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Aqui, Kardec publica a conversa alem-túmulo da Senha Schwabenhaus. Ela entrou em EQM dias antes de desencarnar. O artigo abre campo para, uma vez mais, falar sobre o fenômeno do êxtase e do sonambulismo, sendo o primeiro uma classe especial do segundo.
O êxtase é o estado em que a independência da alma, com relação ao corpo, se manifesta de modo mais sensível e se torna, de certa forma, palpável.
No sonho e no sonambulismo, a alma vaga pelas regiões terrestres. No êxtase, penetra em um mundo desconhecido, o dos Espíritos etéreos, com os quais entra em comunicação […].
No estado de êxtase, o aniquilamento do corpo é quase completo. Fica-lhe somente, pode-se dizer, a vida orgânica. Sente-se que a alma se lhe acha presa unicamente por um fio, que mais um pequenino esforço quebraria sem remissão.
Kardec, O Livro dos Espíritos
“Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos zombeteiros que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que mereçam inteira confiança.”
O Livro dos Médiuns, Kardec
444. Que confiança se pode depositar nas revelações dos extáticos?
O Livro dos Espíritos, Kardec
“O extático está sujeito a enganar-se muito frequentemente, sobretudo quando pretende penetrar no que deva continuar a ser mistério para o homem, porque, então, se deixa levar pela corrente das suas próprias ideias, ou se torna joguete de Espíritos mistificadores, que se aproveitam de seu entusiasmo para fasciná-lo.”
Brevemente: a Sra. Schwabenhaus entrou em estado cataléptico (ou letárgico) e foi julgada morta. Deu-se então o funeral, enquanto, na verdade, ela se encontrava em estado de êxtase e vislumbrava toda uma verdade espiritual consoladora, junto à sua filha, morta aos 7 anos de idade. Foi-lhe concedida a dádiva de voltar e se despedir dos seus entes queridos, ao que atendeu com extrema felicidade. Pouco após, desencarnou definitivamente. Na época não existia o conhecimento sobre esses estados do corpo.
Na letargia, as forças vitais são dissipadas e o corpo adquire a aparência da morte, num sono profundo. Na catalepsia, essa suspensão das forças vitais, às vezes, fica localizada. Os letárgicos e catalépticos em geral observam o que acontece ao derredor. A alma tem consciência de si, mas não pode comunicar-se. Seria uma quase morte.
Kardec a evoca em 27 de abril de 1858 e esclarece algumas dúvidas, reforçando a tese de seu êxtase e outros pontos interessantes, em concordância doutrinária:
3. ─ Durante a vossa morte aparente ouvíeis o que se passava em torno e víeis o aparato dos funerais? ─ Minha alma estava muito preocupada com a sua felicidade próxima.
OBSERVAÇÃO: Sabe-se que em geral os letárgicos veem e ouvem o que se passa em volta de si e ao despertar conservam a lembrança. O fato que retratamos oferece a particularidade de ser o sono letárgico acompanhado de êxtase, o que explica o desvio da atenção da paciente.
5. ─ Podeis dizer-nos qual a diferença entre o sono natural e o sono letárgico? ─ O sono natural é o repouso do corpo; o letárgico é a exaltação da alma.
7. ─ Como se operou vosso retorno à vida? ─ Deus permitiu que eu voltasse para consolar os corações aflitos que me rodeavam.
8. ─ Desejaríamos uma explicação mais material. ─ Aquilo a que chamais perispírito ainda animava o meu envoltório terrestre.
OBSERVAÇÃO: Significa dizer que enquanto a vida do corpo permanece, o perispírito está ligado às células. Em OLE, veremos: 155. Como se opera a separação da alma e do corpo? “Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.” (é a morte do corpo que causa a “saída” do Espírito): a) – A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte? “Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.”
Kardec comenta a resposta da Sra. S., quando diz que sua filha seria um Espírito puro. É claro que ela deveria ser mais elevado, mas puro, aqui, é relativo.
Na pergunta 16, Kardec continua investigando a forma pela qual os Espíritos se vêem entre si. É interessante como a resposta de um Espírito mais elevado condiz com a resposta do Espírito citado no artigo “O Tambor de Beresina”, em julho de 1858. Vejamos a resposta da Sra. S.:
16. ─ Vós a reconhecestes [a filha] sob uma forma qualquer? ─ Só a vi como Espírito.
No artigo do Tambor de Beresina:
29. ─ Como sabes que são Espíritos [os outros que vê]? ─ Entre nós, vemo-nos tais quais somos.
32. ─ E vês os outros Espíritos com as formas que tinham em vida? ─ Não. Nós não tomamos uma aparência senão quando somos evocados. Fora disso vemo-nos sem forma.
Pergunta 31 (no artigo presente):
RE setembro /1858, Kardec
31. ─ Desde que aqui vos encontrais com a forma que tínheis na Terra, é pelos olhos que nos vedes? ─ Não, o Espírito não tem olhos. Só me encontro sob minha última forma para satisfazer às leis que regem os Espíritos quando evocados e obrigados a retomar aquilo a que chamais perispírito.
Essa afirmação do Espírito evocado é uma das conclusões que Kardec chega a respeito da forma dos Espiritos:
88. Os Espíritos têm forma determinada, limitada e constante?
“Para vós, não; para nós, sim. O Espírito é, se quiserdes, uma chama, um clarão, ou uma centelha etérea.”
a) – Essa chama ou centelha tem cor?
“Tem uma coloração que, para vós, vai do colorido escuro e opaco a uma cor brilhante, qual a do rubi, conforme o Espírito seja mais ou menos puro.”
Representam-se de ordinário os gênios com uma chama ou estrela na fronte. É uma alegoria, que lembra a natureza essencial dos Espíritos. Colocam-na no alto da cabeça, porque aí está a sede da inteligência.
Livro dos Espiritos, Kardec
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