Vários modos de comunicação
Os Espíritos se comunicam de várias formas. As primeiras delas se deram através dos fenômenos da tiptologia e da sematologia que são, respectivamente, as comunicações através de pancadas (por exemplo, 1 batida para sim e 2 para não) e aquelas através do movimento de objetos (por exemplo: o Espírito move uma mesa ou um lápis na direção da letra ou da palavra que deseja comunicar).
Esses, contudo, foram métodos muito rudimentares e mesmo extremamente cansativos para ambos os lados. Além disso, se prestaram muito mais a chamar a atenção para o fato das inteligências espirituais agindo por trás dos fênomenos do que para a transmissão de ensinamentos superiores, poste que se dão a tais fenômenos apenas Espíritos inferiores – embora possam estar “a serviço” de outros Espíritos mais elevados.
O uso do lápis amarrado à cestinha também foi uma forma de sematologia, mas, mais propriamente, é chamado por Kardec, pelo menos nesse momento, de escrita indireta. Muito rapidamente, porém, e a conselho dos próprios Espíritos, esse método foi substituído pela psicografia, onde o próprio médium segura o lápis ou a pena e cede o controle de sua mão ao Espírito comunicante.
A capacidade e a profundidade dessa escrita, obtida pela psicografia, depende muito da capacidade do próprio médium e do Espírito comunicante – em outras palavras, da sinergia entre eles. Alguns obtém longos manuscritos de ordem elevada; outros obtém escritas impossíveis de serem lidas senão pelos próprios médiuns, como se uma espécie de intuição os guiasse.
Também é importante lembrar que a psicografia pode ser mais intuitiva ou mais mecânica. Quando ela é mais mecânica, as mãos do médium podem ser agitadas, controladas, sem que este saiba sequer o que está escrevendo. É o contrário do que acontece no primeiro caso, onde a comunicação vem através da intuição.
Outro gênero de comunicação é o da palavra – aquilo que hoje nós conhecemos como psicofonia. O Espírito toma controle das cordas vocais do Encarnado e transmite sua comunicação. Às vezes, essas comunicações, porém, acontecem sem intermediação corpórea, quais são os casos de vozes que ouvimos no ar ou em nossos pensamentos, como explicaremos a seguir.
É interessante notar que a Revista Espírita nasceu antes de O Livro dos Médiuns, tendo, ela, alguns propósitos muito bem definidos e importantes: o primeiro deles, era propagar ao máximo possível o Espiritismo dentre as massas; o segundo seria o de poder obter relatos de todas as fontes, verificando os conteúdos de forma metodológica e buscando a tão necessária concordância universal. Muitos conteúdos tratados na Revista, de forma séria e sob tal metodologia, foram posteriormente reproduzidos e aprofundados em outras obras, como na citada.
Nesse contexto e nesse momento, Kardec utiliza um termo que nunca mais utilizou – daí a importância do entendimento acima: espiritologia, havendo, então, dois tipos desse fenômeno – o da espiritologia direta e o da espiritologia mediata. Seriam, respectivamente, os casos de comunicações verbais diretas, onde os Espíritos aparecem em estado de vigília, e os casos de comunicações onde palavras e frases soam em nossos pensamentos ou mesmo em nossos ouvidos.
Este é, enfim, um dos primeiros passos, quiça um esboço, de algo muito mais grandioso e profundo que, em pouco tempo, ganharia forma em O Livro dos Médiuns ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores. Voltaremos a esse assunto futuramente, mas você, caro leitor, pode aprofunda-lo, como a tantos outros, no estudo dessa obra tão necessária e recomendada.