A morte do filho de Cristiano Ronaldo: reflexões

Morreu, durante o parto, um dos bebês que a esposa de Cristiano Ronaldo estava esperando. Mais uma situação oportuna não somente para analisar friamente, mas para levar, ao mundo, a visão filosófica da Doutrina que abraçamos.

Em primeiro lugar, é necessário afastar os absurdos. Há quem diga que isso se deu por conta da ação do “carma”, que, já sabemos, não existe. Então, como pode Deus permitir tal desgraça a uma alma que sequer deu os primeiros passos na escola da Terra?

De um lado, há a opinião do materialismo: não há Deus, não há Espírito, não há vida após a morte; há apenas a carne, e nós somos seres que vivemos do pó ao pó. Não cabe, aqui, uma digressão filosófica nesse sentido, já que essa visão está totalmente afastada de nossas ideias. Cabe apenas questionar: se assim fosse, seríamos meras máquinas, para as quais o bem e o mal nada representam, e onde o pior dos assassinos poderia ser igualado com o melhor dos humanitários. O bem, na verdade, não seria nada mais que uma ilusão e a vida na Terra não valeria absolutamente para nada.

Nos encontrando na linha daqueles que reconhecem a existência de Deus e da continuidade da vida após a morte, precisamos fazer uma distinção entre aqueles que pressupõem na reencarnação a explicação para tudo e aqueles que creem que a alma seja criada no instante do nascimento ou da fecundação. Na última hipótese, a criança que morre antes de seus primeiros passos seria muito sortuda, pois, não tendo feito bem nem mal, não pôde errar, ao passo que aquele que viveu até a velhice, tendo quase sempre cometido vários erros, talvez não tenha encontrado tempo para corrigi-los quando ainda vivo. Perguntamos que Deus seria esse que não daria mais chances ao indivíduo arrependido.

Não, nossas posições não se enquadram entre nenhuma dessas anteriores, senão naquela da doutrina da reencarnação, única na qual encontra razão e lógica que explique a tudo de forma clara e sensata. Então, diremos: o indivíduo que morre ainda enquanto criança é um Espírito, que apenas desfrutaria de mais uma encarnação com vistas a evoluir. Não tendo vingado o bebê, nascerá novamente em outras condições, continuando sua jornada evolutiva. Não há, para ele, nem vantagem nem desvantagem.

Resta saber se sua morte tem algo de útil ou mesmo de necessário. Em O Livro dos Espíritos, constam as seguintes perguntas e respostas:

345. É definitiva a união do Espírito com o corpo desde o momento da concepção? Durante esta primeira fase, poderia o Espírito renunciar a habitar o corpo que lhe está destinado?

“É definitiva a união, no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que está designado para aquele corpo. Mas como os laços que ao corpo o prendem são ainda muito fracos, facilmente se rompem. Podem romper-se por vontade do Espírito, se este recua diante da prova que escolheu. Em tal caso, porém, a criança não vinga.”

346. Que faz o Espírito se o corpo que ele escolheu morre antes de se verificar o nascimento?

“Escolhe outro.”

a) – Qual a utilidade dessas mortes prematuras?

“Dão-lhes causa, as mais das vezes, as imperfeições da matéria.”

347. Que utilidade encontrará um Espírito na sua encarnação em um corpo que morre poucos dias depois de nascido?

“O ser não tem então consciência plena da sua existência; a importância da morte é quase nenhuma. Frequentemente é, como já dissemos, uma prova para os pais.”

É muito claro: estamos encarnados e, portanto, estamos sujeitos às leis da matéria. Ao mesmo tempo, a morte prematura é uma prova (e não um castigo, em nenhuma hipótese) para os pais, que podem adquirir uma experiência muito importante ao passar por essa experiência.