Estatísticas do Espiritismo – 6 a 7 milhões em 1868

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No ano de 1869, Kardec estimou que existiam de 6 a 7 milhões de espiritas segundo a estatística que ele fez. Ele a fez conforme os dados dos assinantes de suas revistas e de sua correspondência. Assim ele explica a Revista Espírita de janeiro de 1869. Ele não forneceu uma medida aproximada, pois:

Uma enumeração exata dos espíritas seria coisa impossível, como já dissemos, por uma razão muito simples, é que o Espiritismo não é nem uma associação, nem uma congregação; seus aderentes não estão inscritos em nenhum registro oficial. É bem sabido que não se poderia avaliar a quantidade pelo número e pela importância das sociedades, frequentadas apenas por uma minoria ínfima. O Espiritismo é uma opinião que não exige qualquer profissão de fé, e pode estender-se ao todo ou a parte dos princípios da Doutrina. Basta simpatizar com a ideia para ser espírita. Ora, não sendo essa qualidade conferida por nenhum ato material, e não implicando senão obrigações morais, não existe qualquer base fixa para determinar o número dos adeptos com precisão. Não se pode estimá-lo senão aproximadamente, pelas relações e pela maior ou menor facilidade com que a ideia se propaga. Esse número aumenta dia a dia, numa proporção considerável; é um fato positivo, reconhecido pelos próprios adversários; a oposição diminui, prova evidente de que a ideia encontra mais numerosas simpatias.

Revista Espírita de e janeiro de 1869

No mesmo artigo, Kardec destaca;

Enquanto isso, pode-se afirmar, sem exagero, que, em suma, o número dos adeptos centuplicou em dez anos, malgrado as manobras empregadas para abafar a ideia e contrariamente às previsões de todos aqueles que se vangloriavam de tê-la enterrado. Isto é um fato consumado, do qual é preciso que os antagonistas tomem conhecimento.

Idem

Kardec aborda duas categorias de pessoas em relação ao Espiritismo: aquelas que o aceitam conscientemente após estudo do Espiritismo e aquelas que, embora ainda não se identifiquem como espíritas, possuem intuições e crenças alinhadas à doutrina. Destaca que ideias espíritas surgem de forma natural em muitos indivíduos, mesmo sem contato prévio com o Espiritismo, o que comprova que essas ideias fazem parte da Natureza e tendem a se difundir. A oposição ao Espiritismo, em muitos casos, deve-se a percepções erradas baseadas em críticas distorcidas. Quando essas pessoas conhecerem a verdadeira doutrina, tenderão a aceitá-la, tornando-se espíritas no futuro. Mesmo com estas considerações, Kardec não os incluiu no estudo.

Ele explica também que, embora seja impossível obter uma estatística numérica exata sobre o número de espíritas, é possível analisar a sua distribuição com base em profissões, posição social, nacionalidades e crenças religiosas. Considerando a variação no número de pessoas em cada profissão, pode-se identificar em quais categorias o Espiritismo tem mais adeptos. Em alguns casos, a proporção foi calculada em percentagens com boa precisão, embora sem rigor matemático, enquanto noutras categorias a classificação baseou-se no número relativo de adeptos. Essas conclusões foram obtidas a partir de mais de dez mil observações.

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mundo e pessoas

Vamos aos números (relativos) apresentados na edição de janeiro de 1869:

De 11 itens, queremos salientar este item que trata das ideias religiosas. Aqui Kardec deixa claro a distancia que existe entre o Espiritismo e a Religião. Mais uma vez, Espiritismo nunca foi uma religião, Espiritismo ~e uma ciencia filosofica. Como ciencia Ele investiga tudo de maneira racional, ela pode continuar na sua religião e estudar o Espiritismo. Quem tem pensamento livre e fé raciocinada não se apega no dogma.

Nós ficamos impressionados com as profissões de médicos e engenheiros estarem no topo desta lista. Conta Kardec no artigo que em cada cem médicos espíritas, pelo menos oitenta são homeopatas. Isso ocorre porque o princípio da homeopatia os aproxima do espiritualismo, sendo raro encontrar materialistas entre eles, ao contrário dos alopatas. Os homeopatas compreendem melhor o Espiritismo, identificando nas propriedades do perispírito a base do seu sistema. Por sua vez, os espíritas reconhecem a racionalidade da homeopatia e a defendem contra críticas injustas, mantendo uma postura equilibrada em relação à alopatia.

Como o Magnetismo e o Espiritismo são ciências complementares que se explicam mutuamente, nenhuma das duas pode evoluir plenamente sem o apoio da outra, funcionando de forma integrada, assim como a Física e a Química ou a Anatomia e a Fisiologia. Muitos magnetistas reconhecem intuitivamente essa ligação e utilizam seus conhecimentos em magnetismo como forma de se aproximar do Espiritismo.

É mais difícil compreender a posição que ocupam, nesta classificação, certas profissões industriais. Pergunta-se, por exemplo, por que os alfaiates aí ocupam a primeira posição, enquanto livreiros e impressores, profissões bem mais intelectuais, estão quase na última. É um fato constatado há muito tempo e do qual ainda não percebemos a causa.

idem

Há uma série consequências destes resultados que Kardec encontrou. Entre elas, ressaltamos:

Que há espíritas em todos os graus da escala social. Além disso, que a grande maioria dos espíritas se acha entre as pessoas esclarecidas e não entre as ignorantes. E em parte alguma se desenvolveu primeiro nas camadas inferiores.

O curioso é que depois de Kardec publicar sua estatística do espiritismo, ele presenta, na edição de Fevereiro de 1869, a apreciação desta mesma estatística feita pelo jornal La Solidarité de 15 de janeiro de 1869. No artigo ele refuta os números apresentados por Kardec dizendo que Kardec errou muito pois não contou os adeptos da Ásia.

Vamos destacar somente alguns trechos, e deixamos a leitura completa desse artigo para o leitor. Para ler o artigo clique aqui

“Lamentamos não poder reproduzir, por falta de espaço, as reflexões muito sábias que o Sr. Allan Kardec acrescenta a essa estatística. Limitar-nos-emos a constatar com ele que há espíritas em todos os graus da escala social; que a grande maioria dos espíritas se acha entre pessoas esclarecidas e não entre os ignorantes; que o Espiritismo se propagou por toda parte, de alto a baixo na escala social; que a aflição e a infelicidade são os grandes recrutadores do Espiritismo, em consequência das consolações e das esperanças que ele dá aos que choram e lamentam; que o Espiritismo encontra mais fácil acesso entre os incrédulos em matéria religiosa que entre as pessoas que têm uma fé fixa; enfim, que, depois dos fanáticos, os mais refratários às ideias espíritas são as criaturas cujos pensamentos estão todos concentrados na posse e nos prazeres materiais, seja qual for a sua condição.”

idem

“Engana-se muito a Revista Espírita quando estima em apenas seis ou sete milhões o número de espíritas para o mundo inteiro. Evidentemente ela se esquece de contar a Ásia.

“Se pelo termo espírita entendem-se as pessoas que creem na vida de além-túmulo e nas relações dos vivos com a alma das pessoas mortas, há que contá-los por centenas de milhões. A crença nos Espíritos existe em todos os seguidores do budismo, e pode-se dizer que ela constitui o fundo de todas as religiões do extremo Oriente. Ela é geral sobretudo na China. As três antigas seitas que desde tanto tempo dividem as populações no Médio Império, creem nos manes, nos Espíritos, e professam o seu culto. ─ Pode-se mesmo dizer que este é para elas um terreno comum. Os adoradores do Tao e de Fo aí se encontram com os seguidores do filósofo Confúcio.

“Os sacerdotes da seita de Lao-Tseu, e particularmente os Tao-Tse, ou doutores da Razão, devem às práticas espíritas uma grande parte de sua influência sobre as populações. Esses religiosos interrogam os Espíritos e obtêm respostas escritas que não têm mais nem menos valor que as dos nossos médiuns. São conselhos e avisos considerados como dados aos vivos pelo Espírito de um morto. Aí se encontram revelações de segredos unicamente conhecidos por quem interroga, algumas vezes predições que se realizam ou não, mas que são de natureza a chocar os assistentes e estimular muito os seus desejos, para que se encarreguem de realizar, eles próprios, o oráculo.

“Essa correspondência é obtida por processos que não diferem muito dos processos dos nossos espíritas, mas que, entretanto, devem ser mais aperfeiçoados, se considerarmos a longa experiência dos operadores que os praticam tradicionalmente.

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Indicações de Leitura (Livros)

  1. sensualistas são os que seguem a doutrina do sensualismo, ou seja, a doutrina dos que atribuem aos sentidos a origem de todas as ideias, opondo-se ao idealismo. []
  2. O Vocábulo magnetizador desperta a ideia de ação; o de magnetista uma ideia de adesão. O magnetizador é o que exerce por profissão ou outra coisa. Pode-se ser magnetista sem ser magnetizador. Dir-se-á; um magnetizador experimentado e um magnetista convicto. []

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