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A Profecia do Espírito da Verdade aconteceu.
Quando a elaboração da doutrina espírita pelo diálogo com os espíritos ainda estava por começar, Allan Kardec em 1856 conversou com o Espírito da Verdade, que lhe apresentou a seguinte Profecia para o Espiritismo:
Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranquilamente em casa.
Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. (Obras póstumas, pag. 344)
De 1858 ate 1869, período em que Kardec publicou seu livros e a Revista Espírita difundindo o Espiritismo, ocorreram ofensas, calúnias e difamações. Ele defendeu suas ideias e dos Espiritos com unhas e dentes. Depois de sua morte em 1869, houve uma série de adulterações em suas obras, . Além disso, inúmeras falsas ideias foram espalhadas sobre a doutrina. Leia o artigo Nossa Posição onde explanamos nossa conclusões.
Infelizmente, as grandes revelações sempre enfrentam essas caracteristicas como consequências: ódio, traição, desprezo e falsas ideias. Se o Espiritismo tem uma grande importância, é natural que ocorra com ele.
As outras revelações, como a de Moisés e de Cristo tiveram as mesmas resistências que o Espírito da Verdade mencionou.
Superando a falsa ideia dos egípcios, Moisés levou ao povo que o seguiu a ideia do Deus único, e do destino solidário da humanidade. Moisés não falou só para o povo hebreu: ele chamou as pessoas de todas as classes do Egito. E é isso que fez com que os sacerdotes egípcios se incomodassem: era o perigo eminente de uma revolução social. O ódio e as traições começaram.
E os judeus, que estavam entre os que adotaram seu pensamento, desviaram da proposta da harmonia universal. Eles elaboraram as crenças e práticas exclusivistas, separando puros e impuros, os que seriam de Deus e os dominados pelo diabo. eram as falsas ideias que estavam bem longe do proposto por Moisés. A ideia de Deus, diabo, céu e inferno, puros e impuros, não faz parte desta revelação.. E foi isso que Jesus veio fazer ao colocar as coisas em seu caminho.
Jesus veio entre os judeus para trazer a mentalidade verdadeira e denunciar a falsa ideia. Sua boa nova representou a chegada da lei divina plena para a humanidade. Jesus previu que suas ideias seriam deturpadas. Se Jesus previu isso com seu próprio ensinamento, por que não ocorreria com a Revelação Espírita?
26.Entretanto, Cristo acrescenta: “Muitas das coisas que vos digo ainda não podeis compreender, e muitas outras teria de dizer, mas não compreenderias; por isso vos falo por parábolas; todavia, mais tarde eu vos enviarei o Consolador, o Espírito Verdade que restabelecerá todas as coisas e a todas explicará.
Allan Kardec. A GÊNESE – Os milagres e as Predições Segundo o Espiritismo
Se Jesus anunciou que seria preciso restituir os ensinamentos perdidos, claramente deduzimos que algo ficou abandonado, tanto nos ensinamentos de Moisés, nos de Jesus e do Espiritismo.
E Kardec empreendeu uma luta que realmente acabou tirando dele a saúde, como foi a profecia do Espírito da Verdade. Pelos estudos sabemos que as melhores instruções da Doutrina Espírita foram desprezadas em muitos casos, e pior, falseadas em outras. Precisamos recuperar esses ensinamentos perdidos!1
Abaixo, a comunicação completa do Espírito da Verdade de 1856:
12 de junho de 1856 (Em casa do Sr. C…; médium: Srta. Aline C…)
MINHA MISSÃO
Pergunta (à Verdade) — Bom Espírito, eu desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos me assinaram.
Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade, mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.
Resposta — Confirmo o que te foi dito, mas recomendo-te muita discrição, se quiseres sair-te bem. Tomarás mais tarde conhecimento de coisas que te explicarão o que ora te surpreende. Não esqueças que podes triunfar, como podes falir. Neste último caso, outro te substituiria, porquanto os desígnios de Deus não assentam na cabeça de um homem. Nunca, pois, fales da tua missão; seria a maneira de a fazeres malograr-se. Ela somente pode justificar-se pela obra realizada e tu ainda nada fizeste. Se a cumprires, os homens saberão reconhecê-lo, cedo ou tarde, visto que pelos frutos é que se verifica a qualidade da árvore.
P. — Nenhum desejo tenho certamente de me vangloriar de uma missão na qual dificilmente creio. Se estou destinado a servir de instrumento aos desígnios da Providência, que ela disponha de mim. Nesse caso, reclamo a tua assistência e a dos bons Espíritos, no sentido de me ajudarem e ampararem na minha tarefa.R. — A nossa assistência não te faltará, mas será inútil se, de teu lado, não fizeres o que for necessário. Tens o teu livre-arbítrio, do qual podes usar como o entenderes. Nenhum homem é constrangido a fazer coisa alguma.
P. — Que causas poderiam determinar o meu malogro? Seria a insuficiência das minhas capacidades?
R. — Não; mas, a missão dos reformadores é prenhe de escolhos e perigos. Previno-te de que é rude a tua, porquanto se trata de abalar e transformar o mundo inteiro. Não suponhas que te baste publicar um livro, dois livros, dez livros, para em seguida ficares tranquilamente em casa. Tens que expor a tua pessoa. Suscitarás contra ti ódios terríveis; inimigos encarniçados se conjurarão para tua perda; ver-te-ás a braços com a malevolência, com a calúnia, com a traição mesma dos que te parecerão os mais dedicados; as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas; por mais de uma vez sucumbirás sob o peso da fadiga; numa palavra: terás de sustentar uma luta quase contínua, com sacrifício de teu repouso, da tua tranquilidade, da tua saúde e até da tua vida, pois, sem isso, viverias muito mais tempo. Ora bem! não poucos recuam quando, em vez de uma estrada florida, só veem sob os passos urzes, pedras agudas e serpentes. Para tais missões, não basta a inteligência. Faz-se mister, primeiramente, para agradar a Deus, humildade, modéstia e desinteresse, visto que Ele abate os orgulhosos, os presunçosos e os ambiciosos. Para lutar contra os homens, são indispensáveis coragem, perseverança e inabalável firmeza. Também são de necessidade prudência e tato, a fim de conduzir as coisas de modo conveniente e não lhes comprometer o êxito com palavras ou medidas intempestivas. Exigem-se, por fim, devotamento, abnegação e disposição a todos os sacrifícios. Vês, assim, que a tua missão está subordinada a condições que dependem de ti.
Espírito da VerdadeObras Póstumas, pag. 343-5
Eu — Espírito da Verdade, agradeço os teus sábios conselhos. Aceito tudo, sem restrição e sem ideia preconcebida.
Em Obras Póstumas, segue uma nota interessante feita por Allan Kardec mais de 10 anos depois:
NOTA — Escrevo esta nota a 1º de janeiro de 1867, dez anos e meio depois que me foi dada a comunicação acima e atesto que ela se realizou em todos os pontos, pois experimentei todas as vicissitudes que me foram preditas. Andei em luta com o ódio de inimigos encarniçados, com a injúria, a calúnia, a inveja e o ciúme; libelos infames se publicaram contra mim; as minhas melhores instruções foram falseadas; traíram-me aqueles em quem eu mais confiança depositava, pagaram-me com a ingratidão aqueles a quem prestei serviços. A Sociedade de Paris se constituiu foco de contínuas intrigas urdidas contra mim por aqueles mesmos que se declaravam a meu favor e que, de boa fisionomia na minha presença, pelas costas me golpeavam. Disseram que os que se me conservavam fiéis estavam à minha soldada e que eu lhes pagava com o dinheiro que ganhava do Espiritismo. Nunca mais me foi dado saber o que é o repouso; mais de uma vez sucumbi ao excesso de trabalho, tive abalada a saúde e comprometida a existência.
Obras póstumas, pag 345-6
Graças, porém, à proteção e assistência dos bons Espíritos que incessantemente me deram manifestas provas de solicitude,
tenho a ventura de reconhecer que nunca senti o menor desfalecimento ou desânimo e que prossegui, sempre com o mesmo ardor, no desempenho da minha tarefa, sem me preocupar com a maldade de que era objeto. Segundo a comunicação do Espírito de Verdade, eu tinha de contar com tudo isso e tudo se verificou. Mas, também, a par dessas vicissitudes, que de satisfações experimentei, vendo a obra crescer de maneira tão prodigiosa!
Com que compensações deliciosas foram pagas as minhas tribulações! Que de bênçãos e de provas de real simpatia recebi da parte de muitos aflitos a quem a Doutrina consolou! Este resultado não mo anunciou o Espírito de Verdade que, sem dúvida intencionalmente, apenas me mostrara as dificuldades do caminho. Qual não seria, pois, a minha ingratidão, se me queixasse! Se dissesse que há uma compensação entre o bem e o mal, não estaria com a verdade, porquanto o bem, refiro-me às satisfações morais, sobrelevaram de muito o mal. Quando me sobrevinha uma decepção, uma contrariedade qualquer, eu me elevava pelo pensamento acima da Humanidade e me colocava antecipadamente na região dos Espíritos e desse ponto culminante, donde divisava o da minha chegada, as misérias da vida deslizavam por sobre mim sem me atingirem. Tão habitual se me tornara esse modo de proceder, que os gritos dos maus jamais me perturbaram.
Continua no artigo O Espiritismo: A Ideia de Jesus
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