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Nesse artigo, Kardec nos leva a pensar a respeito do mal que existe no medo e em como ele pode nos afetar.
O caso: um homem havia esquecido uma garrafa de bebida muito cara em uma carruagem e, com medo que lhe bebessem a bebida, foi procurar o chefe do estacionamento, para quem disse que a garrafa continha veneno. Quando acabava de voltar ao seu apto, foi procurado às pressas: três cocheiros sofriam de dores terríveis nos estômago. Com esforço, os convenceu de sua indelicadeza.
Será que o caso pode ser explicado simplesmente pelo poder da sugestão? Kardec diz, inicialmente, que não poderia ser uma ação do magnetismo, pois não foi o caso e, então questiona São Luís:
─ Vosso raciocínio é muito justo relativamente à imaginação. Mas os Espíritos malévolos que induziram aqueles homens a cometer um ato indelicado, fazem passar no sangue, na matéria, um arrepio de medo que bem poderíeis chamar de arrepio magnético, que distende os nervos e produz um frio em certas regiões do corpo. Bem sabeis que todo frio na região abdominal pode produzir cólicas. É, pois, um meio de punição que diverte os Espíritos que provocaram a realização do furto e ao mesmo tempo que os faz rir à custa daqueles a quem fizeram pecar [neologismo de linguagem, para se fazer entender, já que o próprio S. Luís fala de autonomia, nas entrelinhas].
São Luis, RE 1858
Comentário: Quando se fala em indução não se pode, de forma alguma, substituir a responsabilidade que o encarnado tem em aceitar essas sugestões.
Comentário: Arrepio Magnético: sendo o magnetismo uma ação da vontade sobre o perispírito, que reflete na matéria, entendemos bem esse termo.
Observação: A punição é no seguinte sentido: Deus nos “coloca” para viver entre Espíritos tão imperfeitos como nós, ou mais. Esse contato é uma provação de nossas imperfeições, aprendendo com isso, ao mesmo tempo que eles aprendem conosco.
“Assim procedem, sempre que se lhes oferece uma oportunidade, que até procuram, para sua satisfação. Nós podemos evitar isso, eu lhes afirmo, elevando-nos a Deus por pensamentos menos materiais que os que ocupavam o espírito daqueles homens. Os Espíritos malévolos gostam de se divertir. Cuidado com eles! Aquele que julga dizer uma frase agradável às pessoas que o cercam e que diverte uma sociedade com piadas e atos, por vezes se engana, e mesmo muitas vezes, quando pensa que tudo isso vem de si próprio. Os Espíritos levianos que o cercam, com ele de tal modo se identificam, que pouco a pouco o enganam a respeito de seus pensamentos, enganando também aqueles que o ouvem. Nesse caso, pensais estar tratando com um homem de espírito, que no entanto não passa de um ignorante. Pensai bem, e compreendereis o que eu vos digo. Os Espíritos superiores não são, entretanto, inimigos da alegria. Por vezes gostam de rir para se vos tornarem agradáveis. Mas cada coisa tem o seu momento oportuno.”
Idem
OBSERVAÇÃO de KARDEC: “Dizendo que no caso relatado não havia emissão de fluido magnético, talvez não fôssemos muito exatos. Aqui aventuramos uma suposição. Como o dissemos, sabe-se que transformações das propriedades da matéria se podem operar sob a ação do fluido magnético dirigido pelo pensamento. Ora, não é possível admitir que, pelo pensamento do médico que queria fazer crer na existência de um tóxico e dar aos ladrões as angústias do envenenamento tivesse havido à distância uma espécie de magnetização do líquido que assim teria adquirido novas propriedades, cuja ação teria sido corroborada pelo estado moral dos indivíduos, a quem o medo tornara impressionáveis? Esta teoria não destruiria a de São Luís sobre a intervenção dos Espíritos levianos em semelhantes circunstâncias. Sabemos que os Espíritos agem fisicamente por meios físicos; podem, pois, a fim de realizar certos desígnios, servir-se daqueles que eles mesmos provocam e que nós lhes fornecemos inadvertidamente.”
Comentário: Kardec está falando no seguinte sentido: através da sugestão, os Espíritos podem obter os resultados físicos, através daqueles que as executam. Está claro que, para agir diretamente sobre a matéria, é necessária a existência de um médium com tais capacidades.
Dúvidas: Aqui, levantamos uma questão: se nós podemos saturar um objeto com nosso fluido perispiritual, pela ação da nossa vontade, por que é que um Espírito não pode fazê-lo? Porque o Espirito não consegue agir na matéria diretamente, nem com seu perispírito. Ele precisa da matéria ou um intermediário médium de efeitos físicos.
Dúvidas: Poderíamos explicar o fenômeno, também, apenas pela autossugestão, não como efeito da imaginação, mas como um efeito patente do próprio indivíduo sobre seu perispírito? Sim, podemos, como o efeito placebo.
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