5.ª edição, segundo eles editada e impressa em 1869, foi sim uma versão impressa por Allan Kardec.

Devo reconhecer que o artigo tem o mérito de ter tentado se manter imparcial, apresentando inclusive os trabalhos de Simoni Privato, em O Legado de Allan Kardec, onde apresenta uma enorme coleção de provas e de evidências das adulterações.

Em que ponto, então, o artigo passa a assumir que tais adulterações não existem e que todas as evidências estão erradas? Principalmente a partir do item 37 — “As pistas do Catálogo Racional — o qual reproduzo abaixo:

Nesse quadro, apresentam-se algumas pistas, obtidas através da análise da obra Catálogo Racional, que teria tido sua primeira edição distribuída em 1 de abril de 1869, um dia após a morte de Allan Kardec:

  1. Há uma citação à obra La clef de la vie (A chave da vida), de Michel de Figagnères, sobre a qual Kardec teria feito um comentário reportando-se aos itens 4 a 7 do capítulo VIII de A Gênese. O item 7, porém, A Alma da Terra, apenas passou a existir a partir da 5ª edição dessa obra.
  2. Logo a seguir, apresenta-se a evidência de que a obra Os quatro evangelhos, de Roustaing, já teria sido citada pelo próprio professor Rivail nessa primeira edição do Catálogo, diferentemente do que algumas pessoas teriam dito, supondo que tal citação apenas teria se dado por adulteração. 

Há, porém, uma informação muitíssimo importante que se deixou de fora neste ponto: a referência de Kardec aos itens 64 a 68 do capítulo XV de A Gênese. Acontece que o item 68 apenas existiu até a 4.ª edição dessa obra, transformado em item 67 a partir da 5.ª edição, quando o item 67 original foi retirado. Esse item era muito importante, por tratar da questão de que a desaparição do corpo de Jesus, até então, seria assunto não solucionável, pela ausência, até então, da sanção do duplo controle da confirmação pela lógica rigorosa e pelo ensinamento geral dos Espíritos, e sua retirada parece muito estratégica, se considerarmos que as ideias contrárias, vindas de Roustaing, não tinham como se sustentar, pela ausência desse duplo controle.

Ora, por que essa contradição nas referências de Kardec? Por que teria ele, simultaneamente, se referido, em um ponto, a um item que ainda seria inserido em A Gênese, na 5a edição, enquanto que, em outro, se referia a um item que dela seria retirado, na mesma edição?

A lógica me leva pelo seguinte caminho:

  • Kardec já havia preparado a impressão do Catálogo Racional, mas ainda estava em vias de finalizar a impressão de A Gênese, que ainda estava, ao que tudo indica, nos estágios finais de reimpressão para correções e edições.
  • No Catálogo, Kardec faz referência a um item que ainda não existia em A Gênese (Cap. VIII, item 7) e outro que, a partir da 5a edição conhecida, deixou de existir (item 68). Isso pode demonstrar que Kardec, no Catálogo, faria referência a um item da nova edição de A Gênese, e que manteria a referência ao item 68, citado acima. Um provável adulterador, determinado a retirar o importantíssimo princípio da sanção do duplo controle, não notou o problema.
  • O Catálogo já havia sido encomendado e impresso com o conhecimento de Kardec, mas isso não significa que ele seria prontamente distribuído. Muito provavelmente, pela lógica dos fatos, ele esperaria a impressão da nova versão de A Gênese.

Suponho, também, pela lógica dos fatos, que a 5ª edição de A Gênese, por nós conhecida, foi baseada em alterações sobre os nos clichês do próprio Allan Kardec, visto que, nessa edição, o item 7 do capítulo VIII apresenta conteúdo em conformidade com o estilo e com o pensamento do próprio (a meu ver). Assim, as alterações que conhecemos, suponho, não são todas adulterações, mas a hipótese de adulteração fica muito evidente por todas as provas e evidências já apresentadas, até hoje, e pela simples análise de alguns pontos alterados ou suprimidos, que destoam do pensamento, do estilo e dos propósitos de Kardec e, sobretudo, do ensinamento dos Espíritos durante toda a primeira fase do Espiritismo.

Adiciono que não vejo nenhum motivo para Kardec não ter citado a obra de Roustaing em seu Catálogo, visto que ele próprio sugere, logo abaixo à recomendação, que o leitor busque melhores esclarecimentos em A Gênese, nos itens mencionados. Aliás, na 5.ª edição de A Gênese, há uma referência à Revista Espírita de setembro de 1868, pág. 261, que se refere ao mesmo tema contido no item 7 da primeira obra: A Alma do Mundo.

Mais uma evidência que mostra que as alterações na 5.ª edição de A Gênese não são totalmente resultados de adulterações, embora, inclusive sobre esse item, eu não possa afirmar se teria sido, além de introduzido, também adulterado, visto que o trecho que na 5.ª edição de A Gênese finaliza o item 7 do cap. VIII, continua, na Revista Espírita, de uma forma muito importante: “O Espiritismo seria, com razão, ridicularizado por seus adversários, se se fizesse o editor responsável por utopias que não resistem a um exame. Se o ridículo não o matou, é porque só mata o que é ridículo.

Sobre a afirmação muito comum de que algumas cartas confirmam a impressão da 5.ª edição da obra pelas mãos do próprio Kardec, já abordei o caso no artigo “As adulterações nas obras de Kardec e o “CSI do Espiritismo” (clique aqui para ler).

O que quero afirmar com tudo isso é que, sim, é um assunto bastante profundo e complexo, com muitas informações cruzadas a serem analisadas sob uma metodologia muito racional, lógica e verdadeiramente imparcial. Infelizmente, parece que muitas pessoas tentam se agarrar desesperadamente a qualquer evidência de que as adulterações não ocorreram e, ao agirem assim, deixam de analisar os fatos com todo o cuidado que o assunto merece.

Sempre repito: o conteúdo apresentado nas obras “O Legado de Allan Kardec” e “Nem céu, nem inferno” é completo e profundo demais para ser tomado como se fosse apenas um erro qualquer, baseado em informações incompletas ou falsas. Ainda assim, se há espaço para dúvidas, que as demais informações sejam analisadas com o máximo de critério científico, como o próprio Kardec nos ensinou e, enquanto não possam ser sanadas, fiquemos na segurança das obras indubitavelmente impressas de seus próprios punho e bolso.

Quero, por fim, destacar o seguinte: uma das provas mais utilizadas para afirmar que a 5a edição foi de autoria integral do próprio Kardec, a tal 5a edição de 1869, apresenta em sua capa, como endereço de impressão, o novo endereço da sede da Sociedade Espírita Parisiense: “Librairie Spirite et des Sciences Psychologiques”, em “7, rue de Lille”.

Sabemos que Kardec morreu antes do estabelecimento da Sociedade no novo endereço, o que comprova que tal edição somente foi impressa após sua morte. Leia mais clicando aqui.




Karma e Espiritismo

Karma e Espiritismo são como água e óleo: não se misturam. Cuidado com as pessoas que pregam a doutrina do karma dentro do meio espírita, pois o entendimento da Doutrina Espírita vai no sentido oposto: não estamos encarnados para pagar nada a ninguém, porque não devemos nada a ninguém, muito menos a Deus!

Encarnamos para vivenciar nossas escolhas e com elas aprender, através de provas e dificuldades, mas também através de abençoadas oportunidades, qual é a de ter o contato com o Espiritismo, que alavanca nosso progresso em muitos degraus, quando bem entendido e vivenciado.

Tudo faz parte de escolhas nossas, inclusive, na maior parte das vezes, a nossa forma de morrer. Mas, nisso, não há Karma. “Mas Paulo, fulano disse que as pessoas morreram queimadas na Boate Kiss porque mataram outras queimadas em outras vidas!”

Sinto dizer, mas fulano está quase totalmente errado. Que Deus seria esse, que castiga a ignorância na mesma moeda, à moda de Talião, em uma forma que nada ensina a ninguém? Isto posto, quero dizer: sim, existem Espíritos que ESCOLHEM castigos, seja durante a vida, seja na forma de morrer, por ACREDITAREM no karma e não saberem lidar com a culpa sobre seus erros. Veremos isso em O Céu e o Inferno, Segunda Parte, Capítulo VIII: tendo matado sua esposa emparedada, na vida precedente, mesmo tendo sido por ela perdoada, PLANEJOU uma morte horrível a fim de tentar se livrar dessa culpa. Vejam: planejou! E precisava? Não, porque na vida atual, foi bom homem, ou seja, buscou APRENDER a ser uma pessoa melhor.

Entende? Não estamos aqui para pagar dívidas, mas para aprender a sermos Espíritos mais felizes, através do abafamento de nossas imperfeições através do aprendizado! E isso, muitas vezes, é feito através de duras penas, inclusive no contato difícil com uma pessoa a quem, no passado, fizemos algum mal, e que, ainda sofrendo seus efeitos, tentamos auxiliar em uma nova encarnação. Mas, vejam: é questão de escolha consciente.

É nesse sentido que a Terra está deixando de ser um planeta de provas e expiações para ser um planeta de regeneração, pois a expiação consiste justamente no tipo de escolha de Antonio B, ou do assassino Lemaire (capítulo VI), enquanto que Espíritos melhor esclarecidos escolhem não apenas sofrer na pele, mas, sim, oportunidades melhores de aprenderem. E, junto a isso, chegamos ao tema da educação proposta por Pestalozzi, a cada dia mais tão necessária e importante.

Portanto, chega de se culpar. É claro: se fizemos um mal que ainda existe no momento em que nossa consciência desperta sobre ele, busquemos, sim, repará-lo, mas através do trabalho, e não da auto-flagelação. E isso vale para qualquer momento, seja na carne, seja na erraticidade. O que realmente importa é aprender, desenvolver melhores hábitos, desenvolver em si a humildade e a caridade. Isso sim interrompe o ciclo do mal e da dor.




As “supostas” adulterações em Allan Kardec: um chamamento aos espíritas

Supostas? Não, não são supostas. São factuais, com inúmeras provas e fortes evidências apresentadas, obtidas inclusive por pesquisa de campo e baseadas, outras, em documentos históricos de Allan Kardec que, aos poucos, vem à tona.

Infelizmente, a FEB, apoiada nos argumento de Carlos Seth, está se baseando em evidências muito fracas para argumentar a favor daquilo que acredita – a não adulteração – sem apresentar, como Kardec faria, a argumentação contrária, sem ir a fundo nelas. Trato sobre isso neste artigo: https://geolegadodeallankardec.com.br/2021/09/01/as-adulteracoes-nas-obras-de-kardec-e-o-csi-do-espiritismo/

Pior que isso, a defesa da não adulteração, frente às provas já existentes, fere a própria imagem de Allan Kardec, como se ele, que sempre realizou tudo com todo o cuidado necessário, sob todas as exigências da lei humana, tivesse então decido submeter uma alteração de forma ilegal, sem realizar o depósito legal, obrigatório naquela época, tornando-o um criminoso confesso. Creio que podemos e devemos fazer mais que isso, não apenas em nome de Allan Kardec, mas em nome de algo muito maior e mais sério: o Espiritismo, doutrina que vem para, finalmente, provocar e auxiliar as grande mudanças necessárias à humanidade.

Sinto um grande descontentamento ao verificar não que existem opiniões contrárias, mas, sim, que muitos espíritas sequer buscam seguir o exemplo de Kardec, probo e humilde, verificando todas as fontes sérias, mesmo contrárias às suas ideias previamente desenvolvidas, indo a fundo nelas e analisando o que, nelas, há de verdadeiro ou provável e, modificando a opinião própria frente às evidências científicas e, quando não, esmiuçando tais ideias a fim de mostrar onde elas falham.

Infelizmente muitos não tem agido assim, a despeito de inúmeros espíritas sérios, já desde o século XIX e, depois, passando por Silvino Canuto de Abreu e o próprio Herculano Pires, terem levantado graves acusações frente aos desvios que a Doutrina sofreu após Kardec.

Em verdade, não desejo que concordem comigo, mas, sim, que ajamos todos de forma conscienciosa, espelhados no exemplo do professor Rivail. Diversas obras, desde alguns anos, tem apresentado evidências sérias demais e por demais bem embasadas a ponto de serem colocadas de lado e descartadas. Se vamos discutir sobre adulterações, discutamos sob a luz da razão, frente ao raciocínio lógico e as provas e evidências, como Kardec faria.

Por nos dizermos Espíritas, que é uma ciência nascida da observação dos fatos e das evidências, uma vez mais peço: não deixemos essas obras de lado, pois o que elas trazem, ainda que fosse falso, é por demais importante e grave para ignorá-las, como o movimento espírita brasileiro tem feito.

São elas, mas não apenas:

  • O Legado de Allan Kardec, por Simoni Privato
  • Nem céu nem inferno: As leis da alma segundo o Espiritismo, por Lucas Sampaio e Paulo Henrique de Figueiredo
  • Muita Luz (BEAUCOUP DE LUMIÈRE), de Berthe Fropo
  • Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo, por Paulo Henrique de Figueiredo

Irmãos, leiam, estudem, se informe e espalhem essa motivação, por todo canto. Já é mais que hora de restaurarmos o entendimento original sobre o Espiritismo!




O Renascimento do Espiritismo

Vivemos a grande escuridão, novamente. Após o Espiritismo raiar na face da Terra como grandiosa luz que poderia nos lançar ao mais acelerado processo de renovação espiritual e moral humana, se espalhando com a velocidade de um raio, sofreu enorme revés e, então, passou a ser lentamente esquecido em suas proposta e verdadeira face originais. Vieram, então, as guerras, o grande desenvolvimento industrial, as enormes facilidades materiais, os enormes lucros e, por trás de grandes sorrisos falsos, de bonitas máscaras sociais, alegres e divertidas, se multiplicam as enormes dores e angústias que, não raro, encontram saída na desistência da vida e no suicídio direto ou indireto.

A humanidade clama. Há choro e ranger de dentes. Eis que, então, o inimaginável acontece e uma doença de facílima transmissão, embora de taxas de mortalidade relativamente baixas, se alastra por toda a superfície do planeta, levando entes queridos, vizinhos e conhecidos, pobres e ricos, em questão de poucas semanas – quase sempre, em menos de 20 dias. A humanidade se mostra, uma vez mais, ferida e vulnerável. O Espírito foi esquecido. A moral foi colocada de lado, como artigo de politicagem. Deus se tornou artigo de fé cega, quase sempre incompreendido e, embora presente em muitas línguas, vazias no coração.

As partidas de pessoas próximas abalam as famílias e os indivíduos. Um grande movimento se acelera: a busca por reaproximação com o espiritual, a busca por consolação, a busca por respostas. E eis que justamente nessa mesma época, começam a se avolumar, aos nossos olhos, grandiosos estudos e preciosas obras, por mãos dedicadas de irmãos entregues ao trabalho da Verdade, trazendo a nós a verdadeira face do Espiritismo e sua história, e grande e preciosa parte, até então incompreendida ou, então, desconhecida.

Vivemos, hoje, processo muito parecido com aquele vivido nos meados do século XIX, nos trazendo uma oportunidade mais uma vez extremamente grandiosa. Vejo e acredito que, como antes, vivemos grande chamamento de volta à espiritualidade. Multiplicam-se por todas as partes os fenômenos mediúnicos, inclusive os físicos, com vistas a chamar a nossa atenção. Como antes, passou a humanidade por gravíssima fase materialista, dando margem às grandes chagas do egoísmo e do orgulho, além de espaço à proliferação de todos os vícios e imperfeições, físicas e morais.

Nos foi dado a conhecer que o Espiritismo sofreu com diversas manipulações e desvios, às vezes criminosos, se não aos olhos da justiça humana, mas ao menos perante a justiça Divina. Letra e Movimento foram adulterados. O Espiritismo, após a morte de Kardec, perde a força gigantesca que vinha desenvolvendo e, com as guerras, encontra, no Brasil, guarida, para ficar em estágio semi-gestacional, no meio religioso, por mais de um século…

Irmãos, como dizia, vivemos momento importantíssimo e singular. O Espiritismo nasceu em momento favorável e necessário, quando a humanidade buscava respostas filosóficas para fazer frente ao negacionismo materialista que, por sua vez, nasceu para enfrentar o dogmatismo ferrenho das velhas religiões. Hoje, o Espiritismo renasce, em sua real exuberância, no momento certo, para atender aos clamores daqueles tantos que buscam respostas ao mesmo materialismo pujante e ferrenho que esfriou as almas durante o último século e colocou o homem no caminho do ganho e do lucro, das paixões efêmeras e do culto ao corpo.

A enorme diferença é que, hoje, encontramos o trabalho já iniciado. Não necessitamos desenvolver o raciocínio do zero, analisando fenômenos físicos, conversando com Espíritos através de pancadas. Basta, a nós, estudar a fundo, com muita sabedoria e dedicação, o Espiritismo e as obras complementares que nos ajudem a melhor compreendê-lo, situando-o de forma contextualizada no momento histórico em que nasceu para, então, trazer aos nossos dias o exato entendimento, que até hoje não tivemos, em maioria, sobre o que realmente é o Espiritismo!

Mas isso não será possível enquanto não agirmos conforme o exemplo daquele que Deus nos deu como exemplo nesse particular. Não falo do nosso exemplo máximo, Jesus, mas, sim, do nosso grande e humilde mestre, afável e caridoso, pesquisador dedicado à humanidade, Allan Kardec. Não, enquanto não seguirmos o seu exemplo, repito, a recuperação do Espiritismo não será possível. Kardec não foi perfeito, como nenhum de nós somos, mas uma coisa muito importante ele exemplificou: a total ausência de personalismo, vaidade e orgulho, bem como a busca por analisar fatos, provas e opiniões, de todos os lados e de todas as fontes, sem, antes, forma ideia previamente concebida. Enquanto nosso personalismo, nossa vaidade, nosso orgulho, nossos preconceitos, enfim, falarem mais alto, não sairemos do mesmo lugar. Não é isso, infelizmente, que tem feito as pessoas que, tomando frágeis argumentos a favor de suas ideias pessoais, continuam renegando os fatos históricos e que, por isso, se afastam do desenrolar do entendimento claro e profundo a respeito do Espiritismo, como já tratei neste artigo.

Espíritas, olhem ao redor: o trabalho nos chama, arduamente! O mundo de regeneração não virá sozinho! A regeneração precisa partir de nós, mas ela não se dará enquanto nos mantivermos parados, sentados, esperando a vida e aquilo que achamos serem castigos, passarem. Precisamos compreender que as dificuldades da vida, que julgamos castigos intransponíveis, são, na verdade, oportunidades valiosas de aprendizado e de correção de nossas imperfeições que nos levam a errar. Precisamos compreender que, assim como Deus não nos impõe castigos, mas, sim, oportunidades difíceis – mas totalmente suportáveis, desde que nós mesmos não aumentemos suas dificuldades – para aprendizado e elevação, também precisamos nós, com o auxílio da Doutrina Espírita, aprendermos a colocar em prática em nossas vidas e, sobretudo, com nossas crianças, a mesma moral: somos imperfeitos e castigar o erro nascido da imperfeição apenas causa retração e, muitas vezes, aumento da imperfeição e do erro. É isso que o Espiritismo vem nos mostrar: ninguém se torna anjo num estalar de dedos e, também, ninguém perde o que já conquistou. Não há anjos caídos, da mesma forma que não há escolhidos por Deus. Todos nós chegaremos à perfeição, sem exceções, mas a velocidade com que lá chegaremos depende, única e exclusivamente, de nós.

Assim, irmãos, mais do que nunca, vale aquela tão importante exortação: “Espíritasamaivos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo”. Precisamos deixar de lado as cisões. Precisamos deixar de lado os preconceitos. Precisamos, como Kardec, ouvir todas as opiniões, de todas as fontes, mas apenas como Kardec, entendendo muito bem seu trabalho, seu exemplo e seu método, poderemos nos unir, nos amar e nos instruir. E, sobretudo, precisamos produzir, em nosso bem e em favor do próximo, pois o tempo urge e, após um ano e meio de centros espíritas fechados, muitos sem nenhuma produção, sequer entre seus membros mais próximos, precisamos recuperar o Espiritismo que não é vivido em templos fechados, mas, sim, em nossa intimidade familiar e, daí, para o mundo afora!

Mais uma vez, fica aqui a exortação, o pedido, para que vós, irmãos, leiam também as obras tão importantes e necessárias ao nosso entendimento:

  • O Legado de Allan Kardec, por Simoni Privato
  • Nem céu nem inferno, por Paulo Henrique de Figueiredo e Lucas Sampaio
  • Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo, por Paulo Henrique de Figueiredo
  • Muita Luz, por Berthe Fropo



Por que a esposa de Kardec não impediu as adulterações em A Gênese?

A questão das adulterações em A Gênese já está factualmente sancionada, isto é, não há mais dúvidas de que Allan Kardec não foi o responsável pelas alterações apresentadas a partir da quinta edição de A Gênese. Tudo isso fica bastante claro na obra O Legado de Allan Kardec, de Simoni Privato, mas nós também já abordamos um pouco disso no artigo As adulterações nas obras de Kardec e o “CSI do Espiritismo”. Ainda restava, contudo, uma questão: como é que a esposa de Kardec, Amélie Boudet, deixou passar essa adulteração tão séria?

A resposta veio de forma bastante simples e clara: ela não sabia de tais alterações (ou adulterações), nem as esperava, até mesmo porque nunca houve um depósito legal para a nova edição, necessário, naquela época, para qualquer alteração no conteúdo da obra. Allan Kardec sempre realizou tais depósitos, quando necessário, para uma nova obra ou para uma nova edição, com alterações da anterior. É por isso de ele nunca fez depósito legal de nenhuma outra edição de A Gênese, pois, nas quatro primeiras edições, ela não sofreu alterações.

Tudo isso fica mais claro no vídeo abaixo. Convidamos o leitor a assistir, com atenção, e a deixar seu comentário aqui neste artigo.




A adulteração em A Gênese e o “CSI do Espiritismo”

Para quem acompanha nosso trabalho e já se inteirou das informações desta iniciativa, sabe que ela nasceu, principalmente, por uma grande agitação pessoal causada após a leitura das obras “O Legado de Allan Kardec”, de Simoni Privato, e “Nem céu nem inferno: As leis da alma segundo o Espiritismo”, por Lucas Sampaio e Paulo Henrique de Figueiredo. Após ter contato com essas obras, que, reitero e defendo, são extremamente bem fundamentadas na evidência dos fatos históricos, aliadas à irretorquível racionalidade de seus autores e demais envolvidos, fica claramente evidente que o Espiritismo sofreu grande revés, após a morte de Allan Kardec, com a adulteração na letra, em A Gênese e em O Céu e o Inferno, e no movimento espírita. Não é o que pensa Carlos Seth, do CSI do Espiritismo, mas já falaremos sobre isso.

Na letra, duas obras do professor Rivail (Allan Kardec) sofreram adulterações, após sua morte, inserindo-se nela conteúdos que causam entendimentos diferentes daqueles que o Codificador e os Espíritos Superiores anteriormente refletiram nessas obras.

No movimento espírita a adulteração foi no sentido de que, conforme planos de Kardec, esse deveria deixar de ser centralizado em uma pessoa ou grupo, espalhando-se sobre incontáveis grupos, solidários entre si, continuando os estudos nos mesmos moldes de lógica, razão, concordância universal e, sobretudo, caridade e fraternidade. Após sua morte, o movimento, sob a nomenclatura da Sociedade Espírita Parisiense, fundada por Kardec, e às custas de suas notórias imagem e contribuição prévias, passou a ser regido conforme as vontades particulares e os interesses pessoais. Tornou-se, a referida Sociedade, o templo repleto de vendilhões.

Antes de continuar, contudo, eu peço: não acredite apenas em mim. Leia você também as referidas obras, além da obra “Muita Luz”, de Berthe Fropo, facilmente encontrada em PDF, na Internet.

Creio que como Espíritas devemos buscar o exemplo probo e justo do grande mestre, professor Rivail, que nunca dava afirmativa ou negativa sobre qualquer assunto sem, antes, dele se inteirar completamente. E aqui, não podemos fazer diferente, se realmente queremos ser leais à Doutrina Espírita que, para espalhar luz, carece de ser confirmada e compreendida por toda a parte.

Pois, bem! Regido por esse impulso, cheguei até uma página no Facebook chamada “CSI do Espiritismo“, onde, dentre alguns artigos, um há bastante especial, de Carlos Seth, do dia 04/11/2020, tratando a respeito de uma carta manuscrita, com a letra inconfundível de Allan Kardec, que daria a entender que, “sem sombra de dúvidas”, a obra “A Gênese” não teria sido adulterada em sua 5.ª edição, mas, sim, produzida pelo próprio Allan Kardec.

Quero adiantar que acho estranho um artigo de uma página supostamente espírita e que, pelo próprio nome, dá a entender o grande compromisso com a investigação, se basear apenas em um dos lados da história, não indo a fundo na citação e na análise das afirmações contrárias, como é o caso daquelas apresentadas largamente pela autora Simoni Privato na obra anteriormente citada e, depois, por Paulo e Lucas na obra “Nem céu nem inferno”.

É muito estranho, na verdade. Parece haver uma pressa, uma ansiedade mesmo, muito grande, em encontrar sequer uma fonte que dê embasamento, embora enviesado, à tese de que toda essa enorme quantidade de informações que apontam para adulterações não passariam, na verdade, de engano, ou que os autores tiveram mero descuido na análise peremptória de todo esse material.

É totalmente diferente do que fazia e do que recomendava Allan Kardec, que, por inúmeras vezes, apresentava e discutia as ideias contrárias, mesmo aquelas que poderiam, em um primeiro golpe de vista, conquistar simpatias contrárias ao Espiritismo. Ele, porém, não estava preocupado com isso. Sua preocupação era a verdade, haurida na verificação da lógica dos fatos e da razão.

De minha parte, não pretendo cometer o mesmo engano e, por isso, reproduzo abaixo alguns trechos desse artigo, que pode ser conferido na íntegra através deste link.

O artigo da página CSI do Espiritismo e minhas considerações

Vou destacar os trechos mais importantes do artigo citado, fazendo minhas considerações logo abaixo de cada trecho.

É informado por Allan Kardec (vide parte em negrito na tabela contendo a transcrição/tradução do manuscrito) que a tradução devia ser feita a partir da nova edição da obra (A Gênese), que estava naquele momento – em setembro de 1868 – sendo reimpressa e que esta continha correções e acréscimos importantes.

Isso não prova que se tratava de uma nova edição, mas, sim, da reimpressão, muito provavelmente da mesma edição – a 4a, em estágio de finalização naquele momento. Ora, não podemos supor que Kardec, metódico e sempre extremamente cuidadoso com tudo, haveria submetido uma nova edição para impressão sem que se houvesse realizado o depósito legal junto à Biblioteca Nacional, o que ainda era exigido por lei e que foi estritamente cumprido para todas as novas edições de todas as obras por ele produzidas.

Temos, ainda, aqui, algo muito substancial: em “O Legado de Allan Kardec”, de Simoni Privato, a autora faz uma profunda explicação sobre como funcionavam as impressões naquele tempo. De forma resumida, enquanto a edição de uma obra não estivesse concluída, isto é, ainda houvessem correções a serem realizadas, elas eram feitas sobre tipos móveis, com a impressão de poucos exemplares. Após a finalização das correções e dos ajustes, os tipos móveis eram utlizados para a fundição de matrizes, que funcionavam como moldes para a produção de tipos fixos, em metal, para a produção em larga escala.

Acontece que existe uma declaração, do Sr. Rouge, tipógrafo das seis primeiras edições de A Gênese, afirmando que as matrizes da obra foram realizadas ao final de 1868 e cobradas do Sr Rivail (Kardec), ou seja, pouco após a citada carta em que ele fala em reimpressão da obra, por conter erros e acréscimos. Ou seja: a edição estava em fase final de elaboração, tendo sido concluída logo após!

Notamos que seria claramente possível a reimpressão de novas edições sem alterações. O contrário  (a realização de alterações) demandaria a submissão de novo registro na Biblioteca Nacional Francesa, sem o qual o autor estaria agindo ilegalmente e poderia enfrentar reações do próprio governo, então sob o Segundo Império, de Napoleão III.

A obra referida (A Gênese) teve 3 edições feitas com Kardec em vida. A 1ª edição da obra veio à luz, em Paris, no dia 6 de janeirode 1868, seguindo-se, nesse mesmo ano, a publicação da 2ª e da 3ª edições, absolutamente idênticas,
meras reimpressões da 1ª edição (é por isso que há apenas dois depósitos legais da obra: a primeira edição e a 4ª edição).

A 4ª edição, embora contendo na capa e na folha de rosto o ano de 1868, só foi publicada no primeiro semestre de 1869, já desencarnado o Codificador, mas guardando as mesmas características das três primeiras edições, com as quais não se diferencia em ponto algum, ou seja, produzida sobre as matrizes encomendadas pelo próprio Kardec ao final de 1868.

No manuscrito consta a informação de que as folhas impressas da nova edição (A Gênese) seriam enviadas por Allan Kardec (ao destinatário da carta para a tradução), além de dizer que existia cerca de metade delas (referência às folhas impressas com o conteúdo da nova edição) já prontas, comprovando que o mestre havia concluído o texto alterado da nova edição.

Eu não compreendo Francês, muito menos entendo a letra de Kardec. Tenho que considerar o que o autor do texto está dizendo e, aqui, me pergunto: afinal, se tratava de uma REIMPRESSÃO ou de uma NOVA EDIÇÃO? Contudo, ao buscar nos textos transcritos do francês (disponíveis aqui) não há, até onde vi, a palavra “édition” relacionada à obra A Gênese, tampouco à obra “O Céu e o Inferno”.

NOTA: após leitura cuidadosa, notei que, sim, a palavra “édition” – “nouvelle édition – nova edição – existe na carta original. Ainda assim, nesse momento, isso não prova que a suposta 5a edição, de 1869, seja integralmente das mãos de Kardec.

Considerando que as “provas impressas” já estavam sendo feitas pela tipografia em setembro de 1868, e se elas seriam enviadas para a tradução em alemão, podemos afirmar que temos um reforço substancial à hipótese da Declaração de Impressão de 04/02/1869 se referir à 5ª edição “revista, corrigida e aumentada”. Além disso, se as matrizes de impressão estavam praticamente prontas em setembro de 1868 – visto que a gráfica já estava imprimindo as folhas – a tentativa de quaisquer interferências no conteúdo da obra após o falecimento de Kardec, e antes da publicação da 5ª edição de 1869 – grifo meu – (abril, maio ou junho), seria bastante improvável. Como justificar qualquer alteração para o tipógrafo? Quem assumiria este custo de fazer uma nova diagramação de todo o livro e da confecção de novas matrizes? Por que? Que provas existem sobre esta hipótese?

A quinta edição somente foi publicada oficialmente em 1872. Existe, até o momento, UM exemplar de uma suposta quinta edição, de 1869, mas que se mostra evidentemente clandestina, como se pode observar aqui: https://espirito.org.br/artigos/sobre-5a-edicao-clandestina-genese-de-1869/

No manuscrito da carta de 25/09/1868 temos, também, a importante informação de que o livro “O Céu e o Inferno” iria, igualmente, ser reimpresso com correções (vide parte em negrito na tabela contendo a transcrição/tradução do manuscrito)

Mesmo caso. Reimpressão não é nova edição.

Ela é a fonte primária que comprova((Argumento falacioso, visto que parte da análise de apenas um lado dos fatos, e de forma enviesada.)) que Allan Kardec efetuou alterações no livro A Gênese, com correções e acréscimos importantes. Além de indicar que o mestre já havia iniciado o processo de reimpressão da nova edição da 5ª edição, já em setembro de 1868((Iniciar é diferente de finalizar. Naquela época, principalmente, o processo envolvia a impressão de exemplares para análise e correção. Apenas ao final disso, com a edição finalizada, fundia-se a matriz para a impressão em massa – o que nunca aconteceu, conforme relata Privato)). O manuscrito da carta confirma que pelo menos metade das folhas de impressão dos textos da edição revisada já estariam prontas naquela data((Isso apenas dá suporte à tese de que a nova edição estava em andamento, em pleno processo de revisão e correção, mas não finalizada.)).

Considerações finais

Apenas ao final do artigo citado, aparentemente como uma forma de “descansar” a consciência, há uma muito breve citação ao nome de Simoni Privato, com um agradecimento por seu trabalho fraternal (?), não havendo qualquer citação anterior, seja de sua obra, como bibliografia, a fim de buscar comparar as evidências por ela apontadas.

A página em questão, CSI do Espiritismo, vêm sendo largamente indicada como “fonte confiável”, como a última palavra a respeito dessas investigações, por diversas outras entidades, individuais ou representativas, como é o caso da FEB, em seu artigo “A propósito da suposta adulteração do livro O céu e o inferno, de Allan Kardec”. Acontece, porém, que não está havendo o necessário estudo metodológico e concordante, submetido à razão, sequer sobre esses FATOS:

  1. Constitui adulteração e, por isso mesmo, se torna ilegal, qualquer alteração em obra, realizada postumamente, que não seja para a atualização gramatical necessária. Kardec não estava vivo para dizer se queria aquela obra publicada daquela forma, ainda que ela tenha sido produzida por sua própria mão.
  2. Pelo simples fato de que não há depósito legal, por Allan Kardec, da 5a edição de A Gênese, nem da 4a edição de O Céu e o Inferno, cujas alterações, aliás, compreendem a eliminação do prefácio da obra, o que sequer faz sentido à razão, deveríamos nos manter, por segurança, com a 4a Edição de A Gênese e a 3a Edição de O Céu e o Inferno.
  3. A Sociedade Espírita de Paris, comandada por Leymarie, se distanciou totalmente dos propósitos de Kardec, deixando-se, esse infeliz senhor, sucumbir pela tentação da vaidade e do dinheiro. Chegou ao ponto de expulsar, de um dos apartamentos destinados por Allan Kardec a fins de caridade, um casal de idosos, por simples atraso nos pagamentos do aluguel, quando o mesmo e a Sociedade contavam com grandes somas de posses e dinheiro. Além disso, colocou de lado os planos para a continuidade do movimento espírita, com a multiplicação dos grupos de estudos e das “investigações” espíritas, regidas sob a metodologia necessária – ora, como poderiam aplicar tal medotologia aqueles que se veriam desmentidos por ela, não é mesmo?
  4. Uma das provas mais utilizadas para afirmar que a 5a edição foi de autoria integral do próprio Kardec, a tal 5a edição de 1869, apresenta em sua capa, como endereço de impressão, o novo endereço da sede da Sociedade Espírita Parisiense: “Librairie Spirite et des Sciences Psychologiques”, em “7, rue de Lille”.

Sabemos que Kardec morreu antes do estabelecimento da Sociedade no novo endereço, o que comprova que tal edição somente foi impressa após sua morte. Leia mais clicando aqui.

Algo muito grave, também, é que, indiretamente, está se imputando ao sr. Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) um crime grave: o de ter realizado uma nova edição, com alterações, sem a ter submetido legalmente, através do depósito legal necessário, como sempre o fez, afirmando-o, também, irresponsável. Ora, quem em sã consciência estudou Kardec um pouco mais aprofundadamente, facilmente verificará que uma coisa que ele jamais deixou de fazer foi agir séria e legalmente, tomando todos os cuidados para assegurar um futuro seguro para a Doutrina Espírita.

Aliás, de posse dos manuscritos de Kardec, disponibilizados pelo CDOR, da FEAL, foi possível identificar que:

Algumas cartas manuscritas demonstram que, em fevereiro de 1868, Kardec estava interessado em acrescentar trechos em A Gênese, pois era de seu costume, depois de um tempo do lançamento, revisar suas obras. Para isso, pediu conselhos aos espíritos para organizar esse trabalho.

Alguns amigos espirituais deram orientações para uma revisão da obra, com a expressa indicação para não alterar em nada as questões doutrinárias, como se percebe pelos seguintes trechos desta comunicação:

Minha opinião é que não há absolutamente nada de doutrina a ser retirado; tudo aí é útil e satisfatório sob todos os aspectos” e

É necessário deixar intactas todas as teorias que aparecem pela primeira vez aos olhos do público”.

No caso, além da demonstração jurídica da adulteração de A Gênese, também esta comunicação reforça o fato em razão das alterações doutrinárias identificadas na obra, com a supressão de diversos trechos em que Kardec critica a moral heterônoma do fanatismo religioso, dentre outras manipulações.

Ainda nesta comunicação, o espírito sugeriu também que ele trabalhasse sem pressa e sem dedicar muito tempo:

Sobretudo, não se apresse demais. (…) Comece a trabalhar imediatamente, mas não de forma exagerada. Não se apresse”.

https://espirito.org.br/autonomia/ncni-conselhos-sobre-a-genese/

Chega a ser um absurdo. Essas cartas acima citada estão disponíveis, no mínimo, desde 2020, e os confrades do “CSI do Espiritismo” nem tocam nesse assunto!

Esses fatos, somados a inúmeros outros, que, hoje, podem ser facilmente colhidos e verificados pelo trabalho dos autores citados, deveriam acender um grande, um enorme sinal de alerta nas instituições espíritas brasileiras, provocando a busca por uma profunda análise do passado, sem vieses (porque não basta tomar apenas um lado da história – aquele que mais agrada a determinadas opiniões) mas, sobretudo, pela recuperação dos projetos de continuidade e do modelo exemplar de Allan Kardec, esses sim esquecidos pelo tempo e, obviamente, por conta das adulterações no Movimento.

Essa sim, sem sofismas, é a verdadeira forma de prestar homenagem a esse homem, professor Hippolyte Leon Denizard Rivail, que, junto à sua esposa, Amélie Gabrielle Boudet, dedicaram seus tempo, felicidade, tranquilidade e saúde em nome da causa da caridade e da difusão da doutrina consoladora pela Europa e pelo mundo.