Introdução

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Iniciamos os estudos da Revista Espírita de Janeiro de 1858 pelo começo, abordando aquilo que destacamos e compreendemos da Introdução da publicação.

Finalidade do Espiritismo

O Espiritismo tem, como finalidade suprema, a iluminação do ser humano, trazendo influência sobre o estado moral da sociedade. Ele o faz, contudo, através do estudo da ciência espírita, que se prolifera e contagia inevitavelmente, todo o mundo. Vemos, hoje, nas diversas religiões, seus traços de influência. Nas Igrejas Católicas, em grande parte, já não se fala mais em um diabo ou em um inferno, por já haver uma compreensão tácita, se não formalizada pela teologia, de que tais conceitos nasceram apenas de uma incapacidade de compreensão no passado. Desfazem-se, assim, muitos dogmas, ao passo que, com o avanço da inteligência humana e suas buscas por respostas, outros [dogmas] são criados e permanecem sem esclarecimento, pela interrupção dos estudos metodológicos do Espiritismo.

Magnetismo

Kardec cita o magnetismo, cuja compreensão, juntamente a outras ciências de sua época, nos permite constatar que o Espiritismo nasceu no tempo certo, nem antes nem depois do que deveria e que, ao invés do que muitos pensam, encontrou terreno fértil para sua rápida disseminação. Sobre isso, recomendo a leitura da obra Espiritismo e Magnetismo, de Carlos Alberto Loureiro. Espiritismo e magnetismo, ambos, são fenômenos naturais, e a compreensão do segundo, como fato científico, torna mais fácil ainda a compreensão do primeiro.

À época de Allan Kardec, o estudo dos fenômenos magnéticos eram bastante vastos e comuns. É por isso que Kardec, quando foi chamado a conhecer o fenômeno das mesas dançantes, dele não duvidou, mas supôs, inicialmente, que se tratava de fenômeno dessa ordem. Ao investigá-lo, mais tarde, como já sabemos, encontrou ali um fenômeno inteligente, que despertou seu interesse profundo.

O magnetismo era largamente utilizado para a produção de fenômenos hipnóticos sonambúlicos, dos quais se obtinha largo campo para estudos. Inclusive, sobre isso, os próprios Espíritos recomendam, em O Livro dos Espíritos, que o estudo desses fenòmenos daria ao homem grande fonte de conhecimentos:

445. Que deduções se podem tirar dos fenômenos do sonambulismo e do êxtase? Não constituirão uma espécie de iniciação na vida futura?

“A bem dizer, mediante esses fenômenos, o homem entrevê a vida passada e a vida futura. Estude-os e achará o aclaramento de mais de um mistério, que a sua razão inutilmente procura devassar.”

Com o passar do tempo, contudo, tais fenômenos passaram a ser colocados à conta de crendice ou superstição, e foram relegados ao esquecimento. Contudo, temos diariamente aos nossos olhos, nos diversos grupos das redes sociais, relatos pessoais que muito parecem levar a tais capacidades sonambúlicas que, se estudadas e bem aplicadas, talvez muito bem poderiam trazer.

Fato é que esse tema, tão esquecido e tão pouco compreendido, poderá nos fornecer grande campo de estudo. Destaco, por exemplo, os conteúdos produzidos em fartura pelo grupo chamado “Hospitais Espirituais do Nordeste”, fartamente encontrados em seu canal do Youtube, mas que, sobre alguns pontos, ainda produzem estranheza, por não nos ser possível, ainda, estudá-los sobre outras fontes.

Espiritismo é ciência

Cabe apenas citar, para compreensão geral, essa grande verdade: Espiritismo é ciência de aspecto filosófico. Relembramos que ciência não é apenas aquilo que se faz em laboratório.

Mais à frente, Kardec afirma que “a história da Doutrina Espírita é, de certo modo, a história do espírito humano”. Concordo totalmente. Kardec buscava, para a compreensão dessa ciência, estudá-la em toda parte, em todas as fontes, jamais dando palavra final sobre algo que não se tenha buscado estudar a fundo.

Os propósitos da Revista Espírita

Kardec deixa muito claro o propósito de acolher, na Revista, todas as observações dirigidas, procurando esclarecer os pontos obscuros, conforme o conhecimento já adquirido. Isso dá grande norte aos nossos próprios estudos, acredito, buscando fazer como propôs o codificador: “discutir, mas não disputar”, ou seja, buscar o estudo e o esclarecimento entre todos aqueles que busquem, de bom grado, compreender a natureza do Espiritismo e dele tirar bom proveito às suas próprias vidas.

Kardec cita o propósito de relatar os fenômenos patentes que testemunhasse ou que lhes fossem relatados. O propósito maior disso tudo vai ficar mais claro em nossa próxima reunião de estudos, quando iniciaremos pelo tema “Manifestações Físicas”.

Seguindo esses passos, decidimos também abrir um formulário, em nosso site, onde quem desejar possa submeter relatos pessoais, que, selecionados, poderão ser abordados em nossos próprios estudos. 

A seguir, Kardec afirma o tão necessário empenho de não se dar afirmações de ideias próprias, mas, sim, de buscar interpretar tudo à luz da Doutrina dos Espíritos. Com isso, aliás, buscaremos resolver quaisquer dificuldades dentro do nosso próprio grupo.

Sobre o espaço, na Revista, para a publicação de comunicações escritas ou verbais dos Espíritos, nos absteremos, por enquanto, de tal propósito de nossa parte, ou seja, não buscaremos tais comunicações pelos nossos próprios meios, pelas dificuldades já citadas. Estaremos abertos, contudo, se formos conduzidos a isso, já que é o propósito maior de nossa iniciativa

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