Carta Psicografada do diretor da Chapecoense
Surgiu, recentemente, uma suposta carta psicografada do diretor da Chapecoense. O assunto é cansativamente repetitivo: sempre que acontece uma tragédia, seja individual, seja em grupo, que chama a atenção da sociedade, aparece uma suposta psicografia que, por falta de cuidado do Movimento Espírita, não por acaso vem repetir as falsas ideias ligadas aos dogmas da queda pelo pecado e do pagamento de dívidas, carma, castigo, lei do retorno, etc, já de muito superados pela ciência espírita desenvolvida pelos estudos de Allan Kardec.
Veja um trecho da suposta psicografia:
“O que parece ser injustiça, quando visto de cima, todas as ideias e conceitos sobre o divino são repensados, refeitos, colocados em testes, em refazimento. Quero primeiramente que saibam que nada acontece por acaso. Não existem vítimas no Universo. Colhemos o que plantamos. Aprendo aqui que esta é a lei universal e inalterável, (…) a lei da ação e reação […] Estávamos juntos em outras vidas e provocamos vários desastres aéreos no tempo das guerras. E a boa justiça divina nos chamou para o acerto!”.
Não cansamos de destacar o quão falsa é essa ideia, como já tratamos em extensão por mais de uma vez ((refira-se aos artigos “Lei de ação e reação, lei do retorno, carma: por que sofremos, segundo o Espiritismo?“, “Karma (ou carma), castigo, pecado e punição: como Kardec abordou tudo isso em A Gênese“, “O Espiritismo frente às guerras“)).
Não repetiremos aquilo que já dissemos nos artigos citados. Apenas lembraremos: cuidado, espíritas, pois os Espíritos enganam aos desavisados, a maioria dos médiuns e dos trabalhadores que não estudam a Doutrina Espírita. A esses, reproduzem comunicações carregadas de falsos conceitos, com um só objetivo: manter as mentes que as aceitam cegamente afastadas da verdadeira moral espírita, que é autônoma e que se pauta pelo princípio do progresso sucessivo.
São ideias repetidas por “professores” do Espiritismo, com canais e grupos repletos de centenas de milhares de pessoas, e que poderiam fazer um bem enorme a si mesmos e à sociedade, mas que escolhem vendar os olhos e tapar os ouvidos ao estudo necessário, por crerem já saber de tudo, posto que estão até mesmo “ensinando” os outros.
São, aliás, indivíduos que não pensam no grande mal que fazem ao Espiritismo e ao desrespeito a essas famílias, julgando os entes falecidos, quando lhes afirmam “criminosos do passado“.
A Justiça Divina não se pauta por cobrar dívidas, mas, sim, por permitir que todos os Espíritos cheguem ao destino, que é a perfeição relativa, pelo esforço próprio, consciente e autônomo. Portanto, supostas psicografias como essa suposta carta psicografada do diretor da Chapecoense só podem ser uma de três coisas:
- Frutos de um Espírito obsessor ao qual o médium se entrega;
- Frutos de um Espírito inferior, com quase nenhuma capacidade de compreensão do mundo espírita e apegado a velhas ideias religiosas;
- Frutos da opinião do próprio médium.
Em qualquer do caso, a suposta psicografia deve ser sempre analisada por outras pessoas, conhecedoras do Espiritismo, e apenas colocadas a público quando verificadas importantes e racionais para o interesse geral.
O Grupo de Estudos O Legado de Allan Kardec repudia esse tipo de ato inconsequente, que a cada dia mais afasta do Espiritismo aqueles que, julgando pelo que veem reproduzido pelo Movimento Espírita, ausente dos estudos, não se conformam com tais disparates e com a ausência da razão e da caridade na Doutrina que diz primar por esses dois princípios fundamentais.