Rivail e educação: “O castigo irrita e impõe. Não educa pela razão.”

Allan Kardec, antes desse pseudônimo, já produzia textos sobre a educação. É claro que seus pensamentos se modificaram e se ampliaram após o advento do Espiritismo, mas, como Hypolite Leon Denizard Rivail, muitos deles já apresentavam uma lucidez de raciocínio invejável.


Muito falamos em heteronomia e autonomia, e muito destacamos o quanto as doutrinas religiosas, adulteradas pelos cleros, e também a doutrina materialista, exercem de influência perniciosa na propagação do pensamento heterônomo. Contudo, convenhamos que, em se tratando de doutrinas, são efetivamente mais presentes na fase pós-infantil, quando o indivíduo tem a razão mais desenvolvida.

Há, contudo, um gênero de [má] educação que afeta o indivíduo desde seus primeiros passos e por toda sua infância, habituando-o aos hábitos heterônomos: aquela comumente reproduzida, irrefletidamente, pela família e pela escola, ainda hoje baseada na punição de erros pelo castigo – das mais diversas formas – e na formação de uma cultura de disputa e do “jeitinho”, isto é, de contornar as regras para vencer, posto que este se tornou o único objetivo.

Reproduziremos, muito sucintamente, uma parte do texto de Rivail, apresentado no Plano Proposto para a Melhoria da Educação Pública (clique aqui para baixar), que exprime muito bem algumas considerações a tal respeito.


“Há hábitos de três naturezas diferentes: são eles físicos, intelectuais ou morais. Os primeiros são os que modificam mais particularmente nossa constituição animal; os segundos consistem na posse mais ou menos perfeita de uma ciência. Assim, por exemplo, aquele que está muito familiarizado com uma língua, a fala sem esforço e sem pensar; aquele que possui perfeitamente a matemática, faz seus cálculos sem dificuldades: é isto que se pode chamar ter o hábito de uma ciência; e diga-se de passagem, é a aquisição do hábito, que se negligencia, no método comum; limita-se geralmente a uma teoria muito fugidia, que apenas roça o espírito. Por fim, os hábitos morais são aqueles que nos levam, mau-grado nosso, a fazer qualquer coisa de bom ou de mau.

A fonte desses últimos hábitos se acha, dissemos nós, nas impressões longamente ressentidas ou percebidas na infância. Concebe-se, assim, o quanto importa evitar cuidadosamente tudo o que possa fazer a criança experimentar impressões perigosas; mas não encaro apenas como más impressões, o exemplo do vício, os maus conselhos ou as conversações pouco adequadas; ninguém duvida dos funestos efeitos de semelhantes modelos e não há mãe de família que não coloque todos os seus cuidados em evitá-los; mas há um grande número de outras, minúcias em aparência, e que não deixam de exercer uma influência frequentemente mais perniciosa que o feio espetáculo do vício, de que se pode mesmo às vezes tirar partido para se fazer conceber o seu horror; quero sobretudo falar daquelas que a criança recebe diretamente nas suas relações com as pessoas que a cercam, que, sem lhe dar nem maus exemplos, nem maus conselhos, dão, porém, nascimento a vícios muito graves, como os pais, por sua fraqueza ou os mestres por uma rigidez mal entendida ou quando se toma pouco cuidado em apropriar a sua conduta ao caráter da criança quando se cede, por exemplo, às suas importunações, quando se tolera seus defeitos sob vãos pretextos, quando se submete aos seus caprichos, quando se lhe deixa perceber que se é vítima de suas artimanhas, quando não se sabe o móvel que a faz agir, e que assim se toma defeitos ou germes de vícios por qualidades, o que acontece frequentemente aos pais; quando não se leva em consideração as circunstâncias sutis que podem modificar tal ou qual ação da criança, quando sobretudo não se leva em conta as nuanças de caráter, faz-se que ela experimente impressões que são frequentemente a fonte de vícios muito graves. Um sorriso, quando seria preciso ser sério; uma fraqueza quando seria preciso ser firme; a severidade quando seria preciso a doçura; uma palavra sem pensar, um nada, enfim, bastam às vezes para produzir uma impressão indelével e para fazer germinar um vício.
Que se passará então quando essas impressões forem ressentidas desde o berço, e frequentemente durante toda a infância? Nesse aspecto, o sistema de punições é uma das partes mais importantes a serem consideradas na educação; pois elas são comumente a fonte da maior parte de defeitos e vícios. Frequentemente muito severas ou infligidas com parcialidade e num momento de mau-humor, elas irritam as crianças em vez de convencê-las. Quantas artimanhas, quantos meios de desvio, quantas fraudes não empregam elas para as evitar! É assim que se joga nelas as sementes da má-fé e da hipocrisia e este é muitas vezes o único resultado que se obtém. A criança irritada, e não persuadida, se submete somente à força; nada lhe prova que ela agiu mal; ela sabe apenas que não agiu conforme a vontade do mestre; e esta vontade ele a considera, não como justa e razoável, mas como um capricho e uma tirania; ela se acredita sempre submetida ao arbítrio.

Como se faz com que ela sinta comumente mais a superioridade física do que a superioridade moral, ela espera com impaciência ter ela própria bastante força para se subtrair a isso; daí este espírito hostil que reina entre os mestres e os seus alunos. Não há entre eles nenhuma confiança recíproca, nenhum apego; há ao contrário uma troca contínua de ardis; leva a melhor quem é bastante esperto para surpreender o outro e sabe-se já quem ganha o mais frequentemente. São dois partidos que, quando não estão em guerra aberta, estão continuamente desconfiando um do outro. Como é possível fazer uma boa educação em semelhante estado de coisas?

RIVAIL, H.L.D. Plano Proposto para a Melhoria da Educação Pública. Paris, 1828.


Constatamos o quão importante é resgatar essa base educacional, pautada pela moral. Adicionamos a importância de entender a moral trazida por pensadores como Paul Janet (clique aqui para baixar uma de suas obras). Se você gostou deste artigo e vê sua importância, faça mais: compartilhe-o com quem você puder!




O que o Espiritismo diz sobre a pornografia?

O que o Espiritismo tem a dizer sobre a pornografia? Esse é um assunto complicado, porque não é um assunto que tenha sido tratado diretamente pela Doutrina. Para falar sobre isso, precisamos extrapolar conhecimentos e entendimentos que a Doutrina nos dá.

O Espiritismo coloca, acima de tudo, a liberdade de consciência e a autonomia. Fique isso constado, como resultado do estudo da Doutrina Espírita em seu conteúdo moral e filosófico.

À parte desse princípio, vamos verificar no Espiritismo, desenvolvendo o pensamento do Espiritualismo Racional, que o homem pode adquirir maus hábitos pela repetição de um ato relacionado ao prazer. Isso pode se transformar em uma imperfeição, que se torna um vício, do qual muito custará ao Espírito o trabalho de superação, através do esforço reencarnatório CONSCIENTE e AUTÔNOMO.

Paul Janet fala sobre isso em Pequenos Elementos de Moral, o qual recomendo muito a leitura (clique aqui para baixar):

20 Os hábitos. – É verdade que os hábitos se tornam, com o tempo, quase irresistíveis. É um fato observado com frequência; mas, por um lado, se um hábito inveterado é irresistível, o mesmo não ocorre com um hábito que começa; e assim o homem permanece livre para prevenir a invasão dos maus hábitos. É por isso que os moralistas nos aconselham acima de tudo a vigiar a origem de nossos hábitos. “Toma sobretudo cuidado com os inícios.”

O grande problema de entrar nos hábitos materialistas – que são aqueles que sobrepujam as necessidades fisiológicas – é que, desenvolvendo apegos, não só nos será mais difícil e dolorosa a desligação da matéria, no momento da morte, como também atrairemos as “nuvens de testemunhas”, Espíritos também apegados a tais vícios. Normalmente, isso nos levará a viver num contexto espiritual e social conturbado e difícil.

Mas, veja: não existe pecado. Existe erro. Ninguém será castigado por errar, nem por escolher, conscientemente, se apegar a um vício ou mau hábito qualquer; contudo, os resultados de nossas escolhas podem ser danosos para nós, o que podemos chamar de punição, o que, de todo, não é uma imposição deliberada de Deus.

Cumpre destacar que ninguém deveria se martirizar por uma imperfeição ou mau hábito qualquer a ponto de ficar mal. É preciso o trabalho de formiguinha, talvez lento, mas constante, de modo a não fazer como aqueles que prometem não comer doces no novo ano, mas, sendo um compromisso muito pesado, falem após os primeiros dias, dizendo, então: “não sou forte, é impossível. Vou, portanto, comer tudo o que quiser, sempre que quiser”. Essa figura, aliás, representa a exata imagem da não utilização da razão para conter o instinto. Kardec, em A Gênese, complementa:

O homem que só pelo instinto agisse constantemente poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros. Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se.

Todos os homens passam pelas paixões. Os que as superaram, e não são, por natureza, orgulhosos, ambiciosos, egoístas, rancorosos, vingativos, cruéis, coléricos, sensuais, e fazem o bem sem esforços, sem premeditação e, por assim dizer, involuntariamente, é porque progrediram na sequência de suas existências anteriores, tendo se livrado desse incômodo peso. É injusto dizer que eles têm menos mérito quando fazem o bem, em comparação com os que lutam contra suas tendências. Acontece que eles já alcançaram a vitória, enquanto os outros ainda não. Mas, quando alcançarem, serão como os outros. Farão o bem sem pensar nele, como crianças que leem correntemente sem ter necessidade de soletrar. É como se fossem dois doentes: um curado e cheio de força enquanto o outro está ainda em convalescença e hesita caminhar; ou como dois corredores, um dos quais está mais próximo da chegada que o outro.”

Kardec, A Gênese, 4.ª edição — Editora FEAL




A distância entre o Espiritismo e o Movimento Espírita

Uma correspondente questionou a respeito do que seria essa suposta distância, por nós sempre afirmada, entre a Doutrina Espírita e o Movimento Espírita.

A ela, podemos responder desta forma, para exemplificar para todos:

“B…, isso é algo que cada um precisa realmente estudar ou buscar se informar, principalmente sobre as obras citadas ((

  • No sentido das alterações doutrinarias: O Legado de Allan Kardec, de Simoni Privato; Nem Céu Nem Inferno, de Paulo Henrique de Figueiredo; Ponto Final, de Wilson Garcia
  • No sentido do conhecimento sobre o contexto doutrinário: Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo, de Paulo Henrique de Figueiredo;
  • No entendimento real da Doutrina, na essência proposta por Kardec, através dos estudos: O Céu e o Inferno e A Gênese, ambos da editora FEAL, pois os outros são as versões adulteradas, ainda.)) , porque compreender e, daí, assumir novo posicionamento, precisa ser uma ação autônoma. Contudo, posso ressaltar algumas diferenças capitais entre Doutrina Espírita (DE) e Movimento Espírita atual (ME):

  • Evocações dos espíritos: DE foi formada sobre elas e demonstrou a necessidade de serem realizadas, com método, para continuar seu desenvolvimento; ME recomenda não fazer, provocando uma onda de médiuns que ficam apenas “à disposição”, portanto, sem controle nem objetivo de aprendizado.
  • Generalidade do ensino: DE demonstrou a necessidade de desenvolver o estudo espírita através do método do duplo controle: universalidade e concordância do ensino e julgamento racional; ME, contagiada por Roustaing, que via um perigo nesse método (que desmentiria suas teorias), passou a tomar comunicações isoladas como expressão da verdade, sem raciocinar.
  • Vida do Espírito na erraticidade: DE demonstrou que emoções e sensações físicas somente existem para o Espírito apegado; ME passou a ensinar um mundo espiritual totalmente materializado, criando, assim, ideias de apego nocivas ao Espírito que desencarna.
  • Necessidade da encarnação: DE demonstrou que a encarnação é uma necessidade para o progresso do Espírito, na qual ele, mesmo que involuntariamente, faz seu papel solidário na criação. Afastou os conceitos de castigo e punição como uma ação arbitrária de Deus, demonstrando que tudo é fruto da escolha do Espírito consciente; ME, sob influência roustainguista, inseriu os falsos conceitos de carma, resgate, lei de ação e reação e lei do retorno.
  • Heteronomia x autonomia: DE demonstrou, em toda ela, que o Espírito se desenvolve de forma autônoma, sendo ele o autor primeiro, senão o único, de suas escolhas; ME, influenciada por Roustaing, passou a tratar da vida de forma heterônoma – se sofro é porque estou recebendo o retorno; se tenho alegria é porque fui abençoado, etc.
  • Caridade: DE demonstrou que a caridade é uma ação desinteressada, fruto do dever do Espírito que, conscientemente, se move em direção ao bem; ME passou a tratar da caridade como uma ação externa, quase sempre apenas material. Por ausência de estudos da DE, ME deixa de fazer o bem que poderia fazer para auxiliar no desenvolvimento da sociedade pelas ideias espíritas.
  • Moral: DE demonstrou que, todos criados simples e ignorantes, os Espíritos se desenvolvem errando e acertando, através das encarnações, escolhendo entre agir desta ou daquela forma. Não há dualidade entre bem e mal. Alguns escolhem repetir o erro, desenvolvendo imperfeições das quais muito custarão a se desvencilhar, através do trabalho reencarnatório, em uma ação consciente e autônoma; ME, influenciada por Roustaing, passou a tratar da encarnação como um castigo, como se todos os Espíritos que encarnam fossem imperfeitos.
  • Método: DE sempre demonstrou a forma como ela própria se desenvolveria: pelo estudo das ciências humanas, confrontadas, pela razão, com os ensinamentos espíritas, na troca de informações com grupos idôneos espalhados por todo o mundo; já a ME praticamente não estuda os fundamentos da DE, se isolou nos centros em rotinas que compreendem: monólogos, quase sempre recheados de todos os erros apontados anteriormente; passes, sem conhecimento do magnetismo; e sessões mediúnicas que, sem método e sem estudos, perdem o propósito e a utilidade que realmente poderiam ter.

E por aí vai.”

Vemos que as diferenças entre a Doutrina Espírita, em sua origem, e o que hoje professa ou acredita o Movimento Espírita, são profundas e, quase sempre, danosas à propagação da Doutrina. Cabe, portanto, o esforço voluntário de cada um no estudo honesto e desapegado, bem como na divulgação fraterna e cooperativa do conhecimento.

Complementando as obras citadas, não podemos deixar de apontar a necessidade do estudo da Revista Espírita, que demonstra como se deu a formação da Doutrina Espírita.




Reencarnação Segundo o Espiritismo

Baseado no vídeo de mesmo título do bate-papo semanal do Grupo de Estudos Espiritismo para Todos

Para demonstrar (e não provar) a reencarnação como uma lei natural, Kardec se baseia nos princípios fundamentais do Espiritismo e do Espiritualismo Racional. Dentre eles, estão os atributos essenciais de Deus ((Eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom. Vide O Livro dos Espíritos, Cap. I, item III – Atributos da Divindade)), que são perfeitas em grau infinito, posto que, fosse diferente, não seria esse ser o próprio Deus, sendo necessário, então, que houvesse outro acima, em condição perfeita.

É através da constatação e do entendimento dessas condições essenciais, que deriva o entendimento a respeito da criação divina. Como veremos mais à frente, sua criação também deve ser perfeita e, suas criaturas – os Espíritos – perfectíveis, o que, de contrário, não condiziria com a perfeição divina infinita.

Allan Kardec, de início, não aceitava a reencarnação. Em verdade, ele nem sequer aceitava a possibilidade da nossa interação com os Espíritos, em sua juventude. Era educador emérito, totalmente ligado aos conceitos da moral na pedagogia, além de pesquisador das ciências de então. Dizia ele que, se a educação das crianças fosse bem realizada, elas, quando crescessem, não acreditariam em almas do outro mundo ou em fantasmas ((RIVAIL, H.- L.- D. Discurso pronunciado na Distribuição de prêmios. Paris, 1834)). Foi somente após os primeiros contatos com os fatos espíritas, onde ele compreendeu a existência de uma lei natural, a qual se pôs a estudar, que, vencido pelas evidências e pela razão, aceitou, por ser a conclusão mais racional, os fatos acima mencionados.

Sobre os Espíritos, diz Kardec, na introdução de O Livro dos Espíritos: “Conforme notamos acima, os próprios seres que se comunicam se designam a si mesmos pelo nome de Espíritos ou gênios“.

Já sobre a reencarnação, encontramos um artigo de muito interesse na Revista Espírita de 1858, do mês de novembro, chamado “Pluralidade das Existências“, donde tiramos o seguinte trecho:

[…] quando a doutrina da reencarnação nos foi ensinada pelos Espíritos, ela estava tão longe de nosso pensamento, que havíamos construído um sistema completamente diferente sobre os antecedentes da alma, sistema, aliás partilhado por muitas pessoas. Sobre este ponto, a doutrina dos Espíritos nos surpreendeu. Diremos mais: ela nos contrariou, porque derrubou as nossas próprias ideias. Como se vê, estava longe de ser um reflexo delas.

Isto não é tudo. Nós não cedemos ao primeiro choque. Combatemos; defendemos a nossa opinião; levantamos objeções e só nos rendemos ante a evidência e quando notamos a insuficiência de nosso sistema para resolver todas as questões relativas a esse problema ((Já falamos sobre o quão importante é esse tipo de atitude frente à pesquisa espírita. Longe de constituir um ato de prepotência ou arrogância, é necessário e instigado pelos próprios Espíritos – quando superiores)) .

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 2a edição. Grifos nossos.

Kardec, nesse mesmo artigo, cuja leitura recomendamos fortemente, dá algumas noções preliminares sobre a antiguidade da ideia sobre a transmigração das almas. Citaremo-las, para, então, apresentar as dificuldades encontradas nos falsos em que elas muitas vezes se apoiam – ou vieram a se apoiar.

Das diversas doutrinas professadas pelo Espiritismo, a mais controvertida é, inquestionavelmente, a da reencarnação ou da pluralidade das existências corpóreas. Embora seja esta opinião atualmente partilhada por grande número de pessoas e que já tenha sido abordada por nós em várias ocasiões, julgamos um dever aqui examiná-la mais minuciosamente, à vista de sua extraordinária importância e para responder a diversas objeções que foram levantadas.

Antes de entrar a fundo na questão, devemos fazer algumas observações que se nos afiguram indispensáveis.

Para muitas pessoas o dogma da reencarnação não é novo: é ressuscitado de Pitágoras. Nós jamais dissemos que a Doutrina Espírita é uma invenção moderna. Decorrendo de uma lei natural, o Espiritismo deve ter existido desde a origem dos tempos, e sempre nos esforçamos por provar que os seus traços são encontrados na mais alta Antiguidade.

Como se sabe, Pitágoras não é o autor do sistema da metempsicose. Ele bebeu-o nos filósofos indianos e entre os egípcios, onde ela existia desde tempos imemoriais. Assim, a ideia da transmigração das almas era uma crença vulgar, admitida pelas mais eminentes personalidades.

Ibidem.

É interessante notar que, embora essa ideia fosse admitida desde a antiguidade, “pelas mais eminentes personalidades”, Kardec não a admitia. Talvez sejam dois os possíveis motivos para isso: ele não pensava nisso, porque não admitia a sobrevivência do Espírito, ou ele não encontrava racionalidade nessas ideias. É sobre esse ponto que entraremos a seguir, para demonstrar que a ausência de razão reside nos falsos princípios, tomados de forma dogmática pelo clero das religiões e ensinado, desde criancinhas, aos seus adeptos.

Falso princípio da degradação da alma

No artigo “Doutrina da reencarnação entre os hindus”, da Revista Espírita de dezembro de 1859, Allan Kardec retoma o assunto da reencarnação em profundidade, apresentando o seguinte:

Conforme os hindus, as almas tinham sido criadas felizes e perfeitas e sua decadência resultou de uma rebelião; sua encarnação no corpo de animais é uma punição. Conforme a Doutrina Espírita, as almas foram e ainda são criadas simples e ignorantes; é pelas encarnações sucessivas que chegam, graças a seus esforços e à misericórdia divina, à perfeição que lhes proporcionará a felicidade eterna. Devendo progredir, a alma pode permanecer estacionária durante um período mais ou menos longo, mas não retrograda. O que adquiriu em conhecimento e em moralidade não se perde. Se não avança, também não recua: eis por que não pode voltar a animar os seres inferiores à Humanidade.

Desse modo, a metempsicose dos hindus está fundada sobre o princípio da degradação das almas. A reencarnação, segundo os Espíritos, está fundada no princípio da progressão contínua.

Segundo os hindus, a alma começou pela perfeição para chegar à abjeção; a perfeição é o começo e a abjeção, o resultado. Conforme os Espíritos, a ignorância é o começo; a perfeição, o objetivo e o resultado. Seria supérfluo procurar demonstrar qual dessas duas doutrinas é mais racional e dá uma ideia mais elevada da justiça e da bondade de Deus.

É, pois, por completa ignorância de seus princípios que algumas pessoas as confundem.

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1859.

A crença dos hindus, na queda pelo pecado, é partilhada por muitas outras correntes de pensamento, dentre elas a da Igreja Romana. Segundo essa crença, seria necessário supor que Deus não seria assim tão perfeito, pois, após um erro de um filho seu, criado perfeito, portanto, sem experiência, o submete a um castigo na carne.

No artigo “Do princípio da não-retrogradação dos espíritos”, da RE de junho de 1863, Kardec destaca que:

Segundo um sistema, os Espíritos não teriam sido criados para serem encarnados, reencarnando apenas quando cometem faltas. O bom-senso repele tal pensamento.

A encarnação é uma necessidade para o Espírito que, para cumprir sua missão providencial, trabalha em seu próprio adiantamento pela atividade e a inteligência, que ele deve desenvolver a fim de prover à sua vida e ao seu bem-estar. Mas a encarnação torna-se uma punição quando, não tendo feito o que devia, o Espírito é constrangido ((Esse constrangimento, é claro, dá-se em decorrência da lei natural, divina, e não pela ação direta e arbitrária de Deus)) a recomeçar sua tarefa e multiplica suas existências corpóreas penosas por sua própria culpa.

Um escolar somente se forma após passar por todas as classes. São essas classes uma punição? Não: são uma necessidade, uma condição indispensável para seu adiantamento ((Isso está totalmente de acordo com o pensamento pedagogo de Kardec, alinhado à pedagogia de Pestalozzi, totalmente voltado à autonomia e afastado dos conceitos de punição ou castigo, que, diz Rivail, em seu “Plano Proposto para a Melhoria da Educação Pública” (Paris, 1828), “irritam as crianças em vez de convencê-las”)). Mas se, pela preguiça, for obrigado a repeti-las, aí é uma punição ((Lembrando que a palavra “punição”, para o Espiritismo e para o Espiritualismo Racional, tem o significado de ser o resultado de uma ação, e não de uma imposição divina (veja este artigo). Assim, é possível compreender que repetir de ano, para o estudante, seria uma consequência de suas ações, e não um castigo infligido por elas.)). Ser aprovado em algumas é um mérito.

O que é falso é admitir em princípio a encarnação como um castigo.

KARDEC, Allan. Revista Espírita de 1863. Grifos nossos.

Por incrível que pareça, esse falso princípio dominou o Movimento Espírita, após Kardec. Hoje, sem estudos, fala-se, no meio espírita, em carma, lei do retorno e lei de ação e reação, imputando, à reencarnação, essa característica arbitrariamente punitiva, do “olho-por-olho, dente-por-dente”. É um completo disparate, que só existe, como dissemos, pela ausência do estudo.

Na Revista Espírita de fevereiro de 1864, no artigo “Dissertações Espíritas – Necessidade da Encarnação”, Kardec apresenta a comunicação de um Espírito, assistido por outro, de nome Pascal:

Quis Deus que o Espírito do homem fosse ligado à matéria para sofrer as vicissitudes do corpo ((Afinal, a reencarnação é uma lei. Como diria Kardec no primeiro artigo citado, “Deus não nos pede permissão; não consulta o nosso gosto. Ou é, ou não é.”)), com o qual se identifica a ponto de iludir-se e de o tomar por si mesmo, quando não passa de sua prisão passageira; é como se um prisioneiro se confundisse com as paredes da cela…

Se Deus quis que suas criaturas espirituais fossem momentaneamente unidas à matéria, é, repito, para as fazer sentir e, a bem dizer, para que sofressem as necessidades que a matéria exige de seus corpos, no que respeita ao seu sustento e conservação.

Dessas necessidades nascem as vicissitudes que vos fazem sentir o sofrimento e compreender a comiseração que deveis ter por vossos irmãos na mesma posição. Esse estado transitório é, pois, necessário ao adiantamento do vosso Espírito, que, sem isto, ficaria estagnado.

As necessidades que o corpo vos faz experimentar estimulam os vossos Espíritos e os forçam a buscar os meios de as prover; desse trabalho forçado nasce o desenvolvimento do pensamento. Constrangido a presidir aos movimentos do corpo para os dirigir, visando a sua conservação, o Espírito é conduzido ao trabalho material e daí ao trabalho intelectual, necessários um ao outro, pois a realização das concepções do Espírito exige o trabalho do corpo e este não pode ser feito senão sob a direção e o impulso do Espírito.

KARDEC, Allan. Revista Espírita, 1864. Grifos nossos.

Ao que Kardec observa:

A estas observações, perfeitamente justas, acrescentaremos que, trabalhando para si mesmo, o Espírito encarnado trabalha para a melhoria do mundo em que habita, assim ajudando a sua transformação e o seu progresso material, que estão nos desígnios de Deus, de quem é o instrumento inteligente. Na sua sabedoria previdente, quis a Providência que tudo se encadeasse na Natureza; que, todos, homens e coisas, fossem solidários ((Esse princípio fundamental da lei natural, demonstrado pelo Espiritismo, vai de contra ao falso princípio do Espírito isolado em si mesmo. Vejamos que, mesmo sem saber ou querer, o Espírito trabalha pelo conjunto, desde sempre. Se houvesse sido criado perfeito (o que também é um contrassenso), não haveria essa necessidade.)).

A reencarnação é necessária enquanto a matéria domina o Espírito. Mas, desde que o Espírito encarnado chegou a dominar a matéria e a anular os efeitos de sua reação sobre o moral, a reencarnação não tem mais nenhuma utilidade nem razão de ser.

Com efeito, o corpo é necessário ao Espírito para o trabalho progressivo até que, tendo chegado a manejar este instrumento à vontade, a lhe imprimir sua vontade, o trabalho esteja realizado.

Ibidem. Idem.

Não creio necessárias maiores explicações. O princípio do progresso sucessivo, através das múltiplas encarnações, está demonstrado como o único capaz de dar razão a todas as questões até hoje levantadas sobre a justiça divina.

Em um próximo artigo continuaremos o assunto.




Os sistemas de reforma social e o Espiritismo

por Paulo Degering Rosa Junior

Há tempos venho realizando abordagens ((Veja os artigos “Espiritismo e Política” e “O silêncio do Movimento Espírita ante os temas sociais“)) a respeito da impossibilidade de se atrelar o Espiritismo a qualquer ideologia política e do quanto essa prática é nociva e danosa ao Movimento Espírita. Quando defendo que o Espiritismo não se deve misturar à política, não quero dizer que ele não possa dar a ela sua contribuição, mas, sim, que ele não deve ser misturado às opiniões e às ideias de sistemas que, de modo avesso à moral espírita, querem mudar a sociedade a golpes de força, por imposição, ao passo que o Espiritismo demonstra que a única forma de realizar qualquer mudança na sociedade é auxiliando o indivíduo a abandonar maus hábitos e imperfeições, num gesto racional, consciente e autônomo.

Quem estuda o Espiritismo com alguma dedicação compreende facilmente esse princípio. Contudo, faltava-me encontrar uma verdadeira pérola de Allan Kardec, inserida em meio a um texto que, até hoje, confesso, ainda não havia lido, nem conhecido. A pérola em questão está na publicação “Viagem espírita em 1862”, em “Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux.”, item III:

Acabo de dizer que sem a caridade o homem não constrói senão sobre a areia. Um exemplo nos fará compreender melhor.

Alguns homens bem-intencionados, tocados pelos sofrimentos de uma parte de seus semelhantes, julgaram encontrar o remédio para o mal em certos sistemas de reforma social. Com pequenas diferenças, o princípio é mais ou menos o mesmo em todos eles, seja qual for o nome que se lhes dê. Vida comunitária por ser a menos onerosa; comunidade de bens, para que todos tenham sua parte; participação de todos para a obra comum; nada de grandes riquezas, mas, também, nada de miséria. Isto era muito sedutor para quem, nada tendo, já via a bolsa do rico entrar no fundo social, sem calcular que a totalidade das riquezas, postas em comum, criaria uma miséria geral, em vez de uma miséria parcial; que a igualdade hoje estabelecida seria rompida amanhã pela mobilidade da população e pela diferença entre as aptidões; que a igualdade permanente dos bens supõe a igualdade de capacidades e de trabalho. Mas, não é esta a questão; não entra em minhas cogitações examinar o lado positivo e negativo desses sistemas. Faço abstração das impossibilidades que acabo de citar e me proponho considerá-los de um outro ponto de vista que, parece-me, ainda não preocupou a ninguém e que se relaciona com o nosso assunto.

KARDEC, Allan. Viagem Espírita de 1862, Grifos meus.

Kardec, como sempre muito lúcido em seus apontamentos, inicia apontando os problemas muito claros que tais “sistemas de reforma social” acarretariam à sociedade. Contudo, não se aprofunda sobre isso, para atacar, em seguida, a temática moral, esta sim muito importante, e demonstrando, uma vez mais, que seus interesses, alinhados ao Espiritismo, não consistiam em destruir, mas em construir:

Os autores, fundadores ou promotores de todos esses sistemas, sem exceção, não tiveram em mira senão a organização da vida material de uma maneira proveitosa a todos. O objetivo é louvável, sem dúvida. Resta saber se, nesse edifício, não falta a única base que poderia consolidá-lo, admitindo-se que fosse praticável.

A comunidade é a abnegação mais completa da personalidade((Um dos princípios do Espiritismo é a relação dos Espíritos para com todos, em contrário do falso princípio da individualidade (N. do E.) )). Cada um devendo dar de si pessoalmente, ela requer o mais absoluto devotamento((O Dever moral era algo muito bem definido pelo Espiritualismo Racional, do qual o Espiritismo é o desenvolvimento(N. do E.) )). Ora, o móvel da abnegação e do devotamento é a caridade, isto é, o amor ao próximo((Caridade desinteressada (N. do E.) )). Mas reconhecemos que o fundamento da caridade é a crença((A caridade, para ser possível, requer consciência, pautada na razão (N. do E.) )); que a falta de crença conduz ao materialismo e o materialismo leva ao egoísmo. Um sistema que, por sua natureza e para sua estabilidade, requer virtudes morais no mais supremo grau, deve tomar seu ponto de partida no elemento espiritual. Pois bem! já que o lado material é o seu objetivo exclusivo((Porque são sistemas baseados nas filosofias materialistas, com origem principal em Aristóteles e reproduzida com muita força por Comte (N. do E.) )), não só o elemento espiritual não é levado em consideração, como vários sistemas são fundados sobre uma doutrina materialista altamente confessada((Vejamos: a imperfeição pode se desenvolver por uma completa inabilidade em lidar com as questões da vida, por falta de entendimento da moral (carência de educação). Ao buscar, por exemplo, a felicidade nas coisas e nas situações da vida, o ser passa a atribuir uma importância descabida aos recursos necessários para fazê-lo. Se não os têm, sente-se infeliz (triste), mas, julgando que a ele também cabe a felicidade, pode julgar que, para satisfazer a isso, lhe seja lícito obtê-la daqueles que têm esses recursos em abundância. É a forma materialista de abordar o tema, reproduzida pela quase totalidade desses sistemas (N. do E.) )), ou sobre o panteísmo, espécie de materialismo disfarçado, verdadeiro adorno do belo nome de fraternidade. Mas a fraternidade, assim como a caridade, não se impõe nem se decreta; é preciso que esteja no coração e não será um sistema que a fará nascer, se lá ela não estiver; caso contrário o sistema ruirá e dará lugar à anarquia.

Ibidem. Idem.

Kardec lançou a semente: as virtudes morais, de onde nasce a fraternidade, não nascem de um sistema. Não podem ser impostas nem decretadas. É preciso nascer do coração.

A experiência aí está para provar que não se sufocam nem as ambições, nem a cupidez. Antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros, antes de lhes confiar um trabalho. Antes de construir, é preciso assegurar-se da solidez dos materiais. Aqui os materiais sólidos são os homens de coração, de devotamento e de abnegação. O egoísmo, o amor e a fraternidade são, como já dissemos, palavras vãs; como, então, sob o império do egoísmo, fundar um sistema que requeira a abnegação num grau tanto maior quanto tem, por princípio essencial, a solidariedade de todos para com cada um e de cada um para com todos?

Ibidem. Idem.

Chega a ser incrível não ver, ainda, Kardec ocupar espaço entre os nomes da mais alta filosofia moral. Mas não é só a moral que está esquecida, mas, também, junto a ela, a espiritualidade racional.

Simples e sem adornos linguísticos que só servem para confundir e envaidecer, diz o professor: “Antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa”. Sempre, sempre, atacando o cerne da questão, desde seus tempos de juventude, com pouco mais de 20 anos: a educação. Se se deseja mudar a sociedade, é preciso educar desde a infância. Ora, numa sociedade em que não existe educação, mas apenas instrução, que se quer atingir, senão os resultados que somos obrigados a topar, diariamente, mundo afora? Que se pode esperar de indivíduos que são formados, desde os primeiros passos, nas escolas da disputa, da trapaça, da recompensa e do castigo, numa palavra, da heteronomia? Decerto, não serão indivíduos autônomos e fraternos, muito menos caridosos. E, para Kardec,

Sem a caridade, não há instituição humana estável; e não pode haver caridade nem fraternidade possíveis, na verdadeira acepção da palavra, sem a crença((Novamente, Kardec destaca a importância do conhecimento, que alicerça a razão (N. do E.) )). Aplicai-vos, pois a desenvolver esses sentimentos que, engrandecendo-se, destruirão o egoísmo que vos mata. Quando a caridade tiver penetrado as massas, quando se tiver transformado na fé, na religião da maioria, então vossas instituições se tornarão melhores pela força mesma das coisas; os abusos, oriundos do personalismo, desaparecerão. Ensinai, pois, a caridade e, sobretudo, pregai pelo exemplo: é a âncora de salvação da sociedade. Só ela pode realizar o reino do bem na Terra, que é o reino de Deus; sem ela, o que quer que façais, só criareis utopias, das quais só vos resultarão decepções.

Ibidem. Idem.

Não é preciso ir muito mais longe. O pensamento de Kardec é bastante claro e lúcido, e o tomo não como argumento de autoridade , mas porque está de pleno acordo com aquilo que acredito ser a melhor expressão do conhecimento em moral, filosofia e educação, sobretudo no que tange ao progresso sucessivo e autônomo do ser, princípio demonstrado pelo Espiritismo.

Enquanto continuarmos lutando por transformações sociais impostas pela força, e até mesmo pela violência, criaremos apenas utopias e decepções. Vejamos que os exemplos disso, após Kardec, já são vários, e pululam à nossa volta. De certa forma, ele praticamente fez uma previsão daquilo que boa parte do mundo viria enfrentar, no século seguinte, por força dos sistemas e ideologias materialistas que vingam ainda hoje e que, paradoxalmente, são defendidos por expressiva parte do Movimento Espírita, que, em verdade, ainda não entendeu a verdadeira moral do Espiritismo e quer forçar os outros a se modificarem conforme o que agentes externos definem como ideal, e não pela própria consciência, num movimento autônomo e consciente.

Quando se trata de Movimento Espírita, é um disparate ver ideias materialistas defendidas dentro desse meio. Suponhamos, de forma bastante ingênua, que se crie uma lei que obrigue o rico a partilhar das suas riquezas: isso apenas gerará revolta nos Espíritos que tenham a imperfeição da avareza e, na primeira oportunidade, nesta ou em outras vidas, lutarão para restabelecer o poder antes possuído. Isso para não falar nos indivíduos que, acostumados aos vícios diversos, apenas utilizarão dos recursos partilhados para se refestelarem um tanto mais. Não é assim que se modifica uma sociedade.

Sem a caridade, que nasce da compreensão da moral da lei divina e do movimento autônomo em direção ao bem, o homem não constrói senão sobre a areia.




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Ciência e Espiritismo: matérias em dimensões opostas?

Obtivemos, recentemente, a seguinte observação de uma correspondente nossa, srta. A…:

A ciência hoje não confirma muito do que acreditamos ser o mundo espiritual e a intervenção no nosso plano. A própria mesa girante já foi acusada de ser apenas resultado do efeito ideomotor e não mensagens dos espíritos. Não temos comprovação científica de muitas coisas e mesmo assim acreditamos nelas. A ciência na época de Kardec evoluiu e não confirmou tudo. Espiritismo, por mais que tenha utilizado o método científico não é comprovado pela ciência, talvez no futuro seja. Mas ainda não é ciência. Podemos chamar de filosofia, religião baseado no método científico. Há coisas que sabemos que não são reais como o nome de quem deu certas mensagens em psicografias e nos é dito para apenas considerar o teor da mensagem dada e ignorar a suposta falsa identidade. Há coisas que preferimos não saber ou aceitamos ser estranhas mesmo. Mas quando vemos essas mesmas coisas em outras doutrinas e em outros grupos acusamos de falta de bom senso e de método científico.

Resumiremos a seguir nossa resposta a tais observações:

A prezada srta. A… disse bem: a ciência DE HOJE e, adicionamos, desde sempre, a ciência materialista, dogmática, não aceitam as constatações que os Espíritos vieram demonstrar. Porém, ainda antes de Kardec, muitos cientistas honestos constataram até mesmo a existência de algo além do corpo material. Diz Paulo Henrique de Figueiredo, em” Mesmer: a ciência negada do magnetismo animal”:

“Os magnetizadores comprovaram muito cedo as relações dos sonâmbulos com seres invisíveis. Deleuze, discípulo de Mesmer, em sua correspondência mantida com o doutor G. P. Billot por mais de quatro anos, de março de 1829 até agosto de 1833, inicialmente foi relutante, mas por fim afirmou: “O magnetismo demonstra a espiritualidade da alma e a sua imortalidade; ele prova a possibilidade da comunicação das inteligências separadas da matéria com as que lhes estão ainda ligadas.” (BILLOT, 1839)”

Por sua vez, Deleuze afirmou: “Não vejo razão para negar a possibilidade da aparição de pessoas que, tendo deixado esta vida, ocupam-se daqueles que aqui amaram e a eles se venham manifestar, para lhes transmitir salutares conselhos. Acabo de ter disto um exemplo.” (Ibidem)

“Anos depois, o magnetizador Louis Alphonse Cahagnet (1809-1885), com coragem e determinação, conversou com os espíritos por meio de seus sonâmbulos em êxtase, principalmente Adèle Maginot, registrando em sua obra mais de cento e cinquenta cartas assinadas por testemunhas que reconheceram a identidade dos espíritos comunicantes. Cahagnet antecipou em mais de dez anos esse instrumento de pesquisa da ciência espírita.”

Vemos, então, Rivail, educador emérito, anos antes, dizendo, a respeito da educação das crianças que, se fosse bem realizada, evitaria que elas acreditassem em almas do outro mundo ou em fantasmas; que elas não tomariam fogos-fátuos por Espíritos((RIVAIL, H.- L.- D. Discurso pronunciado na Distribuição de prêmios. Paris, 1834)). Veja a incrível mudança que se operou em suas ideias – não sem resistência, como podemos constatar no artigo “Pluralidade das existências“, da Revista Espírita de novembro de 1858 – para, já então como Kardec, dizer que “em geral, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos. Eles não são, como alguns pensam, seres vagos e indefinidos, nem chamas, como fogos-fátuos, nem fantasmas, como nos contos de aparições. São seres semelhantes a nós, possuindo um corpo como o nosso, mas fluídico e invisível em estado normal((Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1864 > Abril > Resumo da lei dos fenômenos Espíritas))”.

Produziríamos um texto sem fim, buscando reafirmar os inúmeros pontos que demonstram a força da formação do Espiritismo como ciência – ciência, esta, aliás, desenvolvida sobre o Espiritualismo Racional((ver “Autonomia: a história jamais contada do Espiritismo”, de Paulo Henrique de Figueiredo)) – tarefa que somente pode ser bem desempenhada e alcançada por aquele que, livremente, decida sair de suas pré-concepções e ESTUDAR o Espiritismo, em toda sua formação, o que se encontra facilmente na Revista Espírita e, depois, profundamente estabelecido em antologia, filosofia e moral nas obras O Céu e o Inferno e A Gênese (em suas versões originais, não adulteradas).

Vê-se que o caminho é longo e somente pode ser trilhado por aquele realmente interessado em sair da heteronomia, que congela o passo, para a autonomia, que nos coloca no comando do leme de nossa própria nau.

Veja, apenas para complementar, que o Espiritismo nasceu como toda ciência que conhecemos: pela observação metodológica e racional de fatos da natureza. Se ela ainda não atingiu o status de ciência reconhecida, não é por culpa sua, mas por conta do grande desvio que tomaram as ciências filosóficas espiritualistas no final do século XIX, que apagaram as luzes do raciocínio sustentado pela moral para nos deixar nas sombras do materialismo aristotélico, que contamina e define nossa sociedade até hoje em dia. Chegamos ao cúmulo de ver a Psicologia esquecida de sua própria definição – o estudo da alma – para olhar o homem apenas sob o ponto de vista behaviorista, materialista. Percebe o fosso que existe entre o ponto de vista atual e as ciências filosóficas, morais, psicológicas e racionais do passado?

O grande erro está em querer definir a ciência pelo entendimento atual, como se fosse apenas aquilo que se faz em laboratório, esquecendo-se de que, ainda hoje, a inferência e a elaboração de ideias através de hipóteses ainda faz parte do método científico. Incrível, então, será constatar que Kardec, corroborando com Mesmer e apoiado pela pesquisa espírita, já havia, naquele tempo, chegado aos conceitos de campo e onda, aproximando-se da Física Moderna((Ver A Gênese, editora FEAL)). Vemos, enfim, que a ciência natural é uma só, subdividida, porém, pelas especialidades dos homens.

Kardec diria, na Revista Espírita de janeiro de 1858:

Talvez nos contestem a denominação de ciência que damos ao Espiritismo. Ele não teria, sem dúvida e em nenhum caso, as características de uma ciência exata e precisamente nisso está o erro dos que o pretendem julgar e experimentar como uma análise química ou um problema de matemática; já é bastante que seja uma ciência filosófica. Toda ciência deve basear-se em fatos, mas estes, por si sós, não constituem a ciência. Ela nasce da coordenação e da dedução lógica dos fatos: é o conjunto de leis que os regem. Chegou o Espiritismo ao estado de ciência? Se se trata de uma ciência acabada, sem dúvida será prematuro responder afirmativamente, mas as observações já são hoje bastante numerosas para permitirem pelo menos deduzir os princípios gerais, onde começa a ciência.

Quando a senhorita A… diz que “há coisas que preferimos não saber ou aceitamos ser estranhas mesmo”, fala apenas do seu ponto de vista, do qual não fazem parte nossas ideias. Não agimos dessa maneira. Não aceitamos, simplesmente. Pesquisamos, buscamos respostas. Se, realmente, não há respostas, ficamos no aguardo do dia que poderemos obtê-las, através do método científico necessário para estabelecer a comunicação com seres que não podemos julgar de outra forma senão pela razão. Se, hoje, o Movimento Espírita não prima por esse método, ainda uma vez, a culpa não é do Espiritismo, mas das deturpações realizadas no seio doutrinário, mas que, para quem tem boa vontade de estudar, estão sendo rapidamente corrigidas e anuladas, com a consequente restauração do Espiritismo verdadeiro.

Vamos fazer parte desse movimento?




Iremos para algum lugar após a morte? O que ensina o Espiritismo sobre a vida futura?

Por Suely G. O. Caine

Sabemos o quão é instintivo e data dos primórdios a ideia de continuidade da existência do espírito, após a morte do corpo. Os comentários à pergunta 148 de O Livro dos Espíritos destacam essa questão:

(…) O homem tem instintivamente a convicção de que tudo não se acaba para ele com a vida; tem horror ao nada; é em vão que se obstina contra a ideia da vida futura, e quando chega o momento supremo, são poucos os que não perguntam o que deles vai ser, porque a ideia de deixar a vida para sempre tem qualquer coisa de pungente. Quem poderia, com efeito, encarar com indiferença uma separação absoluta e eterna de tudo o que ama? 

(…)

Ninguém, costuma-se dizer, voltou de lá para nos dar conta do que existe. Isto, porém, é um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente a de nos esclarecer sobre esse futuro, a de nos fazer, até certo ponto, vê-la e tocá-lo, não mais pelo raciocínio, mas através dos fatos. Graças às comunicações espíritas, isto não é mais uma presunção, uma probabilidade sobre a qual cada um imagina à vontade, que os poetas embelezam com suas ficções ou enfeitam de imagens alegóricas que nos seduzem. É a realidade que nos mostra a sua face, porque são os próprios seres de além-túmulo que nos vêm contar a sua situação, dizer-nos o que fazem, permitem-nos assistir, por assim dizer, a todas as peripécias da sua nova vida e por esse meio nos mostram a sorte inevitável que nos está reservada, segundo os nossos méritos ou os nossos delitos.”

Pois bem! Não há que se considerar que ninguém tenha “voltado” para contar como se encontra no plano espiritual, eis que são inúmeros os relatos, estudos realizados em torno de narrativas obtidas em sessões mediúnicas, às vezes com ricos detalhes, que Kardec colheu e reuniu através de um método científico desenvolvido, e no capítulo VIII, As penas futuras segundo o Espiritismo, de o livro O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, esclarece:

“A Doutrina Espírita, no que se refere às penas futuras, não é mais fundada sobre uma teoria preconcebida do que suas outras partes. Em tudo ela se apoia sobre observações, sendo isso o que lhe dá autoridade. Ninguém então imaginou que as almas, após a morte, devessem se encontrar nesta ou naquela situação. São os próprios seres que deixaram a Terra que vêm hoje – com a permissão de Deus e porque a humanidade entra numa nova fase – nos iniciar nos mistérios da vida futura, descrever sua posição feliz ou infeliz, suas impressões e sua transformação na morte do corpo. Os espíritos vêm hoje, em suma, completar nesse ponto o ensino do Cristo.”

Mas… afinal… nos encontraremos em um lugar circunscrito na vida espiritual? A resposta é negativa; não há registros na doutrina espírita de locais reservados aos sofredores ou felizes e nem eventuais subdivisões.

O Espiritismo nos ensina que o espírito necessitado de progresso, que guarda apego à matéria, comunga do mundo ao qual, naturalmente, mantém afinidade, ao qual possui uma atração, ao passo que aquele que evoluiu, tendo se desapegado da matéria, percorre mundos diferentes. As respostas 232 e 233 de O Livro dos Espíritos esclarecem a questão:

232. No estado errante os Espíritos podem ir a todos os mundos? – Conforme. Quando o Espírito deixa o corpo, ainda não está completamente desligado da matéria e pertence ainda ao mundo em que viveu ou a um mundo do mesmo grau; a menos que, durante sua vida, tenha se elevado. Esse é o objetivo a que deve voltar-se, pois sem isso jamais se aperfeiçoaria. Ele pode, entretanto, ir a alguns mundos superiores, passando por eles como estrangeiro. Nada mais faz do que os entrever, e é isso que lhe dá o desejo de se melhorar, para ser digno da felicidade que neles se desfruta e poder habitá-los.

233. Os Espíritos já purificados vêm aos mundos inferiores? – Vêm frequentemente, a fim de os ajudar a progredir; sem isso, esses mundos estariam entregues a si mesmos, sem guias para os orientar.

Não obstante, frequentemente, nos depararmos com mensagens de espíritos que narram que se encontram em determinados locais de sofrimento, ou que experimentam sensações físicas, tais retratam as ilusões que o espírito apegado à matéria pode criar para si, mas que não passam de uma percepção pessoal do espírito que o narra, e que, portanto, não é universal. 

Do que podemos depreender é que o estado feliz ou infeliz é inerente ao grau da depuração ou das imperfeições do espírito, conforme podemos concluir através da leitura dos itens 1° até 25° do capítulo VIII As penas futuras segundo o Espiritismo, de o livro O Céu e o Inferno, ou a justiça divina segundo o Espiritismo, com destaque aos itens 1° ao 3° abaixo transcritos:

1°) A alma ou espírito sujeita-se, na vida espiritual, às consequências de todas as imperfeições das quais ela não se despojou durante a vida corporal. Seu estado feliz ou infeliz é inerente ao grau de sua depuração ou de suas imperfeições. 

2°) Sendo todos os espíritos perfectíveis, em virtude da lei do progresso, trazem em si os elementos de sua felicidade ou de sua infelicidade futura e os meios de adquirir uma e de evitar a outra trabalhando em seu próprio adiantamento. 

3°) A felicidade perfeita está ligada à perfeição, ou seja, à depuração completa do espírito. Toda imperfeição é uma causa de sofrimento, da mesma forma que toda qualidade adquirida é uma causa de satisfação e de atenuação dos sofrimentos; donde resulta que a soma da felicidade e da infelicidade está na razão da soma das qualidades boas ou más que possui o espírito.

Todavia, nos atentemos para o estudo da primeira edição de o livro O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo e de o livro A Gênese – Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, eis que sobre tal edição não pairam as adulterações constatadas nas 4ª e 5ª edições dos mencionados livros, respectivamente.

Outra informação obtida através do método da universalidade dos espíritos, e que compõe a doutrina espírita é que os espíritos se reúnem por uma espécie de afinidade (não associada à ideia de afinidade meramente material) e formam grupos, de acordo com a resposta 278 de O Livro dos Espíritos:

278. Os Espíritos de diferentes ordens estão misturados? – Sim e não; quer dizer, eles se veem, mas se distinguem uns dos outros. Afastam-se ou se aproximam segundo a semelhança ou divergência de seus sentimentos, como acontece entre vós. É todo um mundo, do qual o vosso é o reflexo obscuro. Os da mesma ordem se reúnem por uma espécie de afinidade, e formam grupos ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e pelos propósitos; os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal, pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrarem entre os seres semelhantes a eles. Igual a uma grande cidade, onde os homens de todas as classes e de todas as condições se veem e se encontram, sem se confundirem, onde as sociedades se formam pela similitude de gostos, onde o vício e a virtude se acotovelam, sem se falarem.

Na Revista Espírita maio/1858, sob o título Metades Eternas , o espírito São Luís também deixa interessantes apontamentos: 

“Não. Não existe uma união particular e fatal de duas almas. Existe a união entre todos os Espíritos, mas em graus diferentes, segundo a posição que ocupam, isto é, segundo a perfeição adquirida: quanto mais perfeitos, mais unidos. Da discórdia brotam todos os males humanos; da concórdia resulta a felicidade completa.

(…) 3 ─ Uma vez unidos, dois Espíritos perfeitamente simpáticos permanecem unidos para a eternidade ou podem separar-se e unir-se a outros Espíritos? Todos os Espíritos estão unidos entre si. Falo dos que chegaram à perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, não é mais simpático àqueles que deixou. 4 ─ Dois Espíritos simpáticos são o complemento um do outro ou essa simpatia é o resultado de uma perfeita identidade? A simpatia que atrai um Espírito para outro resulta da perfeita concordância de suas inclinações e de seus instintos. Se um devesse completar o outro, perderia sua individualidade.”

Essas são reduzidas reflexões a respeito do assunto. E quais são as suas? Quais textos você conhece que poderiam ampliar nossos estudos? Bora estudar conosco?!

Fontes de estudo:




Carta Psicografada do diretor da Chapecoense

Surgiu, recentemente, uma suposta carta psicografada do diretor da Chapecoense. O assunto é cansativamente repetitivo: sempre que acontece uma tragédia, seja individual, seja em grupo, que chama a atenção da sociedade, aparece uma suposta psicografia que, por falta de cuidado do Movimento Espírita, não por acaso vem repetir as falsas ideias ligadas aos dogmas da queda pelo pecado e do pagamento de dívidas, carma, castigo, lei do retorno, etc, já de muito superados pela ciência espírita desenvolvida pelos estudos de Allan Kardec.

Veja um trecho da suposta psicografia:

“O que parece ser injustiça, quando visto de cima, todas as ideias e conceitos sobre o divino são repensados, refeitos, colocados em testes, em refazimento. Quero primeiramente que saibam que nada acontece por acaso. Não existem vítimas no Universo. Colhemos o que plantamos. Aprendo aqui que esta é a lei universal e inalterável, (…) a lei da ação e reação […] Estávamos juntos em outras vidas e provocamos vários desastres aéreos no tempo das guerras. E a boa justiça divina nos chamou para o acerto!”.

Não cansamos de destacar o quão falsa é essa ideia, como já tratamos em extensão por mais de uma vez ((refira-se aos artigos “Lei de ação e reação, lei do retorno, carma: por que sofremos, segundo o Espiritismo?“, “Karma (ou carma), castigo, pecado e punição: como Kardec abordou tudo isso em A Gênese“, “O Espiritismo frente às guerras“)).

Não repetiremos aquilo que já dissemos nos artigos citados. Apenas lembraremos: cuidado, espíritas, pois os Espíritos enganam aos desavisados, a maioria dos médiuns e dos trabalhadores que não estudam a Doutrina Espírita. A esses, reproduzem comunicações carregadas de falsos conceitos, com um só objetivo: manter as mentes que as aceitam cegamente afastadas da verdadeira moral espírita, que é autônoma e que se pauta pelo princípio do progresso sucessivo.

São ideias repetidas por “professores” do Espiritismo, com canais e grupos repletos de centenas de milhares de pessoas, e que poderiam fazer um bem enorme a si mesmos e à sociedade, mas que escolhem vendar os olhos e tapar os ouvidos ao estudo necessário, por crerem já saber de tudo, posto que estão até mesmo “ensinando” os outros.

São, aliás, indivíduos que não pensam no grande mal que fazem ao Espiritismo e ao desrespeito a essas famílias, julgando os entes falecidos, quando lhes afirmam “criminosos do passado“.

A Justiça Divina não se pauta por cobrar dívidas, mas, sim, por permitir que todos os Espíritos cheguem ao destino, que é a perfeição relativa, pelo esforço próprio, consciente e autônomo. Portanto, supostas psicografias como essa suposta carta psicografada do diretor da Chapecoense só podem ser uma de três coisas:

  • Frutos de um Espírito obsessor ao qual o médium se entrega;
  • Frutos de um Espírito inferior, com quase nenhuma capacidade de compreensão do mundo espírita e apegado a velhas ideias religiosas;
  • Frutos da opinião do próprio médium.

Em qualquer do caso, a suposta psicografia deve ser sempre analisada por outras pessoas, conhecedoras do Espiritismo, e apenas colocadas a público quando verificadas importantes e racionais para o interesse geral.

O Grupo de Estudos O Legado de Allan Kardec repudia esse tipo de ato inconsequente, que a cada dia mais afasta do Espiritismo aqueles que, julgando pelo que veem reproduzido pelo Movimento Espírita, ausente dos estudos, não se conformam com tais disparates e com a ausência da razão e da caridade na Doutrina que diz primar por esses dois princípios fundamentais.




Eventos de Estudo com Paulo Henrique de Figueiredo

Deixamos, abaixo, uma playlist com vídeos bastante interessantes de estudos com participação de Paulo Henrique de Figueiredo, o pesquisador espírita atualmente mais expoente.