Espiritismo e a eutanásia (sacríficio) de animais terminais

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Surgiu esse assunto, sempre tão presente, em um grupo do Facebook: há problema em sacrificar um animal em estado terminal, isto é, em submetê-lo à eutanásia?

Adianto que não – e não se trata de opinião minha. Mas, antes de mais nada, é importante lembrar que não devemos fazê-los sofrer desnecessariamente, em nenhum caso – e isso corrobora a visão aqui apresentada.

Aqui, precisamos recuperar alguns postulados da Doutrina Espírita, obtidos, como sempre, através da análise racional e concordante dos ensinamentos dos Espíritos. Em O Livro dos Espíritos, vamos encontrar uma importante elucidação a esse respeito:

O livre-arbítrio e o sofrimento moral nos animais

595. Gozam de livre-arbítrio os animais, para a prática dos seus atos?

“Os animais não são simples máquinas, como supondes. Contudo, a liberdade de ação de que desfrutam é limitada pelas suas necessidades, e não se pode comparar à do homem. Sendo bem inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele. A liberdade, possuem-na restrita aos atos da vida material.”

Animais possuem certa liberdade, é claro, e nós podemos constatar que alguns deles a tem de forma superior a outros, como uma espécie de inteligência mais avançada, que, contudo, ainda está restrita aos atos da vida material. Assim, os animais estão preocupados em sobreviver, e tudo fazem para isso. Por mais difícil que seja de admitir, há mais de relação de dependência, hábito e necessidade do que de amor, neles, em relação a nós, pois o amor é algo que se desenvolve com o avanço do Espírito. Claro: não podemos julgar o ponto no qual essa capacidade espiritual começa a existir, de forma que não podemos julgar absolutamente sobre isso.

O ponto mais importante, aqui, é constatar que os animais não tem livre-arbítrio, isto é, não tem consciência, como nós temos, sobre seus atos. A partir do momento em que o livre-arbítrio se desenvolve, mesmo nos estados mais latentes, o Espírito passa a ter livre-arbítrio, isto é, passa a escolher sobre suas ações e, dessas escolhas, se felicita ou sofre pelos seus resultados. Assim, enfim, constatamos que os animais não podem fazer mal: eles matam uns aos outros, atacam o ser humano, reproduzem-se, mas tudo submetido ao instinto. Não há mal no leão que mata a zebra: há necessidade instintiva de sobreviver. Também não houve mal na orca que matou sua treinadora afogada: há curiosidade, instinto, mas não um ato refletido.

Dissemos que o animal ainda não possui livre-arbítrio. Se ainda não possui, um dia possuirá. E o que é o livre-arbítrio, senão um atributo do Espírito, princípio inteligente da Criação? Então os animais tem alma? Sim:

597. Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?

“Há, e que sobrevive ao corpo.”

a) – Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?

“É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”

598. Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si mesma?

“Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente.”

Vemos que é um Espírito – ou uma alma, que é o Espírito encarnado – ainda em estágio evolutivo muito distante daquele do Espírito humano terrestre: como se fosse a mesma distância, segundo os Espíritos, que nos separa de Deus. Sequer tem consciência de si mesmos. É uma distância gigantesca, mas a informação importante é: sim, eles tem Espíritos. Resta então uma questão: os animais sofrem? De que forma?

O sofrimento do animal

Nós, Espíritos em estágio humano, sofremos de duas formas: moralmente, como resultado de nossas escolhas, e materialmente, quando encarnados (o Espírito não sofre materialmente quando desencarnado, de forma que todos os relatos do tipo são resultados de uma exteriorização mental de um sofrimento moral).

A dor moral, como dissemos, nasce da constatação de um erro que cometemos. E não poderia haver erro se não tivéssemos a capacidade de escolha, pois, sem ela, estaríamos apenas respondendo a estímulos externos, através do instinto. Ora, sendo esse exatamente o caso dos animais, é racional supor que eles não podem sofrer dores morais por conta de seus atos – afinal, imagine a dor moral que um leão teria após matar, de quando em quando, um outro animal para comer!

O Espírito no estágio do animal não precisa sequer do tempo na erraticidade que o Espírito humano precisa, onde analisa seu passado, suas escolhas, suas dificuldades, etc:

600. Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a achar-se, depois da morte, num estado de erraticidade, como a do homem?

“Fica numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e obra por sua livre vontade. De idêntica faculdade não dispõe o dos animais. A consciência de si mesmo é o que constitui o principal atributo do Espírito. O do animal, depois da morte, é classificado pelos Espíritos a quem incumbe essa tarefa e utilizado quase imediatamente; não lhe é dado tempo de entrar em relação com outras criaturas.”

Vemos, no trecho destacado, uma informação importante, que desmente algumas teorias de “céu de cachorros”, “paraíso dos animais”, etc. O Espírito, nesse estado evolutivo, precisa apenas experienciar reencarnações sucessivas, onde se desenvolvem e, de forma alguma, expia suas faltas – porque não as cometem:

602. Os animais progridem, como o homem, por ato da própria vontade, ou pela força das coisas?

“Pela força das coisas, razão por que não estão sujeitos à expiação.”

Afinal, há problema em submeter um animal à eutanásia?

Racionalmente, após os conhecimentos apresentados, é fácil constatar que não, pois, como o animal ainda não tem sofrimento moral, não necessita passar por sofrimentos materiais a fim de obter um aprendizado qualquer. Isso é justamente o oposto do caso do Espírito em estágio de livre-arbítrio, pois as dores físicas, muitas vezes planejadas por ele próprio antes de encarnar, oferecem preciosos cadinhos de purificação do Espírito, que reflete sobre seus atos, suas escolhas, seus erros e acertos.

Note, porém, que de forma alguma estamos afirmando, com isso, que o Espírito precise sempre passar por uma dor para aprender alguma coisa, como é apregoado pelos defensores da doutrina da “lei de ação e reação”, onde, para esses, o Espírito sempre precisará passar por uma dor de mesmo gênero e de mesma intensidade a fim de entender que a dor que ele tenha feito outro passar, dói. Esquecem-se que o Espírito pode constatar seu erro, sofrer por isso, mas, então, com mais lucidez, planejar uma vida com oportunidades e provas – e, às vezes, expiações – onde possa enfrentar suas imperfeições e buscar se livrar delas através do aprendizado.

Conclusão

Não precisamos fazer o animal passar por dores desnecessárias – dores essas, muitas vezes, frutos dos estilos de vida e de alimentação aos quais os submetemos – pois ele não colhe frutos morais dessa dor, que é apenas física. Já o caso é outro para o Espírito humano, que jamais deve ser submetido à eutanásia, como ensinam os Espírito em OLE:

Questão 953- Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?

“É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, malgrado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”

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Indicações de Leitura (Livros)

Escrito por 

Pensamentos 4 sobre “Espiritismo e a eutanásia (sacríficio) de animais terminais

  1. Graçai a Deus eu li essa matéria hoje,pois eu estava despedaçada pelo fato de ter feito eutanásia na minha cachorrinha essa semana.sofri muito com sentimentos de culpa…ela estão doente,fiz o que pude,mas não queria ver ela sofrendo 😔

    1. Yo tambien acabo de poner a dormir a mi perrita y no quería hacerlo. Me dolió mucho tomar esa decisión porque no sentía que tenía el derecho de hacer algo así aunque ella estuviera sufriendo tanto como sufrió.

  2. Meu gato passou pela eutanásia ontem , e eu estava com um sentimento horrível de culpa, mas que bom que achei essa matéria, estou mais aliviado. Obrigado!

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